25 de novembro, 2024

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Botucatu: Professora é vítima de ataques racistas em grupo de WhatsApp: “raça nojenta”

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A enfermeira aposentada da Unesp de Botucatu e professora de um curso técnico de enfermagem na cidade, Luzia Aparecida Martins da Silva, de 56 anos, e o coordenador do mesmo curso, José Carlos Camargo, de 53 anos, registraram um boletim de ocorrência por injúria racial nesta terça-feira (6).

Os dois sofreram ofensas racistas de uma aluna que estava descontente com as aulas e enviou mensagens de áudio em um grupo do WhatsApp mantido por estudantes.

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Segundo Luzia, os áudios foram revelados no dia 1º de março, quando José Carlos recebeu uma mensagem de outra aluna contando o ocorrido e dizendo que se sentia indignada com o que havia ouvido, não só pelo teor absurdo das ofensas, mas por ela também ser negra.

Ao ouvir os áudios, José relata que a aluna que fez as ofensas diz que “dar poder a negro dá nisso”, se referindo à postura da professora em sala de aula, e xinga a docente e o coordenador usando as palavras “raça nojenta”.

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A aluna que gravou os áudios havia feito uma reclamação ao coordenador no dia anterior sobre os métodos de ensino utilizados por Luzia nas aulas online e alegou que a professora destinava um tratamento diferente entre os alunos que já estavam matriculados na turma e os que estavam chegando no curso, segundo José Carlos.

Foi então que o coordenador combinou com a aluna de fazer uma reunião no dia seguinte, 1º de março, para conversar com a professora e também com todos os outros alunos durante o horário da aula no período da manhã.

Durante a reunião, ele conta que percebeu que a situação se tratava, na verdade, da dificuldade da aluna de acompanhar o ensino remoto e disse aos alunos que era preciso se adaptar as circunstâncias apesar dos obstáculos do ensino virtual, eles fariam o possível para viabilizar o bom andamento das atividades do curso com o intuito de buscar uma solicitação pacífica para o conflito.

“Percebi que o problema em si não era a metodologia e nem nada, era especificamente a dificuldade que essa aluna tinha de estar aprendendo por ser o modo remoto e eu expliquei que no momento da pandemia era a única forma de dar continuidade a esse curso. E que, infelizmente, não tinha outro jeito e eles precisavam se adequar a essa nova realidade que o Brasil e o mundo está passando e a professora deixou bem claro que estava aberta a críticas e a mudanças.”

A reunião foi encerrada e tudo parecia ter sido resolvido, já que nenhum aluno teve dúvidas ou se manifestou. No entanto, a aluna que havia feito a queixa enviou mensagens ao grupo de WhatsApp com outras alunas discordando da postura do coordenador utilizando ofensas racistas para se referir a postura dele e da professora.

“Eu fiquei muito incomodado e muito chateado, ela ofendia a mim diretamente e a professora também por nós sermos negros, estarmos lecionando e termos uma posição de destaque. Fiquei extremamente magoado, não só eu como a minha família, principalmente minha filha que tem a mim como exemplo e está estudando para lecionar e ser uma futura profissional da saúde. A gente acha que isso não pode parar por aí. Como alguém que está estudando para ser uma profissional de saúde faz uma discriminação dessa?”, explica o coordenador.

A professora conta que também tentou fazer a denúncia para a instituição onde o curso é realizado, mas eles disseram que como o caso não ocorreu durante as aulas, eles não poderiam intervir.

“Isso aconteceu na quinta-feira, dia 1º, e você não tem noção de como eu passei o fim de semana. Se a outra aluna não estivesse nos reportado sobre esse grupo paralelo nunca saberíamos o que aconteceu. Foi uma confusão causada por nada. Eles disseram que como o caso ocorreu fora da escola, eles não poderiam tomar nenhuma medida ou punir a aluna.”

O caso foi registrado como injúria racial e está sendo investigado pela Polícia Civil, que informou que as partes devem ser intimadas nos próximos dias para prestar esclarecimentos.

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