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A região metropolitana de Santiago e outras cidades no Chile terão toque de recolher na noite desta quarta-feira (23), em mais um dia de protestos pelo país. O número de mortos por causa dos distúrbios chegou a 18, informaram autoridades nesta manhã.
As manifestações continuaram por todo o Chile nesta quarta, mesmo com o anúncio de um pacote de medidas proposto pelo presidente Sebastián Piñera – que incluem aumento em aposentadorias e majoração nos impostos a pessoas com altos salários.
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Os jornais chilenos “El Mercurio” e “La Tercera” destacam que a maioria das manifestações ocorre de maneira pacífica, com panelaços e manifestantes com bandeiras nacionais. Artistas de rua também fizeram apresentações.
Porém, mais uma vez, houve confrontos entre manifestantes e forças de ordem. Alguns dos ativistas fizeram barricadas e atiraram pedras, enquanto policiais dispersaram protestos com jatos d’água e bombas de efeito moral.
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O Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) do Chile enviou ao governo uma carta em que externa preocupação com supostas violações aos direitos dos manifestantes. Alguns ativistas relataram tortura ou detenções ilegais, o que o Ministério Público chileno, até agora, rechaçou.
Forças Armadas convocarão reserva
O ministro do Interior, Andrés Chadwick, afirmou que as Forças Armadas convocarão militares da ativa e da reserva para prestar serviços para atuarem no Estado de Emergência, informou a imprensa chilena.
Um porta-voz da Defesa esclareceu à agência France Presse que os convocados não serão utilizados para patrulhar as ruas, apenas para trabalhos administrativos.
Mortes e prisões
O número de mortos em conflitos no Chile chegou a 18, informou nesta quarta-feira o subsecretário do Interior, Rodrigo Ubilla. Na véspera, eram 15 mortos.
Ainda de acordo com as autoridades chilenas, 979 pessoas foram detidas por violência, e 592 outras por não respeitar o toque de recolher.
Entre as vítimas, há um menino de 4 anos, morto por um motorista alcoolizado que atropelou os manifestantes. Além dele, um homem morreu pelo atropelamento. A outra morte confirmada pelas autoridades nesta quarta é de uma pessoa que levou golpes de policiais.
Serviços paralisados
Além do toque de recolher, diversos serviços no Chile estão sem funcionar ou operam em horário reduzido. A maioria dos shoppings do país permaneceu fechada nesta quarta-feira, segundo o jornal “El Mercurio”.
Supermercados também funcionam em regime diferenciado, o que levou centenas de chilenos a adiantarem as compras com receio de um maior fechamento ou mesmo de não conseguir abastecer as casas a tempo do toque de recolher.
Em Santiago, o metrô voltou a funcionar parcialmente nas linhas 3 e 6 – a Linha 1 chegou a abrir nos últimos dias. Algumas estações, porém, permanecem fechadas.
Ao todo, 12 das 16 regiões do Chile estão sob toque de recolher – em alguns casos, restritos a algumas cidades dentro dessas subdivisões. Na região metropolitana de Santiago, a medida vale entre as 22h e as 4h (horários locais).
Chilenos protestam no Brasil e no mundo
Houve protestos da comunidade chilena em outras partes do mundo, incluindo no Brasil. No Rio de Janeiro, um grupo de manifestantes protestou em frente ao consulado do Chile, na Praia do Flamengo. Também houve um ato na Avenida Paulista, em São Paulo.
Pelo mundo, manifestantes organizaram protestos em cidades como Barcelona, na Espanha – cidade que já passa por manifestações de separatistas da Catalunha.
Piñera anuncia medidas
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, pediu desculpas na noite de terça-feira (22) pelo que chamou de “falta de visão” e anunciou uma série de medidas sociais.
“Reconheço essa falta de visão e peço desculpas aos meus compatriotas”, disse o presidente.
“Diante das necessidades legítimas e das demandas sociais dos cidadãos, recebemos com humildade e clareza a mensagem que os chilenos nos deram”, acrescentou.
Veja em resumo as principais medidas anunciadas:
- Aumento de até 20% nas aposentadorias de alguns grupos
- Criação de seguro contra catástrofes, caso os gastos de saúde superem o teto – medida a ser apreciada pelo Congresso
- Estabilização das tarifas de eletricidade, com anulação do recente aumento de 9,2%
- Ajuda mínima de 350 mil pesos chilenos mensais (cerca de R$ 1,97 mil) para trabalhadores com jornada completa que tenham salário inferior a esse valor
- Aumento nos impostos a pessoas com renda superior a 8 milhões de pesos chilenos (cerca de R$ 44 mil)
- Redução nos salários de parlamentares e funcionários da administração pública
- Redução no número de parlamentares e limite ao número de reeleições
Fonte: G1