26 abril, 2024

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Enfermeira morta em SP teve pedido de proteção negado pela Justiça

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A enfermeira Fernanda Sante Limeira, de 35 anos,  morta na manhã desta sexta-feira (22) em frente à Unidade Básica de Saúde República, quando chegava para trabalhar, teve negado pela Justiça pedido de medida protetiva em decisão proferida no dia 1º de junho. Ela havia solicitado proteção depois de se sentir ameaçada pelo ex-marido, Ismael dos Santos Praxedes. Ele foi preso em flagrante após o crime. Fernanda e Ismael disputava a custódia da filha que tiveram.

Em sua decisão, a juíza Camila de Jesus Mello Gonçalves afirmou que “a medida protetiva de urgência não se destina regular o contato entre os genitores e sua prole e nem deve prejudicar eventual reaproximação”, e que “em relação à requetente, os elementos são frágeis, haja vista a violência que se vislumbra na intensa disputa pela filha, desde a separação, a qual não se confunde com violência baseada no gênero.”

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Em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo informou que pela lei, os magistrados não podem se manifestar sobre os processos que estão julgando. Em relação ao processo movido por Fernanda contra Ismael, a juíza entendeu que, naquele momento, nao havia elementos que justificassem o deferimento de medidas protetivas.

Decisão da juíza negando medida protetiva para Fernanda (Foto: Reprodução)Decisão da juíza negando medida protetiva para Fernanda (Foto: Reprodução)

O advogado Ariel de Castro Alves diz que defendeu Fernanda entre 2013 e 2014. Ele afirmou que o ex-marido fez denúncias de supostos abusos sexuais cometidos por um namorado da Fernanda na época. “As denuncias não tinham nenhum fundamento, já que a própria filha dele negava os supostos abusos sexuais e também os maus tratos e o Inquérito Policial foi arquivado”, disse.

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“Não aceitava a separação do casal e vivia o tempo todo perseguindo Fernanda por meio da elaboração de vários Boletins de Ocorrência com acusações falsas de abusos e maus-tratos. Depois o ex-marido tentou a reversão de guarda da filha com base nessas acusações falsas de abusos e maus tratos e não obteve nenhum êxito.”

“Laudos do judiciário mostravam que ele nunca aceitou a separação. Era transtornado e obsessivo”, disse o advogado.

Tocaia

Uma testemunha disse que o ex-marido ficou de tocaia esperando Fernanda chegar para trabalhar. “Ele chegou por volta de 6h30 e ficou aguardando ali, com a mão na cintura e com um capuz aqui até o nariz aqui. Quando foi 7h em ponto essa moça passou. Ele não mencionou nenhuma palavra, ele só tirou o 38 da cintura, descarregou nela ali e correu pra dentro do Metrô”, disse a testemunha.

Ismael foi preso logo em seguida na Estação República do Metrô. Ele e Fernanda estavam separados há oito anos. O casal morava em Bebedouro, no interior do estado. Após a separação, Fernanda decidiu vir a São Paulo com a filha do casal.

Ismael foi preso logo em seguida na Estação República do Metrô (Foto: TV Globo/Reprodução)

Segundo uma amiga da vítima, Fernanda nunca mais teve sossego. “Ele sempre de alguma forma tentava forjar coisas pra incriminá-la. Sempre era chamada pra prestar depoimento, a menina acabava se expondo muito a isso e ele em nenhum momento pensava na filha”, disse.

O ex-marido queria a guarda da filha, que tem dez anos. Em uma conversa por telefone com a filha, ele diz que vai tirá-la da mãe. “Ela roubou você de mim, ela não tem que ficar com você, tem que ficar aqui comigo.”

A delegada responsável pelo caso disse que o enfermeiro permaneceu calado durante todo o depoimento. E também afirmou que as denúncias feitas por Ismael contra Fernanda nunca foram comprovadas.

Uma tia da vítima disse que em 2008 a enfermeira entrou com um processo contra Ismael por ameaça e agressão física e psicológica. O processo até hoje não deu em nada.

“Isso daí era uma tragédia anunciada, todos nós já sabíamos, no depoimento que eu dei em São Bernardo há mais ou menos 3 anos eu falei pra juíza: ele vai matar ela. Infelizmente a minha sobrinha estava sob a custódia do Estado, que mais uma vez falhou”, disse Dalva de Fátima, tia de Fernanda.

Testemunha diz que viu homem atirando (Foto: TV Globo/Reprodução)Testemunha diz que viu homem atirando (Foto: TV Globo/Reprodução)

A enfermeira era conhecida pelo trabalho com moradores de rua e de abrigos no Centro. O aposentado Oracides Ferreira diz que Fernanda era mais que uma amiga. “O que ela fez por mim jamais eu esqueceria. Eu dependeria do que precisava para o meu diabetes e ela não deixou faltar nada.”

A assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o ex-marido “foi autuado em flagrante e será indiciado por homicídio doloso qualificado. O caso está em elaboração no 1º DP (Sé) e foi instaurado inquérito policial. Testemunhas estão sendo ouvidas e a arma de fogo utilizada no crime foi apreendida.”

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde lamentou a morte da funcionária.

“A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) comunica com pesar o falecimento da enfermeira F.S.L., 35 anos, vítima de um homicídio ocorrido por volta das 7h da manhã de hoje, na porta da UBS República. Funcionária da unidade desde 2011, F.S.L. atuava na equipe de Consultório Na Rua, voltado ao atendimento à população em situação de rua, com dedicação e zelo.  A polícia está no local e o autor do crime foi levado ao 1º DP”, informa a nota.

A Unidade Base de Saúde República, onde a enfermeira trabalhava, vai ficar fechada até terça-feira (26), de luto.

Fonte: G1

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