23 abril, 2024

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Freira fica na frente de manifestantes e implora para exército não atirar, em Myanmar; vídeo

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A imagem de uma freira na frente de manifestantes e implorando para o exército não disparar contra eles em Myanmar correu mundo nesta segunda-feira, dia 8. Sem se importar com a própria vida, a irmã Ann Roza Nu Tawng, de 45 anos, suplicou pela vida dos moradores que protestaram no dia 28 de fevereiro, em Myitkyina, no estado de Kachin. Sob lágrimas, ela implorou: “Por favor, matem-me. Eu não quero ver pessoas a serem mortas”. O registro foi feito pelo “Myitkyina News Journal”, mas só viralizou uma semana depois do acontecido.

Em entrevista ao canal “Sky News”, Ann Roza explicou que se encaminhava para trabalhar em uma clínica quando, no mesmo trajeto, se deparou com um grupo de manifestantes. Segundo a freira, os militares seguiram as pessoas e começaram a espancá-las, além de atirar na direção deles. Foi nesse momento que ela teve o ato intempestivo de se pôr à frente deles.

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“Eles abriram fogo e começaram a bater nos protestantes. Eu fiquei chocada e pensei: ‘Hoje é o dia para morrer”. Eu decidi morrer. Eu chorava como uma louca. Eu era como uma mãe galinha a proteger os pintainhos”, disse.

Em lágrimas, Ann Roza afirmou que a sua intenção era, acima de tudo, “ajudar as pessoas a escapar e parar a ação das forças de segurança”. A irmã afirmou que um dos militares disse “Não se preocupe tanto, nós não vamos disparar sobre eles”. No entanto, a freira não acreditava que os policiais não fossem disparar, justamente por estar acostumada com cenários de guerra. Ela acabou levando um dos protestantes feridos para a clínica, para ser tratado.

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A intervenção no país tem sido chamada de Myanmar’s ‘Tiananmen moment’, em alusão a um dos momentos mais icônicos que simboliza a luta pela liberdade na história recente, no Massacre de Tiananmen. Em 1989, um homem, que segurava um saco em cada uma das mãos, parou heroicamente em frente dos tanques militares nas imediações da Praça Tiananmen, em Pequim. O homem levantou a mão direita para pedir aos militares que parassem e, por breves momentos, o pedido foi aceite.

A freira Ann Roza Nu Tawng arriscou a vida para implorar aos militares que não atirassem nos manifestantes em Myitkyina, estado de Myanmar
A freira Ann Roza Nu Tawng arriscou a vida para implorar aos militares que não atirassem nos manifestantes em Myitkyina, estado de Myanmar (Foto: Reprodução)

A religiosa pertence à ordem de São Francisco Savério. Cerca de 100 jovens conseguiram abrigo dentro da organização católica, sendo que 40 deles já estavam feridos e foram atendidos no centro médico da congregação. A atitude da freira foi comentada pelo arcebispo de Rangum, cardeal Charles Bo, que escreveu sobre o assunto na sua conta do Twitter.

“A irmã Nu Thawng, uma freira da ordem de São Francisco de Xavier, estava suplicando com a polícia para não disparar contra os civis que estão a manifestar-se pela sua liberdade e direitos humanos. Hoje (domingo, dia 28), houve manifestações severas em todo o país. A polícia está prendendo, espancando e até disparando contra o povo. Com lágrimas, a irmã Ann Nu Thawng suplicou e travou a polícia para impedir a detenção dos manifestantes. Cerca de 100 manifestantes conseguiram escapar por causa da freira”, escreveu o cardeal.

A freira Ann Roza Nu Tawng arriscou a vida para implorar aos militares que não atirassem nos manifestantes em Myitkyina, estado de Myanmar
A freira Ann Roza Nu Tawng arriscou a vida para implorar aos militares que não atirassem nos manifestantes em Myitkyina, estado de Myanmar (Foto: Reprodução)

Mais de 50 mortes em manifestação

Cerca de 54 pessoas, incluindo cinco menores, morreram e centenas ficaram feridas durante as manifestações contra o golpe do dia 1º de fevereiro em Myanmar. Mas de 1.500 pessoas, incluindo políticos, ativistas, jornalistas e monges, foram detidas desde o golpe militar e mais de 1.200 continuam presas, incluindo Suu Kyi, de 75 anos, que está incomunicável em prisão domiciliária. Parte do governo eleito foi detido pelo levante militar após as eleições.

Os manifestantes exigem que o exército liberte os presos, permita o retorno à democracia e reconheça o resultado das eleições de novembro passado, nas quais a Liga Nacional para a Democracia foi a vencedora.

O acesso à internet e as redes sociais, como Facebook e Twitter, foi cortado pelos militares todas as noites durante semanas, como parte das medidas repressivas contra a população, que lançaram um movimento de desobediência civil contra o golpe. A ideia era impedir que a população organizasse e compartilhasse vídeos, fotos e marcassem encontro. No entanto, muitos conseguiram furar o bloqueio por meio de VPN.

Fonte: Extra

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