Anúncios
As urnas das eleições presidenciais que devem dar a Daniel Ortega o quarto mandato como presidente da Nicarágua foram fechadas na noite deste domingo (7), após um pleito duramente criticado pela comunidade internacional — praticamente todos os candidatos da oposição foram presos ou impedidos de concorrer.
Logo depois do fechamento das urnas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elevou o tom contra o regime autoritário em Nicarágua e disse que a votação foi uma “farsa”: “Nem livre nem justa, e quase certamente não foi democrática”, escreveu.
Anúncios
“A prisão arbitrária de quase 40 opositores desde maio — incluindo sete possíveis presidenciáveis — e o impedimento da participação de partidos políticos manipularam o resultado muito antes do dia da eleição”, disse Biden, em nota.
Os Estados Unidos exercem forte pressão contra a Nicarágua, principalmente depois que Ortega endureceu o regime em 2018 — quando centenas morreram na repressão aos protestos contra o governo.
Ortega e a vice-presidente, Rosario Murillo — que é também esposa do presidente — devem conseguir sem dificuldades se reeleger, indicam projeções da mídia nicaraguense. O resultado não estava oficialmente confirmado até as 22h (de Brasília) deste domingo.
Anúncios
O atual presidente enfrentou cinco candidatos desconhecidos e acusados de colaborar com o governo, após a detenção de sete pré-candidatos em uma ofensiva que levou dezenas de políticos, empresários, agricultores, estudantes e jornalistas para a prisão, desde maio.
Uma pesquisa do instituto Cid-Gallup mostra que 65% votariam em um opositor e 19% em Ortega. Porém, o instituto pró-governo M&R afirma que 70% votarão no atual presidente e 11,2% nos candidatos desconhecidos.
Opositores presos ou em exílio
A favorita para ser eleita era Cristiana Chamorro, filha da ex-presidente Violeta Barrios (1990-1997) e que está em prisão domiciliar.
Os detidos são acusados de atentar contra a soberania e promover sanções contra a Nicarágua, “traição à pátria” ou “lavagem de dinheiro”, com base em leis aprovadas em 2020 pelo Congresso, sob controle governista, assim como o Poder Judiciário e as autoridades eleitorais.
Para Ortega, os mais de 150 opositores detidos desde 2018 não são políticos, e, sim, “criminosos” e “golpistas” patrocinados por Washington.
Mais de 100 mil nicaraguenses partiram para o exílio, sobretudo Estados Unidos e Costa Rica, durante a crise política.
Assim, o governo de Ortega rejeitou a observação internacional de organismos como Organização dos Estados Americanos (OEA) e União Europeia.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou na terça-feira que as eleições não serão legítimas porque Ortega prendeu todos os outros candidatos.
“O senhor Ortega se preocupou em prender todos os candidatos políticos que se apresentaram a essas eleições e não podemos esperar que este processo chegue a um resultado que possamos considerar legítimo, e sim o contrário”, declarou Borrell.
Fonte: Yahoo!