10 de maio, 2024

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Mulher explica como é estar em coma induzido

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A escritora Emily Gordon era uma mulher despreocupada, tatuada e tinha 27 anos de idade quando pegou algo que ela pensou ser apenas uma gripe.

“Eu reagi da mesma maneira que sempre faço quando meu corpo se comporta de uma maneira estranha: ignorando a situação”, a autora de Carmichael Show e produtora do Comedy Central escreveu por e-mail.

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Mas a “gripe” não estava passando. Embora ela continuasse trabalhando, fazendo aulas de dança e indo a encontros, a sensação estranha não ia embora, então ela procurou uma clínica local. De lá, Gordon foi levada imediatamente para o hospital e colocada em coma induzido.

“Meus sinais vitais estavam instáveis”, explica Emily. “Fiquei quase um mês no hospital. Fiz uma cirurgia de pulmão. Fiquei apagada por cerca de doze dias. Quando acordei, tinha a pele pontilhada e marcada por cicatrizes”.

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Emily fala sobre como é entrar e sair do coma, o que ainda é um mistério para os médicos e pesquisadores, de acordo com Stephan Mayer, MD, diretor de atendimentos neurocríticos no Mount Sinai, que tem muita experiência em trabalhar com pacientes em coma.

“Ela sofreu uma experiência de ‘quase-morte’ e conseguiu distinguir corretamente que estava em um coma induzido”, diz ele ao Yahoo Health. “Esta experiência ainda é muito nebulosa para nós”.

Veja o que se sabe sobre o estado de coma:

O que acontece no cérebro

O coma induzido é bem diferente do que é causado por um trauma. A inconsciência prolongada após um acidente vascular cerebral, infecção ou falta de oxigênio fará o cérebro “reiniciar” lentamente, aprendendo novas habilidades e melhorando as reações do corpo com o tempo.

O coma induzido pode proteger o cérebro enquanto a doença progride e as opções começam a diminuir. “Basicamente, os médicos colocam a pessoa em uma anestesia parcial prolongada”, diz Mayer. “No caso de Emily, ela ficou neste estado apenas por cerca de duas semanas”.

Durante este tempo, você não consegue acordar, mas seu cérebro ainda registra o ambiente ao seu redor. Os pacientes frequentemente relatam detalhes e pensamentos estranhos que tiveram durante este estado. Emily não se lembra de ter sido induzida ao coma, mas descreve a experiência como “um sonho longo demais”. Ela se recorda de luzes brilhantes, de enfermeiras falando em termos médicos e de ter visto o namorado usando óculos (o que quase nunca acontecia em público).

“Em certo ponto, fiquei convencida que estava trancada em algum lugar contra a minha vontade e comecei a planejar minha fuga”, diz Emily. “Meu principal opressor era um enfermeiro com mãos pegajosas, que provavelmente era a fita cirúrgica que estava em cima de mim, mantendo os aparelhos de monitoramento no lugar. É engraçado como a mente tenta tirar algum sentido de tudo”.

Mayer diz que este tipo de experiência é muito comum durante o coma induzido. “O paciente tem vislumbres de consciência”, explica ele. “É como uma TV antiga e cheia de estática. Surge um relance de imagem e depois tudo fica confuso novamente. No fim, a pessoa tem uma coleção de vislumbres desarticulados de consciência”.

O cérebro está sempre se agarrando a uma narrativa, mesmo quando está apenas parcialmente consciente.

O que acontece com o corpo

Embora o corpo não fique inteiramente desligado durante o coma induzido, as pessoas costumam ter alguns contratempos quando saem deste estado. Embora duas semanas não pareça um tempo muito grande, é uma eternidade para o corpo ficar completamente sedentário. “Meus músculos atrofiaram ao ponto de eu não conseguir segurar meu celular”, Emily escreve. “Tive que fortalecer meus músculos o suficiente para poder andar de novo. Precisei tomar banho sentada por um bom tempo”.

Mayer diz que os músculos “rapidamente se deterioram” por conta do estresse sobre o corpo e da imobilização total. “Isso é chamado de síndrome pós tratamentos intensivos”, ele diz. “O estresse e a doença enfraquecem poderosamente o sistema nervoso, então a cognição e a força são os principais problemas”.

No passado, o sucesso de casos de coma induzido era pautado apenas pela sobrevivência do paciente. “Nossa tecnologia é bem melhor hoje em dia, então podemos pautar nosso sucesso em coisas como a cognição, mas não temos ideia de como a neurobiologia é afetada durante o coma”, diz Mayer. “Estamos apenas começando a entender o que acontece dentro do nosso cérebro”.

Apesar disso, existem algumas teorias. Mayer diz que algumas pesquisas iniciais estão de olho em uma possível “reação inflamatória” no cérebro durante um coma, uma inflamação sistêmica que pode causar problemas cognitivos quando um paciente finalmente acorda.

O que acontece depois

Emily diz que o coma mudou totalmente sua vida. “Olhar para este corpo torturado, cheio de cicatrizes e fios na minha cama de hospital, me entristeceu muito”, ela escreve. “Não se tratava de um corpo sexy em nenhuma perspectiva, mas apenas um amontoado de ossos, músculos e órgãos que carregavam meu cérebro e coração. Isso acabou me apresentando ao meu corpo de uma forma que eu ainda não o reconhecia, me fazendo compreender o valor da minha forma física”.

Embora Emily diga que seu primeiro instinto foi bancar a durona e não deixar o coma afetar sua vida ou objetivos, ela admite que tudo mudou. Segundo ela, a experiência a ajuda a lidar com as ansiedades de sua carreira e a tomar decisões de vida que ela talvez tivesse evitado antes de tudo acontecer. “Eu me tornei uma pessoa tão destemida que me casei com meu namorado três meses depois de sair do hospital”, ela conta. “Já estamos juntos há oito anos”.

Mayer diz que, em geral, seus pacientes saem do coma valorizando muito mais a vida. Ele diz que mesmo aqueles que passaram por grandes contratempos após um acidente vascular cerebral começaram a gostar e cuidar mais de si mesmos.

“A experiência de quase morte coloca as coisas em outra perspectiva”, diz Mayer. “Ela lhe ajuda a valorizar mais a vida. A maioria das pessoas procura ignorar a realidade de que somos seres mortais, mas aqueles que contemplam sua mortalidade são mais felizes. Para estas pessoas, cada momento é precioso”.

Alguns meses após se casar, Emily se mudou para Nova Iorque com o marido (ela sonhava em morar na cidade e ele queria fazer carreira como comediante de stand-up). Eles tinham pouco dinheiro e nenhum plano de longo prazo. Foi um salto no escuro.

“O eu de antigamente olharia para aquela situação e só pensaria no quão perigoso era tudo aquilo”, ela diz. “Mas a ‘nova eu’ estava vivendo tudo intensamente”.

Fonte: Yahoo!

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