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Postos de combustíveis de Porto Iguaçu, na Argentina, estão limitando a quantidade de abastecimento nas bombas, nesta quinta-feira (4), para estrangeiros. A medida foi adotada após muitos brasileiros começarem a cruzar a fronteira, pela Ponte Tancredo Neves, por Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
Segundo os consumidores, o abastecimento no país vizinho é atrativo porque a gasolina tem sido encontrada pela metade do preço praticado no Brasil.
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Com a alta demanda de brasileiros e paraguaios, alguns postos ficaram desabastecidos no município.
Por isso, a Argentina estabeleceu a cota de 15 litros de combustível para veículos estrangeiros que abastecem em Porto Iguaçu, cidade com cerca de 80 mil habitantes.
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“Estamos tentando aumentar a produção, mas lamentavelmente temos uma cota de abastecimento. Ou seja, não nos permitem mais do que uma certa quantidade de combustível, porque o preço está muito baixo, e o barril do petróleo subiu para 80 dólares e aqui mantemos a 60 dólares”, explicou o representante da Câmara de Combustíveis de Missiones, Faruk Jalaf.
Para organizar melhor o atendimento na cidade argentina, os postos também têm feito filas exclusivas para moradores e estrangeiros.
Preço atrativo
Em alguns dos postos procurados pelos brasileiros, o litro da gasolina super, que corresponde à aditivada no Brasil, tem custado em média o equivalente a R$ 3,20 nesta quinta.
Em compensação, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em Foz do Iguaçu, o preço médio do litro da gasolina está em R$ 6,27.
“Vale a pena. A gasolina do Brasil está muito cara, está R$ 6,30. Compensa vir na Argentina, está metade do preço”, explicou o motorista Jhonatan de Oliveira.
Entretanto, cruzar a fronteira não é tarefa simples. Uma determinação da Polícia Federal (PF) exige que os brasileiros registrem a saída do país.
Na aduana argentina são cobrados documentos pessoais, comprovação de vacinação completa há pelo menos 14 dias e um teste negativo de Covid 19 para quem vai além da cidade de Porto Iguaçu.
Conforme os motoristas, a espera nas filas do posto e da aduana pode passar de quatro horas. Mesmo assim, esse é um tempo que muitos brasileiros não se importam de esperar.
“Para quem quem precisa compensa, né? Quem gasta muito, né? Eu gasto um, dois, três tanques e meio por mês”, disse o motorista Marcos Gomes.
Combustível nos dois países
No Brasil, a gasolina acumula alta de 73,4% em 2021. Foram onze aumentos de janeiro até agora.
Segundo o professor de engenharia de energia Ricardo Hartmann, o Brasil e a Argentina têm políticas diferentes de preços.
Enquanto a Petrobras mantém os valores alinhados ao mercado internacional, o governo argentino não repassa todos os aumentos ao consumidor.
“Existem mecanismos adotados pelo governo para tentar amortecer essa flutuação do mercado internacional. Todo mundo sabe que o petróleo varia no mercado internacional, ele é muito volátil.”
O professor destacou ainda o uso de veículos movidos sem gasolina no país vizinho.
“A Argentina também tem uma questão peculiar, que grande parte dos veículos, principalmente na grande Buenos Aires e Rosário, onde tem a maior parte da população, os veículos são movidos a gás natural. A argentina tem gás natural, então eles são autossuficientes. O mercado da argentina é um pouco diferente, ele não sofre tanto as oscilações internacionais.”
Conforme o professor, a composição da gasolina que chega ao consumidor também é diferente nos dois países.
“No caso da Argentina, é composta de 78% de gasolina que vem da refinaria, 12% de etanol e 10% de MTBE, que é um composto oxigenado, que é utilizado também como como antidetonante”, explicou o professor.
Entretanto, esse aditivo que ajuda a economizar a curto prazo, pode dar prejuízo financeiro com o passar do tempo.
“Quando você abastece o seu veículo com uma gasolina advinda da Argentina, que tem uma composição diferente desta feita com mapeamento do Brasil, o motor vai funcionar naquele instante, mas em longo prazo você pode ter prejuízo porque a injeção eletrônica começa a não entender o que está acontecendo. Ela tenta atuar, mas não está preparada para aquele combustível. Então, a longo prazo, o motor pode sofrer danos de maior ou menor grau dependendo do tipo de motor, inclusive do catalisador que ajuda a diminuir os poluentes.”
Abastecimento no Paraguai
Ainda na fronteira com Foz do Iguaçu, pela Ponte Internacional da Amizade, muitos brasileiros também abastecem em Cidade do Leste, no Paraguai.
Em um dos postos paraguaios, conforme a gerencia do local, a maior parte da clientela é brasileira.
No local, o litro da gasolina sai o equivalente a R$ 5,33, o que resulta na economia de um real em relação ao vendido no Brasil.
“Vale a pena porque é um real. Se vai encher o tanque dá uma diferença boa”, disse o vendedor Dirceu Boneti.
Fonte: G1 – Foto: Zito Terres/RPC