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Mais antiga empresa em atividade no País – fundada em 1623 -, e passando por uma das mais graves crises de gestão e receita, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos prepara abrangente plano de reestruturação de atendimento e logística, o que pode ocasionar o fechamento de 513 agências e a demissão de 5300 funcionários em todo o Brasil.
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A informação foi divulgada previamente no final de semana pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, que detalhou pontos de uma reunião secreta da cúpula da empresa estatal. A ata, tida como secreta, teve o teor divulgado pela publicação. A decisão foi aprovada pela Diretoria e Conselho de Administração da empresa no início do ano.
Somente em São Paulo, a medida atingirá 196 agências, sendo 90 na capital e 77 no interior. O documento da reunião não especificou quais unidades próprias da estatal serão encerradas, mas definiu alguns critérios, que vão desde a rentabilidade limite para a continuidade da agência e possíveis cargos a serem extintos.
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Por meio de nota oficial, a empresa atribui a decisão a um “redesenho da rede de atendimento” e que a medida visa a melhoria dos serviços prestados à população. Sintetiza que, ao final de sua implantação (não foi informado o cronograma da medida), os canais disponibilizados “para o atendimento ao público será maior do que o número de agências existentes no país”.
No entanto, os Correios confirmam que unidades próprias serão encerradas, mas salienta que não “há definição de quantas unidades terão suas atividades encerradas, pois a empresa vem realizando estudos pormenorizados de readequação de sua rede, o que inclui não apenas a sua rede física de atendimento como também novos canais digitais e outras formas de autosserviços”.
Tais estudos são, inclusive, acompanhados pelo Tribunal de Contas da União, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o ex-presidente dos Correios, Guilherme Campos, ressaltou que serão fechadas as agências próprias que ficam próximas de outras operadas por agentes privados. O documento obtido pelo jornal detalha o plano de recuperação financeiro e dispõe que, para o primeiro semestre deste ano, serão 275 agências cuja estimativa de economia se aproxime de R$ 68 milhões.
As atividades serão encerradas, segundo a ata da reunião, por causa de baixa obtenção de receita (R$ 300 mil por ano), menor proximidade geográfica (distâncias que vão de 1 a 4 quilômetros de outras unidades franqueadas ou mesmo próprias).
Como a medida ainda não é detalhada pelos Correios, o Sindecteb (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Similares de Bauru, Araçatuba, Botucatu, Presidente Prudente e Região), demonstra preocupação com a iminência da reestruturação. A motivação é quanto a possibilidade de encerramento das 77 unidades próprias no interior paulista.
Segundo informações do site oficial da empresa, a diretoria regional dos Correios no interior paulista concentrava, em 2016, 12.920 empregados, representando 11% do total de efetivos de seu quadro funcional.
Botucatu
Pelo site dos Correios, Botucatu possui sete agências, sendo duas franqueadas (na Vila dos Lavradores e na Rua Amando de Barros); duas comunitárias (nos Distritos de Vitoriana e César Neto); e as agências na Avenida Floriano Peixoto, no Conjunto Habitacional Humberto Popolo (Cohab 1) e no Distrito de Rubião Júnior.
Vinícius de Oliveira, diretor do Sindecteb, ressalta que, caso a medida seja oficialmente adotada, o impacto em Botucatu poderia ocasionar a demissão dos funcionários que têm a função de atendimento comercial. Segundo o sindicato, o município possui 71 empregados com vínculo por meio de concurso público, sendo 61 exercendo as funções de carteiro e operacionais.
O diretor ressalta que a situação em Botucatu ainda é considerada indefinida (pela distância entre as agências), mas o sindicato observa com certa “desconfiança”, já que o plano foi tratado às portas fechadas.
Um ofício foi encaminhado esta semana à Diretoria Estadual pedindo explicações e detalhamento do plano de ação. “Essa informação foi vazada pela imprensa e ainda não sabemos os detalhes de como isso funcionará. O ofício foi enviado para que nos fosse passado as agências e critérios para esse fechamento”, salientou.
Oliveira ressalta que desde o ‘vazamento’ das informações, representantes sindicais têm se reunido diariamente para obter detalhes e traçar planos de ações. Não é descartada paralisação nas cidades que porventura venha a ser confirmado o fechamento das agências.
Fonte: Jornal Leia Notícias Por Flávio Fogueral