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O novo presidente da Argentina, Javier Milei, disse no primeiro discurso após assumir o cargo, neste domingo (10), que herda um país em estado catastrófico, com alto endividamento e inflação, e que será necessário adotar medidas de choque e cortar gastos para estabilizar a economia.
“Nestes dias muito se falou sobre a herança que vamos receber. Que fique claro: nenhum governo recebeu uma situação pior do que estamos recebendo”, disse Milei. “O kirchnerismo, que em seu início dizia que tinha superávit fiscal e externo, nos deixa déficits que representam 17% do PIB.”
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“Não existe solução sem atacar o déficit fiscal. A solução implica um ajuste no setor público, que cairá sobre o Estado, e não sobre o setor privado”, acrescentou (veja outras frases mais abaixo).
Milei afirmou que, no curto prazo, a situação deve piorar até que as primeiras medidas comecem a dar resultado. E reiterou que o governo não tem dinheiro: “Lamentavelmente tenho que dizer, no hay plata”.
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“Isso impactará de modo negativo a atividade, o emprego, a quantidade de pobres e indigentes. Haverá estagflação [situação em que há estagnação da economia e inflação alta], mas é algo muito diferente do que tivemos nos últimos 12 anos. Será o último gole amargo para começar a reconstruir a Argentina”, disse. “Não será fácil: 100 anos de fracasso não se desfazem num dia, mas um dia começa, e hoje é esse dia.”
O presidente argentino discursou nas escadarias do Congresso, para seus eleitores. É uma quebra de protocolo, porque normalmente esse discurso ocorre dentro do parlamento.
Mais tarde, já na Casa Rosada, falou ao público de novo e disse que sua eleição representa “o fim da noite populista e o renascer da Argentina próspera e liberal”.
Entre as autoridades que participaram da posse estavam o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O presidente Lula não foi a Buenos Aires e mandou seu chanceler, Mauro Vieira, como representante do Brasil.
Veja algumas frases do discurso de posse no Congresso:
- Hoje começa uma nova era na Argentina.
- Damos por terminada uma longa e triste história de decadência e começamos o caminho da reconstrução do país.
- Hoje enterramos décadas de fracasso.
- Nossos líderes decidiram abandonar um modelo que nos havia deixado ricos e abraçaram as ideias empobrecedoras dos coletivismo, um modelo que só gera pobreza.
- Assim como a queda do Muro de Berlim marcou o fim de uma época trágica para o mundo, essas eleições marcaram o ponto de quebra para a nossa história.
- Sabemos que no curto prazo a situação vai piorar.
- Na área de segurança, a Argentina se converteu em um banho de sangue. O narcotráfico se apoderou das nossas ruas.
- A única forma de sair da pobreza é com mais liberdade.
Inflação
Milei também mencionou a elevada inflação, acima de 140% ao ano, e atribuiu a culpa aos governos peronistas. Antes de Alberto Fernández, que deixa o cargo agora, quem governou foi Mauricio Macri, que é de direita e aliado de Milei. Antes de Macri, Cristina Kirchner.
“Arruinaram a nossa vida e fizeram cair dez vezes os nossos salários. Portanto, não deveria surpreender que estejam deixando 45% de pobres e 10% de indigentes.”
“Os argentinos, de forma contundente, expressaram uma vontade de mudança que já não tem retorno. Não há retorno. Hoje enterramos décadas de fracassos e disputas sem sentido. Brigas que só conseguiram destruir o nosso país e nos deixar em ruínas. Hoje começa uma nova era na Argentina, de paz e prosperidade”, afirmou.
Infraestrutura
Milei relembrou a população em situação de pobreza, os problemas no desempenho dos alunos argentinos na educação e a situação de emergência na infraestrutura. “Só 16% das estradas estão asfaltadas e 11% estão em bom estado”, declarou o presidente. “A situação da Argentina é crítica e de emergência”, afirmou.
Fonte: G1 – Foto: Reprodução/GloboNews