28 março, 2024

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Dado como morto, homem volta a respirar em necrotério

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Milton Alves de Souza foi dado como morto e voltou a respirar enquanto era preparado para o velório (Foto: Reprodução/TV TEM)

“Trataram ele como um cachorro. Ele foi jogado em cima de uma mesa, pelado, jogaram água em uma pessoa com pneumonia, eles [do hospital] têm que dar uma explicação”, desabafa Maria Alves de Saraiva, irmã de Milton Alves de Souza, de 68 anos, que foi dado como morto pelo hospital da Zona Norte em Londrina, no norte do Paraná, e voltou a respirar enquanto o corpo era preparado para o velório.

De acordo com a Administração de Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina (Acesf), a morte foi informada pelo hospital às 16h20 desta quinta-feira (22), e por volta das 19h a preparadora de cadáver da autarquia notou que o homem estava respirando.

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Com a notícia da morte, a família comprou terreno em um cemitério, caixão e coroa de flores, além de alugar a capela para o velório. “Eu estava no velório e o corpo não aparecia nunca”, conta a irmã, que morava com Souza há aproximadamente 30 anos.

A família quer uma explicação do hospital que, segundo a irmã, até agora não falou nada sobre o caso. “Ressuscitar ele não ressuscitou, não existe isso. Ele nunca morreu”, diz Saraiva.

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A família do paciente já registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Homicídios relatando o ocorrido. Um advogado foi contratado para entrar com uma ação contra o hospital.

Estado de saúde

Da Acesf, o paciente foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao hospital Santa Casa de Londrina, onde chegou por volta das 21h12 de quinta.

Em boletim divulgado às 16h30 desta sexta-feira (23), o hospital informou que ele está em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Conforme a instituição, Souza está inconsciente, respirando por aparelhos. Hipotérmico, ele é mantido aquecido com uma manta térmica.

Histórico

Maria contou que os problemas de saúde do irmão começaram a se agravar há aproximadamente dois meses. Quando procurou o médico pela primeira vez, foi diagnosticado um derrame cerebral, que deixou Souza com dificuldades para falar e problemas de memória.

Um mês atrás, Souza foi diagnosticado com pneumonia. Ele também teve um derrame pleural.

A irmã disse que depois de um período de 15 dias internado, os médicos mandaram ele para casa. O médico da unidade de saúde que acompanhava o caso fez uma visita, disse que ele era paciente terminal e precisava ser removido com urgência para o hospital. Depois disso, Souza foi levado para o Hospital da Zona Norte, no dia 12 de setembro.

“Na terça-feira (20) ele estava bem, mas na madrugada de quarta-feira (21) teve as paradas cardíacas”, lembra a irmã. O hospital ligou para a unidade de saúde, que avisou a família.

Quando pediu notícias, na quarta-feira, Saraiva foi informada que ele era mantido por parelhos. “A médica disse que ele não deveria sobreviver e a gente disse pra deixar ele morrer em paz”, conta. A irmã lembra da médica relatando que ele já estava morto e que só respirava por causa dos aparelhos.

Perto das 13h de quinta-feira, a médica responsável pediu para a família assinar os papéis para retirar a medicação. “Sem os medicamentos, a médica disse que ele morreria em quinze minutos”, conta Saraiva.

“Ela nos mostrou os pés e as unhas dele, que estavam roxos, dizendo que ele já estava morto”, diz a irmã.

Na informação de óbito da Acesf, consta que Souza morreu às 15h, por parada cardiomiopatia, sepse de foco pulmonar, broncopneumonia e insuficiência renal crônica.

Acesf

“Assim que o hospital ligou informando sobre o óbito pedimos se a declaração de óbito estava preenchida e se o corpo estava no necrotério. Com a confirmação, uma equipe foi até a instituição e recolheu o corpo, com a declaração de óbito devidamente preenchida. Na Acesf, a família reconheceu o corpo e entregou a documentação necessária para o velório e enterro”, explica o superintendente da Acesf, Ademir Gervásio.

Ainda segundo o superintendente, após a família escolher os locais de velório e sepultamento, a servidora que prepara os cadáveres começou a cortar a barba do homem. Gervásio conta que foi nesse momento que a funcionária percebeu que o abdômen do homem estava mexendo.

“A servidora percebeu o movimento do abdômen por repetidas vezes, e como isso indica possíveis sinais vitais, chamamos o Serviço de Atendimento Médico de Urgência [Samu] que realizou alguns procedimentos. Após a constatação de que o homem estava vivo, o Samu o levou para outro hospital”, diz o superintendente da Acesf.

Constatação do óbito no hospital

O diretor-geral do Hospital da Zona Norte de Londrina Luiz Koury, informou que já determinou que a Ouvidoria entre em contato com a família para marcar uma reunião para a próxima terça-feira (27).

Koury também explicou que o óbito do paciente foi constatado por equipe de enfermagem capacitada e pelos médicos do hospital após o homem ter uma parada cardiorrespiratória.

Uma sindicância será aberta para apurar o caso, de acordo com o diretor-geral do hospital. A direção acredita em três possibilidades para o ocorrido.

A primeira é uma falha de procedimento interno, que levou os profissionais a atestar o óbito em um paciente que estava vivo.

A segunda é o paciente ter histórico de catalepsia, que é um distúrbio do sono – a pessoa entra em sono profundo sem movimentos e com batimentos cardíacos e respiração praticamente imperceptível.

A terceira possibilidade é a ocorrência da Síndrome de Lázaro. Essa síndrome se manifesta em pacientes que após a realização de diversas tentativas de reanimação o coração para de bater. Horas depois, por um motivo ainda desconhecido, o coração volta a bater.

“Acreditamos que tenha ocorrido essa síndrome, mas infelizmente não temos como comprovar. E se foi isso que aconteceu, será um caso extremamente raro, apenas 35 casos foram constatados no mundo”, pontua Luiz Koury.

Fonte: G1

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