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O empresário Mauro Costa de Abreu convive há 14 anos com as limitações causadas pela esclerose múltipla, uma doença que atinge o sistema nervoso central e faz com que coisas simples do cotidiano, como caminhar, se tornem bem mais difíceis. “Para que eu aguente ficar em pé são uns dez minutos, é complicado. Se eu estiver com a perna apoiada, até consigo. Se não, eu tenho que sentar. Eu não sinto dor nenhuma o meu problema é locomoção”, explica.
Mas para que Mauro caminhe com um pouco mais de facilidade, ele precisa tomar um medicamento de uso contínuo, que ajuda a prevenir que a doença avance. A caixa com o medicamento Fingolimode, que dura um mês, é distribuída pela farmácia de alto custo de Botucatu (SP). Só que há três meses o medicamento está em falta. “Eu quero viver cada segundo da minha vida. Por isso eu dependo desse medicamento”, comenta Mauro.
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Outra paciente que está na mesma situação é a enfermeira Ruth Louzada de Albuquerque. A cada dia ela está com mais dificuldades de caminhar. “Eles falam que ligam para a farmácia e que nunca há o remédio. Também pedem que a gente vá até Bauru, onde também não tem. Eu estou entrando em surto novamente e o remédio faz muita falta para nós que fazemos uso diário dele”.
Além dos movimentos, a esclerose múltipla pode prejudicar a visão, a fala e audição. Fernando Coronetti é neurologista e explica que a doença não tem cura, apenas tratamento. “O paciente consegue o controle de 80% das atividades com o medicamento. É um remédio de uso contínuo e é claro que se o paciente parar de tomar pode causar uma regressão ou um surto da esclerose”, explica.
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Em Botucatu, são cerca de 60 pacientes que não estão conseguindo retirar o medicamento. Se for comprada, a caixa com 28 comprimidos pode custar até R$ 8 mil. A dona de casa, Rose Bozzoni toma o medicamento há quatro anos. A última caixa do remédio para esclerose múltipla que ela tem em casa, nem foi o governo que concedeu, essa é uma amostra grátis que a ela conseguiu em um consultório. “Quando essa caixa acabar, eu não sei o que fazer. Eu estava sem o remédio deste do dia 1° de fevereiro. Eu ligo lá várias vezes e não veio o até agora”.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que a entrega do medicamento depende do Ministério da Saúde e que o atraso já chega a mais de dois meses. O Ministério da Saúde, por sua vez, esclareceu que o medicamento Fingolimode é enviado para os estados a cada três meses. E que a compra do primeiro trimestre já foi concluída e a entrega está sendo feita a partir desta quarta-feira.