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Os Estados Unidos adicionaram nesta sexta-feira (2) Cuba, Nicarágua e o grupo mercenário russo Wagner a uma lista de entidades que não respeitam a liberdade religiosa, abrindo caminho para possíveis sanções, uma iniciativa que Havana classificou como “desonesta”.
Ambos os países e o grupo russo, supostamente próximo do Kremlin, juntam-se assim a Estados como a China, a Arábia Saudita e o Irã nesta lista, “por terem cometido ou tolerado violações especialmente graves da liberdade religiosa”, afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, em comunicado.
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As violações da liberdade religiosa “semeiam divisão, minam a segurança econômica e ameaçam a estabilidade política e a paz”, disse Blinken. “Os Estados Unidos não ficarão de braços cruzados diante destes abusos”.
Cuba e Nicarágua foram incorporadas à lista como “países de particular preocupação”, o que significa que as duas nações, já objeto de sanções dos Estados Unidos, podem enfrentar medidas adicionais.
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Bliken manteve nesse rol todos os países de especial preocupação desde 2021: China, Eritreia, Irã, Mianmar, Coreia do Norte, Paquistão, Rússia, Arábia Saudita, Tadjiquistão e Turquemenistão.
sex., 2 de dezembro de 2022 2:26 PM
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, já tomou medidas drásticas conta a Igreja Católica desde que a acusou de apoiar os protestos de 2018 contra seu governo, que foram duramente reprimidos, resultando em mais de 30 mortes e milhares de exilados.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, rechaçou a iniciativa americana e chamou de “desonestas” as acusações de Washington.
“É sabido que em Cuba há, sim, liberdade religiosa”, reagiu Rodríguez em sua conta no Twitter. “A nomeação do nosso país na lista arbitrária demonstra que, novamente, o governo dos Estados Unidos precisa recorrer a acusações desonestas para manter a insustentável política de abuso contra o povo cubano”, acrescentou.
Prisões e assédio
Um bispo crítico do governo Ortega, Rolando Álvarez, foi posto em prisão domiciliar em agosto junto com outros sacerdotes e seminaristas presos por acusações não especificadas. Após o papa Francisco pedir diálogo em setembro, Ortega chamou a Igreja Católica de “ditadura”.
A designação de Cuba é a mais recente pressão sobre o governo da ilha comunista por parte do governo de Joe Biden, que tem em grande medida evitado a política do presidente democrata anterior, Barack Obama, de buscar uma aproximação de Washington com Havana.
Em seu último relatório anual sobre liberdade religiosa, o Departamento de Estado indicou um crescente assédio aos cristãos em Cuba, com a violência e as detenções de figuras religiosas por seus supostos papéis nas inéditas manifestações opositoras de 2021.
Também critica as restrições às igrejas protestantes não reconhecidas no país, que é governado por um regime de partido único, o comunista, desde a revolução liderada por Fidel Castro.
“Essas ações representaram uma guinada para se envolver e tolerar violações sistemáticas, flagrantes e contínuas da liberdade religiosa”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, a repórteres.
O governo cubano negou as acusações. “Sabe-se que em Cuba há liberdade religiosa”, afirmou o chanceler Bruno Rodríguez.
“A designação de nosso país em uma lista arbitrária mostra que, mais uma vez, o governo dos Estados Unidos precisa recorrer a acusações desonestas para manter uma política insustentável de abuso contra o povo cubano”, acrescentou.
Índia fora, Vietnã sob vigilância
Conforme esperado, Blinken não tomou nenhuma atitude contra a Índia, vista pelos Estados Unidos como um aliado-chave.
Essa decisão ignora uma recomendação da Comissão Autônoma dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional, segundo a qual o tratamento das minorias estava piorando “significativamente” sob o governo nacionalista hindu do primeiro-ministro Narendra Modi.
Em comunicado, a comissão disse estar “indignada” com a exclusão de Índia e Nigéria.
A Índia já havia manifestado mal-estar com o relatório anual, que documentava comentários incendiários de autoridades indianas e relatos de discriminação contra muçulmanos e cristãos.
Segundo o comunicado, o grupo Wagner foi incluído na lista por sua participação em abusos na República Centro-Africana, onde cristãos e muçulmanos se enfrentam em uma sangrenta guerra civil de quase uma década.
Os EUA estão considerando incluir em sua relação de organizações terroristas o grupo Wagner, que também esteve envolvido no Mali e foi acusado de violações dos direitos humanos em Líbia, Síria e Ucrânia.
Blinken também acrescentou a República Centro-Africana e o Vietnã a uma lista de vigilância, o que significa que serão classificados como “países de particular preocupação” sem avanços, junto com Argélia e Comores, que estão nessa lista desde 2021.
Ativistas de direitos humanos pressionam há muito tempo os Estados Unidos para que incluam em sua lista de desrespeito à liberdade religiosa o Vietnã, devido à forma como o governo comunista trata os budistas e outros grupos religiosos. Porém, sucessivos governos americanos vêm construindo laços com este outrora adversário de Washington.
Fonte: Yahoo!