28 março, 2024

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Cruella e o movimento Punk na moda dos anos 70

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Ao invés da velha Cruella fumando cigarro das adaptações anteriores da história, Emma Stone deu vida à protagonista como um ícone do punk rock. O filme se tornou uma homenagem nostálgica a uma era criativamente frutífera, repleta de mudanças sociais necessárias, mas muito difíceis.

Cruella é o terceiro filme de live action produzido pela Disney baseado na história de 101 Dálmatas. Trata-se de uma das filmagens mais luxuosas já produzidas e esteticamente pensada dos últimos anos. O filme chegou aos cinemas no dia 27 de maio e quem assistir pode esperar uma verdadeira imersão pela cidade de Londres dos anos 1970, desde a trilha sonora composta por ícones como Rolling Stones, David Bowie e The Doors até as grandes referências da moda rebelde, como Vivienne Westwood e Alexander McQueen. Jenny Beavan, a profissional encarregada pelos figurinos de Cruella, usou todas as convenções do mundo da alta costura: revelações espetaculares, designs ultrajantes e um forte contraste visual entre a moda das classes ricas e baixas para movimentar a trama.

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Ao todo, foram produzidos mais de duzentos e setenta figurinos para todo o elenco de Cruella, incluindo quarenta e sete looks para a protagonista, interpretada pela atriz Emma Stone. A intenção dos produtores do filme era criar designs únicos e originais que parecessem fiéis à época, mas que também fossem inovadores para o público atual. A equipe de figurinistas usou inúmeras peças vintage como referência, mas todas as roupas foram refeitas desde o início. A jaqueta militar que Estella usa em alguns momentos do filme, por exemplo, é bastante precisa do ponto de vista histórico, mas a intenção geral com o filme estava longe de transformar a Cruella em uma réplica da cena punk de Londres dos anos 70.

O cuidado com o visual não ficou apenas a cargo do papel de Cruella. Sua antagonista, a Baronesa, interpretada pela atriz Emma Thompson, representa o extremo oposto do movimento punk na moda londrina. Ela é a encarnação de grandes marcas de alta costura em alta naqueles tempos, como Balenciaga, Schiaparelli e Dior, apresentada sempre com peças escultóricas e severas. As fotografias dos estúdios da Dior dos anos 1950 foram a grande inspiração para o cenário do seu ateliê. Era necessário que tudo fosse muito preciso e elegante, com tudo disposto simetricamente e de uma maneira muito organizada. Todos os detalhes, como as amostras de tecido e a forma como os tecidos são colocados, foram retirados diretamente dos arquivos da Dior.

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No filme, a protagonista oscila durante algum tempo entre as suas duas personalidades: Estella e Cruella. Estella consegue perceber as coisas ao seu redor de uma forma que as outras pessoas não conseguem; Cruella, por sua vez, desafia o mundo. Aproveitando esses contrastes, as roupas da Cruella capturaram o espírito DIY (Do It Yourself / Faça você mesmo), anárquico e disruptivo do punk envolvendo o forasteiro, mas também representam sua dualidade e vulnerabilidade com elementos mais suaves e intrincados quando a Estella entra em cena.

Tanto a estética da Cruella quanto o seu comportamento são bastante punk rock. E embora o filme seja um deleite visual, com cenários ornamentados e figurinos enormes e maravilhosos, a direção do filme queria garantir que Cruella fosse uma história voltada para a personagem, permitindo que o espectador pudesse compreender uma mulher incompreendida no seu tempo. Nesse sentido, ainda que a moda fosse essencial, ela não poderia sobrecarregar o conteúdo criativo e a interação entre os personagens. As roupas têm que chamar a atenção no momento certo, os figurantes e o cenário não podem ser uma distração nestes momentos. De fato, alguns clichês sobre a vida londrina de 1970 estão presentes no filme, mas a realidade eclética da época precisava estar lá. Roupas, ambiente e veículos precisavam interagir como um todo orgânico.

O estilo Punk e o seu legado para a moda atual

O movimento punk surgiu pela primeira vez em meados da década de 1970 em Londres como um movimento anárquico e agressivo. Centenas de jovens da época se auto definiram como uma subcultura de rua, jovem, urbana e anti-moda. Tal movimento também foi acompanhado de perto pela música, dando origem ao gênero punk rock.

Suas roupas se adequaram ao estilo de vida daquela juventude menos abastada, composta por desempregados e por estudantes que abandonaram suas escolas de baixa renda. Os punks cortavam roupas velhas das lojas baratas e dos brechós, destruíam os tecidos e reformavam as roupas de uma maneira que até então jamais foi pensada, através de técnicas rudimentares, construindo visuais projetados para atrair a atenção.

As roupas eram desconstruídas para atingir novos formatos. Seus tecidos rasgados, bordas desfiadas e estampas desfiguradas agora são considerados comuns e todos nós adoramos alguma peça assim, mas na década de 70 isso chocou muita gente, pois, até então, o tecido era tratado como um material que deveria ser mantido sempre impecável.

As calças jeans skinny foram rasgadas deliberadamente, usadas acompanhando sapatos pesados da Doc Martens, um tipo de calçado utilitário voltado para empregadas domésticas e guardas de trânsito da época, algo que não era comum para o guarda-roupas das mulheres jovens. Os alfinetes e as correntes mantinham pedaços de roupa unidos. Correntes e cadeados passaram a ser utilizados como colares e até lâminas de barbear eram usadas como pingentes, algo comum hoje em dia.

O piercing está por todo o lugar hoje em dia. Ele entrou na moda muito rapidamente graças aos punks, começando no lóbulo da orelha com três furos, avançando para todo o contorno da orelha. Isso foi seguido pelos góticos que usavam piercings no nariz no início dos anos 80. Na década de 1990, os piercings na barriga, na língua e nos genitais conquistaram seguidores no mundo todo.

Os anos 90 foram marcados pela sofisticação da moda punk. O punk chique abriu caminho até o topo do mercado e, naquele momento, várias marcas de alta costura começaram a adotar alguns dos seus elementos. Hoje em dia, toda loja de roupas tem em suas vitrines peças rasgadas e propositalmente danificadas. Muitas delas são semelhantes ao conceito originalmente usado ​​pelos primeiros punks dos anos 1970.

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