26 abril, 2024

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Por que temos medo dos palhaços?

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Em novembro de 2014 vários cidadãos da França e da costa californiana nos Estados Unidos se disfarçaram de palhaços e espalharam o pânico em diferentes cidades. A brincadeira acabou mal para alguns deles, que foram espancados para que “aprendessem uma lição”.

Há alguns dias eventos semelhantes ocorreram novamente nos Estados Unidos. Houve denúncias em vários estados a respeito da presença de palhaços supostamente atacando crianças repentinamente. Na Geórgia, a polícia está investigando uma ameaça divulgada na Internet que promete sequestrar alunos das escolas locais.

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O medo irracional dos palhaços, ou coulrofobia, está mais presente na atualidade do que imaginamos. Algumas personalidades, como Johhny Depp, reconhecem abertamente que sentem temor diante dos rostos excessivamente maquiados dos palhaços.

Reconheço que também já tive episódios pontuais em que senti esta fobia, e suponho que milhões de leitores de Stephen King também tenham passado por isso ao lerem a incrível obra de terror ‘It: A Coisa’. Será que este livro foi a origem do fenômeno? Tudo indica que não. Na verdade, acredito que o famoso escritor tenha aproveitado intencionalmente o medo que muitas pessoas sentem em relação aos palhaços para criar o personagem Pennywise.

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No Live Science, a jornalista Mindy Weisberger entrou em contato com Ben Raford, autor de um livro sobre a coulrofobia chamado “Bad Clowns” (“Palhaços Malvados”, em tradução livre), para repassar com ele alguns dos obscuros fatores históricos que parecem acompanhar esses palhaços, nem sempre tão engraçadas quanto pretendem ser.

A figura do bobo da corte é conhecida historicamente há milhares de anos. Eles estavam presentes nas cortes chinesas, egípcias e gregas, e também estiveram em todos os palácios reais da era medieval europeia. Protegido por seu status de brincalhão oficial, o bobo da corte podia fazer piadas a respeito de qualquer pessoa, inclusive do rei, sem que sua cabeça corresse perigo. Portanto, um bobo da corte era a única pessoa de todo o reino com permissão para falar abertamente sobre o número de concubinas do monarca, ou sobre o quão gordo ele estava.

Por outro lado, a figura moderna do palhaço como conhecemos hoje, aquela associada ao circo, composta por um homem de rosto pálido, cabelo de cor vibrante, nariz vermelho e sapatos incrivelmente grandes, é relativamente nova, já que surgiu no século XX. Para Radford, o excesso de maquiagem poderia estar por trás do surgimento da coulrofobia, já que ela esconde as verdadeiras expressões do palhaço.

Além disso, talvez a imprevisibilidade do comportamento dos palhaços (que podem encher uma bexiga para estourá-la repentinamente bem ao lado do seu ouvido, por exemplo), possa explicar parte da ansiedade e do medo que alguns sentem diante deles.

Também é fácil associar a figura do palhaço ao mundo sobrenatural. Afinal, poucas pessoas podem colocar 20 passageiros em um carro minúsculo, ou lançar jatos intermináveis de água ao apertar um botão em forma de flor. Não é difícil compreender por que as crianças, e até alguns adultos, podem conectar sua imagem à de um poder que vai além do que é humano.

Estas qualidades poderiam explicar o sucesso de alguns vilões como o Coringa, que apareceu pela primeira vez nas histórias em quadrinhos de Batman em 1940. Como vemos, Stephen King já sabia o que estava fazendo quando escreveu ‘It: A Coisa’.

Infelizmente nem tudo é ficção, e não devemos nos esquecer de algumas figuras reais que fizeram parte da história recente. O assassino e estuprador John Wayne Gacy, conhecido como “o palhaço assassino”, foi preso em 1980 por estuprar e assassinar pelo menos 33 meninos, muitos dos quais foram enterrados embaixo de sua própria casa.

É importante ressaltar que a coulrofobia pontual que podemos sofrer em algumas situações nem sempre é a norma. Existem também casos de coulrofobia clínica, tão sérios que podem fazer com que a pessoa que sofre com ela nunca chegue perto de festas de aniversário de colegas de seus filhos, já que em muitos países é comum contratar um palhaço para animar festas infantis.

É possível curar a coulrofobia? Com certeza. Como ocorre com qualquer outro tipo de fobia, os psicólogos podem empregar uma técnica chamada terapia de exposição, na qual o paciente vai aumentando de forma progressiva a sua exposição à causa de seu medo. O tratamento pode começar com fotos, e quando o paciente se sentir mais confortável com elas, pode dar um passo a mais e tocar objetos relacionados à roupa do personagem. Com um número suficiente de sessões, a pessoa pode conseguir acompanhar seu filho ao circo ou a uma festa de aniversário.

Lembre-se: não se sinta diferente se você tem medo de palhaços. O próprio Stephen King, um grande mestre do terror, reconheceu que fora do seu entorno regular, um palhaço também poderia ser capaz de assustá-lo.

Terminamos com uma pergunta: será que uma famosa rede de fast food reduziu a presença publicitária do palhaço que era sua marca registrada por causa da coulrofobia?

Fonte: Miguel Artime/Yahoo!

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