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A Polícia Civil de Bauru (SP) prendeu nesta sexta-feira (12) um homem que seria o responsável pelo esquema de preparar drogas e minicelulares para serem engolidos por presos que retornam para unidades prisionais da cidade com esses produtos no estômago, em uma atividade ilegal conhecida como “barrigueiros”.
Policiais da 2ª Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), com apoio de agentes dos Centros de Progressão Penitenciária (CPPs), cumpriram mandados de busca na casa do suspeito, onde encontraram cocaína e minicelulares já preparados e embalados.
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Segundo a polícia, a droga e os aparelhos já estavam embalados com fitas adesivas em um formato oval, com aproximadamente 4 centímetros de comprimento, que permite serem engolidos na tentativa de passar pela revista feita através de escâner corporal no retorno dos detentos.
O suspeito de coordenar o esquema criminoso para introduzir produtos ilícitos em presídios é um detento que cumpria pena no sistema semiaberto de Bauru. Ele foi preso em flagrante por tráfico de drogas e levado para a cadeia de Avaí, onde aguarda pela audiência de custódia.
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Mais de 100 casos no ano
Os presos do regime semiaberto podem deixar os estabelecimentos prisionais por até 35 dias por ano. Cada saída temporária não pode durar mais que sete dias, segundo a Lei de Execuções Penais. Também é possível autorização judicial para saídas temporárias específicas, como para trabalhar, por exemplo.
Aproveitando-se desse benefício, muitos presos têm se arriscado como “barrigueiros”, tentando levar drogas e minicelulares para as unidades em seu retorno. Quando eles não conseguem expelir os invólucros naturalmente, são levados a hospitais para a realização de procedimentos médicos, incluindo até cirurgias.
Casos extremos desse tipo, com necessidade de intervenção cirúrgica, têm se tornado mais comum neste ano. Também cresceu a quantidade de situações em que o material engolido é expelido naturalmente, sem necessidade de cirurgia.
No início de julho, como reflexo da “saidinha” para o feriado de Corpus Christi, cinco presos foram operados para retirada de celulares e drogas do corpo, apenas no Centro de Progressão Penitenciária “Dr. Eduardo de Oliveira Vianna” (CPP 2).
Um levantamento feito pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), mostra que 2022 já registra em sete meses mais casos de “barrigueiros” do que todo o ano de 2021, quando foram contabilizados 83 presos que engoliram objetos ilícitos para tentar voltar aos presídios.
Segundo a SAP, apenas neste ano, até julho, 105 presos foram flagrados com objetos no estômago tentando entrar nas unidades do município, seja no retorno de um trabalho externo, seja na volta das chamadas “saidinhas”.
Os CPPs 1 e 2 dominaram os casos de “barrigueiros” neste ano, com 52 presos em cada unidade flagrados. O CPP 3 teve apenas um registro este ano, contra dois casos em 2021.
Em relação a 2021, um grande aumento de casos aconteceu no CPP 1, que teve 23 episódios de “barrigueiros” no ano passado contra 52 casos em 2022 – uma alta de 126%.
Já no CPP 2, o número deste ano ainda é menor que o de 2021, mas com tendência de superar a marca de 2021: foram 58 casos no ano passado contra 52 neste ano, uma redução de pouco mais de 10%.
Ainda de acordo com a SAP, em balanço divulgado no início de julho, já haviam sido aprendidos cerca de 20 minicelulares e quase 500 porções de drogas, entre maconha e cocaína.
Em todos esses casos, a direção da unidade instaura procedimento interno disciplinar, que geralmente termina com a regressão do detento do regime semiaberto para o regime fechado.
Fonte: G1