20 de novembro, 2024

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Multidão se reúne em Teerã para homenagear general Soleimani

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Os pedidos de calma se multiplicaram nesta segunda-feira em um contexto de enfrentamento verbal entre Washington e Teerã, onde uma maré humana enlutada exigiu vingança pelo general Qassem Soleimani, assassinado pelos Estados Unidos com um drone em Bagdá.

Depois que o líder dos EUA, Donald Trump, ameaçou no sábado atacar 52 locais no Irã, o presidente iraniano, Hassan Rohani, emitiu um alerta na segunda-feira: “Nunca ameace a nação iraniana”.

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O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, ao fim de uma reunião extraordinária, pediu para Teerã evitar “mais violência e provocações”.

Os ministros das Relações Exteriores da UE devem realizar uma reunião sobre a crise, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu “o caminho da moderação”.

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Já o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, disse que Teerã precisa “renunciar a represálias” contra Washington.

Em um fria e ensolarada manhã, uma maré humana invadiu as avenidas Enghelab (“Revolução”, em persa), Azadi (“Liberdade”) e seu entorno, com bandeiras vermelhas (a cor do sangue dos “mártires”), ou iranianas, mas também libanesas e iraquianas.

Visivelmente emocionado, o aiatolá Khamenei pronunciou uma breve oração em árabe diante dos caixões do general Soleimani, do iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis (número dois da coalizão paramilitar pró-iraniana Hashd al-Shaabi) e de outros quatro iranianos mortos no mesmo ataque.

Estimada em “vários milhões” pela televisão iraniana, a multidão gritou “Morte aos Estados Unidos”, “Morte a Israel”. Foram queimadas as bandeiras dos dois países. Homens e mulheres choravam pedindo vingança.

Iranianos em luto carregam o caixão do general Soleimani, em Teerã, em 6 de janeiro de 2020 (Fotos: Reprodução)

Resposta ‘devastadora’

“Trump estúpido, um símbolo de estupidez e brinquedo nas mãos do sionismo (Israel), não acha que, com o martírio de meu pai, tudo acabou”, alertou Zeinab, filha de Qassem Soleimani, cujo discurso emocionou a multidão.

“Nossa resposta deve ser devastadora. Precisamos atacar todas as bases militares dos EUA na região (…), tudo o que estiver ao alcance de nossos mísseis”, disse um iraniano de 61 anos que se identificou como Afjami.

Da capital iraniana, o caixão de Soleimani foi levado de avião para a cidade sagrada xiita de Qom para uma cerimônia. O general será enterrado na terça-feira em Kerman (sudeste), sua cidade natal.

Teerã prometeu uma resposta “militar”, uma “vingança dura” que atingirá “o lugar certo na hora certa”.

Embora a comunidade internacional multiplique seus pedidos de “desescalada”, “prudência” e “moderação”, Trump reiterou no domingo que se o Irã “fizer alguma coisa, haverá grandes represálias”.

Trump também ameaçou impor sanções “muito fortes” contra o Iraque, depois que o parlamento iraquiano votou uma resolução pedindo a retirada dos cerca de 5.200 militares dos EUA naquele território.

O Exército dos EUA anunciou na segunda-feira que “respeita [esta] decisão soberana” e que “reorganizará” as forças da coalizão anti-jihadistas com o objetivo de “retirar-se do Iraque de maneira segura e eficaz”.

Mas horas depois, o chefe de Estado-Maior dos EUA, Mark Milley, afirmou que este anúncio era o rascunho de uma carta que não deveria ter sido divulgada.

“Não há qualquer decisão de abandonar o Iraque (…). Não adotamos a decisão de sair do Iraque. Ponto”, garantiu o secretário americano de Defesa, Mark Esper.

A morte de Soleimani ocorreu após um ataque sem precedentes na embaixada dos Estados Unidos em Bagdá por manifestantes pró-iranianos.

Em Bagdá, o líder xiita iraquiano Moqtada Sadr ameaçou Trump com um novo “Vietnã”.

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, reza diante dos caixões do general Soleimani e do líder paramilitar iraquiano Abu Mehdi al Muhandis, na Universidade de Teerã (Foto: Reprodução)

Questão nuclear é prioritária

Nesta convulsão, o Irã anunciou no domingo uma nova redução de seus compromissos contidos no acordo de 2015 sobre seu programa nuclear, em resposta à retirada unilateral dos Estados Unidos em maio de 2018 do pacto e ao restabelecimento das sanções econômicas contra Teerã.

O Irã detalhou que se desliga de qualquer limite “ao número de centrifugadoras” de urânio, mas disse que continuará a se submeter “como antes” a inspeções nucleares do Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), contempladas no acordo.

O OIEA, com sede em Viena, disse estar “ciente do anúncio iraniano” e enfatizou que seus “inspetores continuam seus atividades de vigilância” no Irã.

França, Grã-Bretanha e Alemanha pediram para o Irã retirar “todas (as suas) medidas não conformes” do pacto. A Rússia pediu para os países signatários do acordo garantirem sua aplicação com “prioridade”. A Arábia Saudita, aliado dos EUA, pediu calma.

“O Irã nunca terá a arma nuclear!”, reagiu Trump, cujo país retirou-se unilateralmente do acordo em 2018.

Enquanto isso, os preços do petróleo continuam a subir e as bolsas mundiais se estremecem. O ouro alcançou nesta segunda seu preço mais alto desde meados de 2013.

Fonte: Yahoo!

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