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O Talibã permitirá que as mulheres estudem na universidade, desde que o façam separadamente dos homens, confirmou, neste domingo (12), o ministro do Ensino Superior do novo regime afegão.
“Nossos combatentes assumiram suas responsabilidades” ao reconquistar o poder, disse o ministro Abdul Baqui Haqqani, em um coletiva de imprensa na capital do Afeganistão, Cabul, na qual destacou a importância do sistema universitário.
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O Ocidente acusa o regime Talibã de querer negligenciar a educação.
“A partir de agora, a responsabilidade pela reconstrução do país cabe às universidades. E estamos esperançosos, porque o número de universidades aumentou consideravelmente”, em comparação com a época do primeiro regime talibã (1996-2001), disse ele.
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![Abdul Baqi Haqqani, ministro de Ensino Superior do novo governo do Talibã, fala em uma conferência de imprensa, em Cabul — Foto: Aarmi Qureshi/AFP](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/56WQXAbJ4wVjED_Z89UQt9WchD8=/0x0:5609x3739/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/1/c/ISTMBlRaOLXgeev3jN4g/000-9mn9rk.jpg?quality=70&f=auto)
“Isso nos deixa otimistas para o futuro, para construir um Afeganistão próspero e autônomo. Devemos fazer bom uso dessas universidades”, acrescentou o ministro.
Classes mistas proibidas
Ele também confirmou que o governo vai proibir as aulas mistas nas universidades, que eram permitidas pelo governo anterior – deposto em meados de agosto.
“Isso não representa nenhum problema para nós. São muçulmanos e vão aceitar isso. Decidimos separar (homens e mulheres) porque as classes mistas são contrárias aos princípios do Islã e às nossas tradições”, afirmou o ministro.
Segundo ele, a educação mista foi imposta pelo governo pró-Ocidente dos últimos 20 anos, apesar do fato das universidades solicitarem aulas separadas para mulheres e homens.
O novo governo Talibã anunciou na semana passada que permitiria que as mulheres estudassem na universidade, sob condições estritas: usar véu completo e em aulas separadas dos homens ou divididas por uma cortina se houver poucas meninas.
![Durante ato pró-talibã, em frente à Universidade Shaheed Rabbani, em Cabul, mulheres seguram cartazes e faixas – "nós não queremos coeducação", diz um deles. — Foto: Aamir Qureshi](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/idE0wB48_0DqombowscHbJwyHA8=/0x0:5220x3480/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/e/U/KjNQl2QSaLaTmnwBiSog/000-9mm2ux.jpg?quality=70&f=auto)
O anúncio preocupa algumas universidades, que afirmam não ter meios materiais e financeiros para se adequar à separação por sexo e que isso pode estimular os alunos (frequentadores de turmas mistas) a deixar o país para estudar no exterior.
Também preocupa a Unesco, que estimou na sexta-feira (10) que o “imenso” progresso feito desde 2001 na educação no Afeganistão está em “perigo” com os talibãs e alertou para os riscos de uma “catástrofe geracional” que poderia afetar o desenvolvimento do país “por anos”.
No sábado, porém, centenas de afegãs vestidas com o véu integral manifestaram apoio ao Talibã em uma universidade de Cabul.
Durante os anos em que esteve no poder (1996-2001), o Talibã suprimiu os direitos das mulheres afegãs e restringiu suas liberdades mais simples, como estudar, trabalhar ou sair sozinhas.
Os afegãos e a comunidade internacional esperam para ver como o novo governo definirá os padrões que afetarão as mulheres e sua vida em sociedade.
A sharia, lei islâmica, foi aplicada com muito rigor entre 1996 e 2001.
Segundo os fundamentalistas islâmicos, agora as mulheres também poderão trabalhar, mas respeitando os “princípios do Islã”, algo que pode ser interpretado de várias maneiras.
Fonte: Yahoo!