19 abril, 2024

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“Foram 8 minutos. Os piores da minha vida”, relata testemunha do confronto entre polícia e assaltantes em Botucatu

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Um dos principais locais de confronto entre a polícia e integrantes da quadrilha que roubou o Banco do Brasil na noite de quarta-feira, 29 de julho, em Botucatu, foi a Rua Rangel Pestana. No local, por volta da 1h50 de quinta-feira, 30 de julho, ocorreu um cerco da polícia e posterior combate com os bandidos.

Foram mais de dez minutos de confronto, conforme relatam os moradores da região. Munições de grosso calibre e também ameaça de explosões por bombas tomaram conta do cenário da batalha contra os policiais. Uma viatura, que vinha na direção contrária chegou a ser destruída pela intensidade dos disparos de grosso calibre. Policiais precisaram se proteger em uma clínica odontológica.

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Ao menos seis veículos passaram pela Rangel Pestana, sendo que três foram alvejados pela polícia e acabaram abandonados. Em uma Land Rover estava parte do dinheiro roubado e também uma bomba, desarmada ainda na manhã de quinta-feira, 30 de julho, pela polícia. Conforme o dia passava, os moradores tentavam retomar a normalidade de suas vidas, mas ainda com a apreensão e lembranças do confronto. As marcas da batalha ficaram nas paredes das casas, portões e até mesmo nos postes.

A professora Luma Lemes Sousa foi uma das moradoras que esteve sob o fogo cruzado. Moradora de uma das casas a poucos metros do confronto, salientou que os barulhos iniciais do assalto, que pareciam rojões, foram ignorados. Disse que normalmente fica até mais tarde na sala da casa mas, antes das 23h30 (horário que o tiroteio começou na Cidade) resolveu ir para o quarto. Ignorou os primeiros disparos, achando que fossem rojões devido a um jogo de futebol.

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Projéteis encontrados na casa de Luma

“Entrei no Facebook e as pessoas começaram a relatar que eram tiros. Nesse momento comecei a ficar preocupada. Liguei para os meus pais e fiquei conversando com eles, relatando que o barulho estava muito próximo a minha casa. Estava conversando num grupo de Amigas também. Nunca imaginei que estavam em direção a minha rua”, contou.

Segundo ela, o barulho começou a se intensificar nas proximidades e, em determinado momento ouviu passos. Resolveu averiguar por uma fresta da janela se alguém estaria em seu quintal. “Foi quando avistei as pernas de 2 homens, caminhando acelerado e metade de uma caminhonete descendo minha Rua contramão. Logo pensei que fossem os bandidos. Com medo, apenas deitei na cama e fiquei quieta. Já não estava mais falando ao telefone com meus pais”, relatou.

Luma ressalta que foram momentos tensos, onde não sabia qual ação tomar. Permaneceu no chão. “Em questão de 2 minutos, iniciaram-se os tiros, foi horrível. Minha primeira ação foi se jogar no chão ao lado da cama. Os estilhaços acertaram minha janela, dessa maneira, parecia que estavam atirando em minha janela. Meu Deus, pensei que uma bala me acertaria naquele momento. Nesta hora minha meus pais ligaram ouvindo os tiros, ficaram desesperados, mas não podiam fazer nada”, disse.

A professora chegou a enviar um áudio para familiares e amigos relatando parte do conflito. Ao fundo da narração, o forte barulho de disparos derivados do confronto entre os policiais e os assaltantes. “O auge do meu desespero, foi quando o maior Tiro entrou na minha casa pela lavanderia. O barulho deste Tiro e os estilhaços foram assustadores. Até pensei que fosse o vidro da Sala, mas não, perfurou o azulejo da lavanderia. Por um momento até pensei que tivessem invadido minha casa, nunca imaginei que uma arma faria um estrago a metros de distância. Enfim, o confronto durou por volta de 8 minutos. Os piores da minha vida. Eu fiquei no chão por uns 15 minutos. Quando não ouvi mais tiros, corri para o banheiro com uma coberta na cabeça. No chão do banheiro, fiquei até as 5 horas. Voltei diretamente para o quarto e fiquei no chão”, contou.

