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A cidade de Itapetininga (SP) ultrapassou a marca de 500 mortes pela Covid-19 nesta quinta-feira (1º). Desde o início da pandemia, o município registrou 13.913 casos de coronavírus, sendo 502 mortes e 12.247 moradores que já se curaram.
A primeira morte pela doença na cidade foi registrada no dia 9 de abril. O paciente era um idoso de 74 anos.
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Foram oito meses e sete dias até que a cidade chegasse à primeira centena de vítimas, no dia 16 de dezembro de 2020. No dia 1º de janeiro deste ano, Itapetininga contava com 112 mortes por Covid.
Se o ritmo continuasse assim, Itapetininga não teria nem 200 mortes por Covid atualmente. No entanto, a pandemia avançou e, menos de três meses depois, em 3 de março de 2021, foi registrada a morte de número 200.
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Itapetininga chegou a 300 mortes só um mês e dois dias mais tarde, em 5 de abril. Já em 15 de maio, a cidade chegou a 400 e, agora, a 502.
Em nota, a prefeitura de Itapetininga informou que “lamenta profundamente e se solidariza com todas as famílias das vítimas da Covid-19 no município”. Também pediu para que toda a população continue seguindo os protocolos sanitários e fique atento ao calendário de vacinação.
Homenagem em forma de música
Com as mortes, um músico do município se inspirou no “sentimento de luto” que paira na cidade para criar arte e homenagear as vítimas da pandemia.
Danillo Valezi gravou a música “In Memoriam” no fim de março deste ano, mas a mensagem não poderia ser mais atual, uma vez que o número de mortos pelo coronavírus cresce a cada dia na cidade.
“Eu já estava pegando no ar esse sentimento de tristeza, de luto, de medo. A gente acaba pegando a energia das pessoas. Você anda na rua e vê as pessoas com medo, então como compositor, queria usar esse lado artístico de enxergar além do óbvio”, conta Danillo.
A convite de uma médica da cidade, o músico compôs a canção e a gravou no estúdio do marido dela. A inspiração para a letra foi a história de quatro moradores de Itapetininga que morreram de Covid-19.
“Ela [a médica] me mandou o resumo da história de algumas pessoas que tinham morrido de Covid em Itapetininga, que tiveram sonhos interrompidos, e foi através disso que eu escrevi a letra.”
Na música, Danillo cita um filósofo que sonhava em trazer uma universidade ao município, uma professora, um pastor e até a médica Jacqueline Cardozo Vieira, que atuava na ala voltada a pacientes com Covid no Hospital Dr. Léo Orsi Bernardes.
“Nobre doutora Jaqueline,
Quantas vidas já salvou,
Morar na praia ela queria,
Mas não foi como planejou.”
“É essa ideia de passar de números e começar a falar das pessoas mesmo. Eu não conheço pessoalmente as famílias das vítimas, mas recebi mensagens de pessoas de tudo que é lugar, falando que perderam familiares e que essa música trouxe esse espírito coletivo de consolo”, explica o compositor.
“Fique bem, seja forte
Pelo poder de amar.
Que haja vida em toda a morte,
Por isso sua história vou contar.”
Arte que alerta
De acordo com o músico, a canção não foi pensada somente para ser uma homenagem às vítimas, mas também um consolo para as famílias e uma forma de alertar a população sobre os perigos da Covid-19.
“Quantos Zés, quantas Marias,
Quantos mais vão nos custar.
Paciência e disciplina,
Pode uma vida aqui poupar.”
A música de Valezi teve mais de 2 mil visualizações no YouTube. O artista contou que estuda música desde criança no Conservatório de Tatuí, mas que começou a compor durante a pandemia.
Além da carreira artística, o músico também trabalha na parte administrativa da prefeitura de Sarapuí e pretende lançar seu primeiro álbum no próximo mês.
Dos mais de 500 mil mortos pela Covid-19 no país, um deles faz parte da família de Danillo. Um tio do músico morreu depois de ser diagnosticado com coronavírus em São Paulo e, agora, a canção “In Memoriam” também é uma homenagem para ele.
“Meu tio Jatir morreu duas semanas antes de eu lançar a música, ele chegou até a ouvir. Se eu fosse fazer essa música hoje, eu teria mais histórias de pessoas próximas que morreram para contar”, explica Danillo.
“Aos que foram; meu respeito,
Aos que ficaram; gratidão,
Ainda que tão imperfeitos,
Do outro somos guardiões.”
Fonte: G1