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O Bitcoin pode um dia concorrer com o real e virar meio de pagamento cotidiano no Brasil?
Há exatamente um mês, El Salvador tornou-se a primeira nação a adotar o Bitcoin (BTC) como moeda oficial. Desde 7 de setembro, a criptomoeda passou a ser aceita em todos os estabelecimentos comerciais. Assim como o dólar, os salvadorenhos podem usar BTC para adquirir produtos e serviços.
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O movimento, embora pioneiro, não se trata de uma exclusividade do país. A aceitação das criptomoedas ganhou força em toda a América Latina, inclusive no Brasil. As pessoas não querem apenas comprar e vender criptomoedas, mas utilizá-las como dinheiro de fato.
É o que mostra uma pesquisa da Sherlock Communications com 2.700 pessoas de oito países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Venezuela e México. Segundo o levantamento, 48% dos brasileiros desejam ver o BTC como moeda legal no país, o maior percentual entre todos os participantes.
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Brasileiros apoiam lei de El Salvador
O levantamento da Sherlock também apontou que a maioria dos respondentes defende a chamada Lei Bitcoin. Esse é o nome da lei aprovada em junho pelo Congresso salvadorenho e que foi efetivada em setembro.
“Os brasileiros foram os maiores defensores do cripto-reconhecimento na região, com 56% apoiando a abordagem de El Salvador e 48% dizendo que querem que o Brasil também a adote”, destaca o estudo.
Ao todo, 35% dos brasileiros não possuem opinião formada sobre o assunto, enquanto apenas 9% não querem o BTC como moeda oficial. Ainda conforme o estudo, a taxa de rejeição dos brasileiros é a menor entre todos os países.
Comércio global e avanço do Brasil
Por outro lado, 30% dos brasileiros afirmam que as criptomoedas podem acabar com as moedas locais, enquanto 13% dizem que elas facilitam as viagens internacionais. Outros 32% afirmaram que as criptomoedas podem aproximar as economias mundiais e facilitar o comércio.
A pesquisa também questionou a percepção do avanço brasileiro no uso de criptomoedas. Nesse sentido, as respostas foram menos otimistas: 35% dos brasileiros afirmam que o país está atrasado em relação aos seus pares.
Outros 31% disseram que o Brasil está avançando, ao passo que 23% acreditam no crescimento de usuários futuros. Apenas 4% responderam que o assunto não tem futuro no país.
Motivos para investir e nível de conhecimento
Os brasileiros são os que mais conhecem o BTC na América Latina, com 92% dos respondentes marcando essa opção. Em segundo lugar está a Argentina, com 87%, seguida de Colômbia e México, empatados com 85%.
Sobre os motivos que levaram a investir em criptomoedas, 55% dos brasileiros responderam “diversificação” de carteira. Outros 39% responderam que usam criptomoedas para se proteger da inflação. Embora alto, o percentual é inferior aos 58% de argentinos que responderam o mesmo motivo.
Apesar dos números favoráveis, a pesquisa revelou que o brasileiro conhece pouco sobre criptomoedas. Para 45% dos entrevistados, saber mais sobre esse mercado daria mais confiança para investir. A falta de confiança nas plataformas é um impeditivo de investir para 39% dos brasileiros.
Bitcoin pode se tornar moeda legal no Brasil?
Por enquanto, não, visto que o Banco Central (Bacen) está empenhado na criação de sua própria criptomoeda. Segundo o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, o Real Digital deve ser lançado daqui a três anos, em 2024.
No entanto, já existem pelo menos três Projetos de Lei (PL) que regulamentam as criptomoedas. Um deles, o PL 2.303/2015, foi aprovado na Comissão Especial da Câmara no final de setembro e agora irá para votação no plenário.
O autor do projeto, deputado Aureo Ribeiro (SD/RJ) comemorou a aprovação. O parlamentar disse que a regulamentação trará mais investimentos ao Brasil. De quebra, Ribeiro ainda disse que o Bitcoin um dia será moeda legal no Brasil.
“Queremos separar o joio do trigo, criar regulamentações para que você possa fazer transações, saber onde está comprando, com quem está negociando e ter esse ativo para comprar uma casa, carro ou mesmo um lanche do McDonald’s”, afirmou Ribeiro na ocasião.
Vale ressaltar que o Brasil já foi um dos pioneiros em regulamentar fundos de criptomoedas, incluindo ETFs. Além disso, o PL 2305/2015 ainda pode sofrer modificações durante a votação na Câmara. Há, portanto, a possibilidade de que a permissão de curso legal seja incluída, fazendo o Brasil ser novamente pioneiro neste mercado.