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Longe de seu objetivo de unificação, a ex-ministra Christiane Taubira, que viu sua candidatura à eleição presidencial de abril na França confirmada em primárias polêmicas, ampliou as fraturas na esquerda em poucas horas e sem sinal de retorno ao Eliseu.
“Os resultados, as reações e, portanto, as consequências são o que esperávamos. Não haverá uma candidatura única de esquerda, mas aparentemente vai ter mais uma”, disse à AFP Gilles Finchelstein, da Fundação Jean Jaures.
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Uma iniciativa cidadã inédita na França, batizada de Primária Popular, propôs no fim de semana a seus 467.000 partidários que escolhessem qual candidato de um total de sete poderia liderar melhor a esquerda na eleição presidencial.
Sem surpresa, Taubira, a única candidata convincente que concordou em participar, venceu depois de obter uma avaliação melhor do que o ambientalista Yannick Jadot (2º), o esquerdista Jean-Luc Mélenchon (3º) e a socialista Anne Hidalgo (5º).
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Seus três rivais, que pediram aos organizadores que não colocassem seus nomes na votação, denunciaram um processo adaptado da política nascida no território da Guiana Francesa e rejeitaram seus chamados para se juntar a ela.
“Sou mais uma candidata para quem pensa que um processo democrático não vale nada, que meio milhão de pessoas registradas e votando não valem nada”, reagiu Taubira nesta segunda-feira na rádio France Info, criticando a “falta de respeito” de seus rivais.
Para Finchelstein, “é um sucesso cívico, mas um fracasso político”. “A ambição de uma candidatura conjunta da esquerda é uma miragem. É uma união que teria sido muito heterogênea”, acrescenta.
“A esquerda nunca esteve unida”
As pesquisas de opinião apontam o atual presidente, o liberal Emmanuel Macron, como o vencedor da eleição, que prevaleceria no segundo turno sobre a candidata de extrema-direita Marine Le Pen, como em 2017, ou a candidata de direita Valérie Pécresse.
A esquerda obtém cerca de 25% das intenções de voto se somados os resultados dos candidatos das diferentes tendências: ambientalista, socialista, comunista, esquerda radical, anticapitalista, etc.
“O eleitorado potencial da esquerda nunca esteve tão baixo”, disse para a France 5 Rémi Lefebvre, professor de Ciência Política da Universidade de Lille, para quem os “antigos partidos com legitimidade ideológica” têm cada vez menos “legitimidade” popular.
O Partido Socialista seria um exemplo. Em 2017, seu candidato presidencial, Benoît Hamon, ficou em 5º no primeiro turno com 6,36% dos votos. Segundo as pesquisas, Hidalgo, a quem a candidatura de Taubira tira votos, não teria um resultado melhor.
Segundo pesquisa da OpinionWay divulgada na quinta-feira, Mélenchon seria o mais bem colocado da esquerda na eleição presidencial com 9% das intenções de voto, seguido por Taubira, o ambientalista Jadot (5%) e Hidalgo (3%).
“Se não houver alinhamento entre uma proposta de programa clara, uma personalidade experiente e uma base social suficientemente ampla, a fragmentação é fatal”, acrescenta Rivière, lembrando que “a esquerda nunca esteve unida”.
Fonte: Yahoo!