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Durante o festival Burning Man, que celebra arte, música e contracultura, chuvas torrenciais sobre o deserto de Nevada deixaram estradas e terrenos enlameados e 70 mil pessoas presas. A queima anual de uma figura humana, que estava planejada para noite de domingo, foi adiada para a noite de segunda-feira, segundo uma conta de rede social associada ao site do Burning Man Project.
A reviravolta testou a determinação dos participantes, que foram instruídos a conservar comida e água, informa The New York Times. As autoridades estavam investigando a morte de um participante, que segundo o Gabinete do Xerife do Condado de Pershing, inicialmente não parecia estar relacionada ao clima. O agravamento das condições no domingo pode ter atrasado a saída das pessoas do evento, que termina nesta segunda-feira (04) e, em condições normais, provoca um trânsito lento.
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Relatos sobre a lama e os esforços para sair repercutiram nas redes sociais. Neal Katyal, professor de direito na Universidade de Georgetown e ex-procurador-geral interino no governo Obama, disse que ele e vários outros caminharam dez quilômetros até Gerlach, a cidade mais próxima. Eles encheram suas mochilas com “lanternas, água, meias extras” e colocaram sacos plásticos nos pés descalços, meias por cima e depois calçam as botas ou sapatos para “evitar ficarem encharcados”, disse Katyal. “A caminhada foi bastante difícil”, pois a lama era “extremamente pegajosa e pesada”.
O festival, que culmina na queima de uma escultura gigante de um homem, é realizado em Black Rock City, uma comunidade temporária que surge todos os anos no meio do deserto Black Rock, no noroeste de Nevada. Desde 1986, quando um grupo de artistas e amigos se reuniu em Baker Beach, São Francisco, para celebrar o solstício de verão queimando uma figura de madeira de um homem, o Burning Man tem atraído artistas, boêmios, trabalhadores de tecnologia, celebridades e influenciadores digitais. A cidade improvisada recebe mais de 70 mil pessoas todos os anos e fica a três horas de carro do aeroporto em Reno.
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As chuvas de sábado inundaram muitos acampamentos do festival. No domingo de manhã, depois de uma noite quase seca, o céu estava parcialmente ensolarado. Muitos aproveitaram para desmontar estruturas não essenciais – tendas de sala de estar, espaços de dança e bares – e se preparar para uma saída mais rápida quando a estrada se tornasse acessível. À tarde, a chuva forte voltou a cair por um período. Em uma rede social, uma frequentadora do festival postou imagens que mostram as condições do local no final de semana.
Não foi permitido dirigir no local, exceto serviços de emergência. Alguns veículos com tração nas quatro rodas conseguiram sair da lama, mas dezenas de trailers e jipes tentaram e ficaram presos. Segundo os organizadores do festival, é possível que eles saiam na segunda-feira à noite, se as condições permitirem. Para quem está a pé, haverá ônibus em Gerlach com destino a Reno.
A saída de dezenas de milhares de pessoas poderá ser um pesadelo, tendo em conta o estado das estradas e os congestionamentos de mais de 12 horas registrados nos últimos anos. Ainda assim, diz o jornal, as inundações, a lama e o confinamento não perturbaram a festa de muitos, que continuaram dançando ao som da música contínua, fazendo yoga e visitando os acampamentos uns dos outros para beber, socializar e discutir o tema popular de como melhorar o Burning Man. Na noite de sábado, as luzes de neon eram visíveis em toda a cidade improvisada, e as raves continuavam normalmente.
“As pessoas são muito, muito, muito resilientes aqui”, disse um dos participantes. “Se há uma coisa que as pessoas do Burning Man ainda farão, será encontrar uma maneira de festejar, encontrar uma maneira de comungar, encontrar uma maneira de se vestir bem e se divertir.”
Fonte: Um Só Planeta
