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Lucas Pratto chegou ao São Paulo sob anuência de Rogério Ceni, ganhou a braçadeira de capitão daquele que mais exerceu o posto no Tricolor, mas, apesar de toda a confiança e responsabilidade, não conseguiu evitar, junto aos seus companheiros, a demissão do ex-goleiro e ídolo são-paulino. Quase dois meses após a interrupção do trabalho, o argentino deixou claro que não concordou com a atitude da diretoria, mas explicou o motivo pelo qual entende que Rogério Ceni fora demitido.
“Eu gostava da proposta do Rogério, 4-3-3, 3-5-2, ele gostava muito, assim que foi campeão do mundo, mas quando você perde jogos importantes, fomos eliminados em duas competições, depois disso os jogadores ficaram com desconfiança de tudo. Quando você não consegue chegar ao jogador, por mais que tenha…. Quando perdemos jogos importantes, perdemos a confiança própria. Nós não conseguimos recuperar e o Rogério não conseguiu recuperar emocionalmente os jogadores”, contou Lucas Pratto em entrevista à Espn, sem esconder sua tristeza pela forma como tudo aconteceu.
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“Depois daí (vitória sobre o Palmeiras), o time caiu muito de rendimento e falo que se não fosse o Rogério, o treinador já teria caído antes. O time não conseguiu manter o nome dele limpo, porque a história que ele tem no clube acabou sendo manchada um pouquinho, e eu ser um responsável… Mas a diretoria achou que era o momento, talvez para dar um choque no grupo. Você não pode demitir 30 jogadores, é mais fácil demitir o comandante. Eu não concordei, passaram coisas no clube que eu já conversei que não gostei, mas eles fizeram”, completou.
Nesse momento, as críticas ao trabalho da gestão do presidente Leco foram mais incisivos, principalmente por causa do alto número de jogadores vendidos durante a disputa do Campeonato Brasileiro.
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“É a primeira vez. Mesmo no Atlético (seu ex-clube), se foram muitos jogadores, mas não com o torneio em andamento. Quando o jogador não está jogando muito você compreende, mas titular, que está jogando, você vê que vai embora no meio do torneio, é difícil, porque, a gente contratou, sim, mas… Por exemplo: eu não consegui fazer a jogada com Petros que eu fazia com Thiago Mendes, porque já conhecia como o Thiago se movimentava e eles são diferentes”, explicou o argentino, que chegou a falar em nome do grupo com os dirigentes tricolores.
“Sim, às vezes o Rodrigo Caio e o Petros também. Às vezes o que quer o clube não é o que quer o jogador. Às vezes para diretoria também é difícil, jogador que quer ficar, jogador que quer sair”, contemporizou.
Dois centroavantes
Lucas Pratto deixou o Atlético-MG quando vivia momentos de incerteza no clube. A chegada de Fred e Robinho acabaram tirando um pouco do espaço do argentino, que preferiu se transferir para o São Paulo. Hoje, Pratto não corre tanto risco de perder a posição, mesmo diante da seca de gols que já perdura sete jogos. Pelo contrário: deixou claro que gostaria de atuar ao lado de outro jogador com características parecidas com as suas. E esse seria Gilberto, atleta que já manifestou seu desejo de sair do clube também pela falta de espaço.
“Eu escalaria. Eu gosto muito do Gilberto, tenho um bom relacionamento com ele, ele sabe o que eu penso dele. Eu acho que o time pode jogar com os dois juntos, até porque nós dois temos certa mobilidade”, disse Pratto na entrevista o que nunca disse para Dorival Júnior. “Nunca fui de fazer isso (falar sobre isso com o treinador). Mas, ganhamos do Vasco, contra o Grêmio quase ganhamos, Cruzeiro de virada… Jogamos juntos nesses jogos. Acho que não é problema”, insistiu.
Jogadores na balada
Aos 29 anos, Lucas Pratto parece um veterano falando sobre futebol e, principalmente, sobre comportamento adequado para um jogador. Diante da situação incômoda que vive o São Paulo, hoje na vice-lanterna do Campeonato Brasileiro, o centroavante tem procurado se preservar, e não faz isso pensando apenas em si. Sem citar nomes, o argentino certamente cutucou alguns atletas do próprio grupo, apesar de ter falado em sentido generalizado, sobre o momento impróprio para curtir a vida noturna em lugares públicos.
“Eu falo sempre com os meninos. Já tive conversas, não só no São Paulo: ‘Cara, se você perde um jogo, não precisa ir para a balada hoje. Espera a próxima semana, você vai ter outro dia. Ganha o jogo, vai para a balada, tem o dia de descanso, faz o que você quiser. Mas respeita o momento. Respeita seu companheiro. Tem companheiro que volta triste para casa, com a família. Tem companheiros que são torcedores do time. Então, primeiro respeita seu companheiro, depois respeita o treinador, depois respeita o clube que você está, e aí a torcida”, ressaltou Pratto, reconhecido por se doar em campo.
“Não é só a torcida, o clube, são os companheiros que trabalham todos os dias com você, que sofrem com você, que sabem o que você pode dar’. Não é fácil. E no mundo moderno, com os telefones, as redes sociais, está tudo ao alcance das mãos. Então a gente fala com as pessoas do clube. Hoje o futebol está muito profissionalizado, então os meninos têm que saber que eles têm ajuda de todos os lados para eles não fazerem algumas coisas que não têm que fazer”, completou.
Bronca no vestiário
Em maio, o São Paulo sofreu um dos maiores vexames de sua história ao ser eliminado em pleno Morumbi pelo modesto Defensa y Justicia, da Argentina. Naquela noite, Lucas Pratto, então capitão da equipe, abriu uma exceção no seu estilo introvertido e falou grosso com o grupo ainda dentro do vestiário.
“Tento antes dos jogos não falar muito, não sou um jogador que fala constantemente, tem uns que falam, outros que não, respeito todo mundo. Gosto de falar quando é necessário. Por exemplo: depois do jogo contra o Defensa y Justicia eu cheguei muito bravo no vestiário e falei, porque a gente estava escutando eles (jogadores do Defensa) comemorando: ‘A gente pode perder, ganhar, ficar fora de uma eliminatória, mas jogar como a gente jogou, assim não. Que seja a última vez que venha um time aqui e eu tenha que escutar outro time comemorando’”, revelou Pratto.
“Depois teve jogo que perdemos, mas a gente deu tudo. Ganhar ou não é outra coisa”, justificou.
Rebaixamento
Sobre o temor do rebaixamento que aflige praticamente todo torcedor do São Paulo, Lucas Pratto foi enfático ao ser questionado se o time cairia para a Série B. “Não. Assino!”.
“A gente está em um momento ruim e depois tem um pouco de desestabilização, o clube mandou embora alguns jogadores, mandou embora o treinador, agora chegaram jogadores muito importantes, a ideia do treinador também é muito boa, temos jogos para mostrar que o São Paulo vai se levantar”, encerrou.
Fonte: Yahoo!