Ela, que lida diretamente com educação infantil, disse que ainda está com medo do ocorrido. Tem dormido em casa de parentes. “Só fui andar pela casa, quando amanheceu. Estava com muito medo. Foi horrível quando vi o furo na varanda e quando vi as paredes externas e grades todas furadas. Chorei muito, imaginando que alguns daquele tiros poderiam ter me acertado. Não durmo desde então, estou com medo. Mas tenho a plena consciência que as mãos de Deus me protegeram”, completou a professora.

Um casal de idosos que mora na Rangel Pestana também esteve no meio do fogo cruzado. A mulher, que preferiu não se identificar, contou que se preparavam para dormir quando ouviram os primeiros disparos vindos da Rua Amando de Barros. Relatou que minutos depois os barulhos se intensificaram quando ouviram gritos e o confronto havia chegado em frente à sua casa. Ela e o marido foram para um dos banheiros da casa para escapar de possíveis balas perdidas.

O professor de judô, Argeu Maurício de  Oliveira Neto, é outra testemunha do conflito na região da Rangel Pestana. Acompanhou todo o confronto pelas câmeras de segurança. Como muitos botucatuenses, foi acordado pelas rajadas de metralhadoras vindas do Banco do Brasil, a poucos metros de sua casa. Junto com a família, ficaram apreensivos pelas informações que chegavam sobre o assalto e tiroteio. Foi quando, por volta da 1h50 de quinta-feira, 30 de julho, começaram a perceber movimentação estranha na Rua Brasil Gomes Pinheiro Machado (que dá acesso à Rangel Pestana).

Pelo circuito de segurança viram os seis veículos passando em alta velocidade, sendo que três pararam. Visualizou quando integrantes da quadrilha tiraram uma metralhadora do porta-malas da Land Rover. A pessoa manuseava a arma, que fazia disparos a esmo, até que o homem a apoiou em uma lixeira. “Vi que a arma ficou estabilizada e a partir daí foram mais tiros contra os policiais e a viatura, que vinha na direção contrária. Se os policiais não tivessem se protegido, certamente estariam mortos”, salientou.

Tanto ele quanto a família ficaram apreensivos e, ao mesmo tempo, chocados com a intensidade do confronto. Assim como todos os moradores da região, não saíram até a manhã, quando a área estava segura.

O roubo à agência do Banco do Brasil causou uma madrugada de tensão, com tiroteios intensos em diversas regiões da cidade. Ao todo foram feitos quatro reféns (três em uma farmácia e mais um empresário na região da Vital Brazil). A sede do batalhão da Polícia Militar também foi alvo do ataque, com uma caminhonete incendiada e deixada em frente à garagem das viaturas. Dois carros queimados serviram de escudos ao serem colocados atravessados na Rodovia João Hypólito Martins (Castelinho) no sentido capital/interior e, um caminhão incendiado e deixado atravessado na pista interior/capital da Rodovia Marechal Rondon, nas proximidades  do pedágio de Botucatu.

Na Rua Hortência, no Jardim Bom Pastor, novo cerco policial e confronto, com alguns dos integrantes da quadrilha invadindo uma casa e tentando fazer novos reféns. Alguns dos integrantes fugiram a pé para  uma região de mata. Momentos depois, um casal que transitava de moto pela Marechal Rondon foi assaltado por alguns dos integrantes. A moto foi localizada no período da tarde de quinta-feira, em frente a uma propriedade rural na Castelinho. Havia marcas de sangue tanto na parte do condutor quanto do garupa.

Ainda na manhã de quinta-feira, um homem de 29 anos foi morto pela polícia durante confronto nas proximidades da Rua Hortência e da Rodovia Marechal Rondon. É apontado como suspeito de integrar a quadrilha já que foi morto usando colete a prova de balas. Ele era morador de Botucatu e tinha diversas passagens pela polícia, inclusive por roubo e uso de explosivos. A polícia ainda investiga a participação no crime. Família contesta a acusação, dizendo que o mesmo era usuário de entorpecentes e que morava debaixo de um viaduto na região onde ocorreu a perseguição e o confronto.

Até o momento ninguém foi preso. Foi recuperado R$ 1,6 milhão do roubo. No domingo, 2 de agosto, a polícia prendeu cinco pessoas (quatro mulheres e um homem) acusadas de dar suporte logístico para a quadrilha. Uma das detidas admitiu ter recebido dinheiro para averiguar se havia alguém ferido em Botucatu. A Justiça decretou prisão preventiva dos mesmos.

Por Flávio Fogueral

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