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A Polícia Civil de São Paulo localizou nesta quarta-feira (7) a mãe da bebê abandonada no domingo (4) na rua Piauí, em Higienópolis, bairro nobre da região central de São Paulo.
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A polícia ainda não divulgou o nome da mulher de 37 anos que mora e trabalha como empregada doméstica em um apartamento do bairro, há poucos quarteirões do local onde a recém-nascida foi abandonada.
Ela tem dois filhos, um rapaz de 17 anos que vive com a avó e uma menina de 3 anos que mora com ela na casa da família onde trabalha. Segundo a polícia, a mulher alegou que não tinha condições de criar mais um filho, tendo escondido a gravidez da empregadora durante os nove meses.
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Na noite de sábado (3) para domingo, ela teria entrado em trabalho de parto, realizado por ela mesma, sozinha, no banheiro da área de serviço do apartamento. Cuidou da menina e a alimentou até o domingo a noite. Quando se aproximava a hora de retorno dos patrões para o apartamento, ela diz ter se desesperado e levado a criança para a rua Piauí. Ela diz ter ficado à distância, observando se alguém resgataria a bebê e, quando viu o aglomerado de gente, voltou para casa.
A bebê, levada para a Santa Casa, segue internada para avaliação clínica e seu estado de saúde é estável. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, não há previsão de alta.
A bebê foi encontrada dentro de uma sacola depositada no pé de uma árvore, a poucos metros da praça Vilaboim por um morador, que, curioso ergueu o saco para sentir seu peso e ouviu o gemido ao depositá-lo novamente no chão.
COINCIDÊNCIA
Francisco de Assis Marinho, 37, paraibano devoto de Nossa Senhora Aparecida havia perdido sua tradicional missa matinal por causa de um imprevisto na zeladoria do edifício onde trabalha, na rua Piauí, em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo.
Telefonou para a paróquia, se informou sobre os horários seguintes e elegeu a celebração das 19h30 para poder assistir ao jogo do seu time, o Corinthians, às 16h. Foi uma coincidência oportuna.
Na saída, poucos metros adiante, viu uma sacola branca de papelão ao pé de uma árvore. “Sei que domingo não é dia de coleta de lixo. Fiquei curioso”, diz. “Peguei a sacola assim [mostra com a mão esquerda] e senti o peso. Pensei que fosse roupa e larguei. Quando a sacola bateu no chão, ouvi um choro de criança. Comecei a tremer.”
Imagens de câmeras de segurança coletadas pela investigação mostram uma mulher atravessando a rua da praça Vilaboim para a rua Piauí, levando uma sacola no braço, carregada como um bebê.
Ela passa diante da árvore, vacila, retorna e deposita a bolsa no chão às 19h20, seguindo a pé pela rua. Dez minutos depois, às 19h30, chega Marinho, já atrasado para a missa.
Marinho ligou para o 190 e disse ter achado um bebê dentro de uma sacola. “A moça da polícia perguntou como o neném estava. Eu disse: chorando. Aí ela me orientou a tirá-lo da sacola”, lembra.
A bolsa trazia grafadas as palavras “Au Pied de Cochon” [ao pé do porco, em francês], nome de um tradicional restaurante de Paris com filial na Cidade do México.
Os investigadores haviam requisitado informações sobre as parturientes para as maternidades de SP quando os médicos da Santa Casa deram uma informação que mudou os rumos da apuração.
PARTO NÃO HOSPITALAR
Na segunda-feira (5) eles diagnosticaram que, pela maneira como o cordão umbilical da bebê foi cortado e amarrado, seu parto não foi realizado em um hospital.
No início da semana o delegado Eduardo Luis Ferreira afirmou que a mulher que aparece no vídeo cometeu abandono de incapaz, crime com pena de seis meses a três anos de prisão. “A motivação é subjetiva, mas geralmente se trata de uma combinação de fatores sociais, como a falta de condições financeiras, morais ou familiares, com um fator emocional associado ao estado puerperal, como uma depressão pós-parto”, diz.
Fonte: Folha de SP