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A capital haitiana de Porto Príncipe continua em uma espiral de violência desencadeada por gangues armadas. Os Estados Unidos anunciaram neste domingo (10) a retirada de parte dos funcionários de sua embaixada e o reforço da segurança.
Os hospitais estão sob ataque, há escassez de alimentos e a deterioração da infraestruturas lebou a cidade a uma situação humanitária cada vez mais precária. O sábado (9) foi marcado por novos confrontos entre a polícia e gangues.
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Em um comunicado, o Comando Sul do Departamento de Defesa americano afirma que “o transporte aéreo de pessoal de e para a Embaixada é consistente com a nossa prática padrão do aumento de segurança”.
A embaixada dos EUA publicou na rede social X (Twitter) que “o aumento da violência das gangues nas proximidades da embaixada e do aeroporto levaram o Departamento de Estado a tomar medidas para permitir a saída de funcionários adicionais” da sede diplomática.
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EUA e Quênia conversam sobre o Haiti
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, e o presidente do Quênia, William Ruto, tiveram uma conversa sobre a crise atual e “enfatizaram seu compromisso inabalável com o envio de uma missão multinacional de apoio à segurança” destinada a “criar as condições de segurança necessárias para a realização de eleições livres e justas”, segundo um porta-voz do Departamento de Estado no sábado.
População confinada
Diante da violência, dezenas de moradores ocuparam no sábado um escritório da administração pública em Porto Príncipe, na esperança de encontrar abrigo.
Na sexta-feira, homens armados atacaram o palácio presidencial e a delegacia de Porto Príncipe, segundo o coordenador geral do sindicato da polícia haitiana. Vários agressores foram mortos, de acordo com a mesma fonte.
Por outro lado, cinco pessoas sequestradas em fevereiro em Porto Príncipe, incluindo quatro missionários, foram libertadas, anunciou neste domingo sua congregação católica, pedindo a libertação de outros dois religiosos detidos.
Philippe Branchat, chefe da Organização Internacional para as Migrações (OIM), disse que os moradores da capital vivem confinados, não têm para onde ir. Trata-se de uma “cidade em estado de sítio”, e as pessoas que tentam fugir não conseguem se comunicar com familiares e amigos por causa das gangues.
Segundo a OIM, 362 mil pessoas -das quais mais da metade é menor de idade- tiveram que se deslocar de suas casas no Haiti, um número que aumentou 15% desde o início do ano.
As facções controlam grandes áreas da capital e as estradas de acesso que levam ao resto do território. As gangues atacam há vários dias delegacias, tribunais e prisões.
Estes grupos e uma parte da população exigem a renúncia do primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, que, segundo últimos relatos, está em Porto Rico. Ele deveria deixar o cargo em fevereiro, mas fez um acordo para compartilhar o poder com a oposição até a realização de novas eleições.
O Conselho de Segurança da ONU deu o aval em outubro a uma missão policial multinacional liderada pelo Quênia, mas esse desdobramento ficou estagnado nos tribunais quenianos.
Bukele fala sobre o Haiti
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ofereceu-se no domingo para “resolver” a crise de insegurança no Haiti, embora não tenha especificado de que forma.
“Podemos resolver isso. Mas precisaremos de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, do consentimento do país anfitrião e da cobertura de todos os custos da missão”, escreveu Bukele nas redes sociais.
Riscos
O governo decretou estado de emergência em parte do território do país (inclusive em Porto Príncipe), e um toque de recolher noturno.
Diante da explosão de violência, a Comunidade do Caribe (Caricom) convocou representantes dos EUA, França, Canadá e da ONU para uma reunião na segunda-feira na Jamaica.
A assistência médica está seriamente comprometida, com “hospitais atacados por gangues e que tiveram que evacuar o pessoal médico e os pacientes, incluindo recém-nascidos”, segundo a OIM.
A ONG Mercy Corps alertou para os riscos de fornecimento de alimentos no país mais pobre das Américas.
“Com o fechamento do aeroporto internacional, a pequena ajuda que o Haiti está recebendo atualmente pode não chegar mais”, alertou a organização na quinta-feira. E “se não houver acesso a esses contêineres, o Haiti em breve passará fome”.
Se a paralisia em Porto Príncipe continuar nas próximas semanas, “cerca de 3.000 mulheres grávidas correm o risco de não poder acessar os cuidados de saúde essenciais”, afirmaram representantes da ONU na semana passada.
Fonte: G1