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O período de quarentena causou, além de impactos sociais e comportamentais, consequências na economia. De uma forma geral, o setor atravessa um momento delicado, com pouco crescimento e aumento do número de trabalhadores desempregados.
No entanto, existem exceções que estão na contramão dessa tendência. Em agosto, ficou claro a retomada do setor imobiliário, que encontrou, ao longo da pandemia, condições ideais para voltar a crescer. E isso pode ser notado por uma procura mais intensa para o financiamento de imóveis.
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Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) ajudam a visualizar esse crescimento. Entre janeiro e agosto deste ano, foi registrado um aumento de 44% na procura pelo crédito imobiliário em relação a 2019.
Essa é a maior alta de um ano para o outro desde 2015, com os financiamentos disponibilizados somando quase R$ 66 bilhões para as pessoas físicas. E essa maior procura já causa alguns impactos no setor.
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O mais perceptível é o aumento no preço dos imóveis. Um levantamento realizado pelo Índice FipeZap de outubro mostrou que o valor de venda dos tipos residenciais aumentou 0,53% em setembro em relação a agosto. Essa é a maior variação em seis anos na comparação de um mês para o outro.
Porém, a inadimplência também cresceu, mostrando que os efeitos da pandemia ainda se fazem visíveis. No caso dos financiamentos que utilizam recursos do FGTS, foi registrado um aumento de 35% no número de pagamentos atrasados, ao se comparar o primeiro semestre de 2020 com o do último ano.
Fatores para o crescimento
Alguns fatores colaboraram para que esse crescimento fosse possível. Ele já vinha melhorando antes da chegada da pandemia no país e, assim como outros setores, também sofreu com quedas em um primeiro momento. Mas agora, ele começa a retomar o fôlego de antes e voltar a crescer.
Uma das causas para isso foi a queda dos juros para esse tipo de financiamento. Essa redução permitiu que as parcelas cobradas pelos bancos ficassem mais acessíveis e fáceis de pagar. A diminuição colaborou até mesmo para que o poder de compra das pessoas fosse maior nesse cenário.
Isso porque o decréscimo dos juros fez com que as parcelas de imóveis de maior valor ficassem mais baratas. Assim, as famílias hoje têm condições de investir em residências mais caras. Os milhares de reais de diferença nessa compra não pesam tanto com os juros reduzidos, não refletindo no orçamento mensal dos compradores.
Outro fator que colaborou foi o recorde de captação que houve na poupança. Receosas com o cenário, muitas pessoas optaram por guardar uma reserva nela, o que é algo favorável para o financiamento imobiliário, uma vez que é a principal fonte de recursos da modalidade.
Além dos juros mais baixos e da facilidade de conseguir crédito, o valor mais baixo dos imóveis também colaborou para a retomada mais rápida desse setor. No entanto, assim que a procura aumentou, o valor de mercado voltou a subir.
Se a casa própria já é um sonho para a maioria das famílias, a pandemia reforçou esse desejo. Isso porque muitos funcionários passaram a trabalhar no regime de home office.
Como a transição aconteceu de forma repentina, muitos deles perceberam que não tinham a estrutura necessária em casa para o trabalho remoto. Motivo que levou muitas pessoas a procurar por um lugar em que pudessem trabalhar de forma adequada.
O longo prazo para pagamento de parcelas, que pode chegar a 420 meses, foi outro fator decisivo para convencer famílias a realizarem esse investimento e tornar esse sonho realidade.