26 de dezembro, 2024

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Botucatu: Projeto de humanização em cirurgias ‘transforma’ crianças em astronautas e fadas

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Aos 4 anos, o pequeno Thomaz Borges Rocha Chagas precisou enfrentar o centro cirúrgico do Hospital estadual em Botucatu (SP). O procedimento foi realizado há pouco mais de um mês.

A mãe, Gabriela Borges, já sabia que seria um desafio para o filho, que precisava passar por cirurgia de adenoide e retirada da amígdala. Ela conta que, quando bebê, Thomaz teve uma pneumonia e precisou ficar internado, desde então o menino tinha verdadeiro pavor de hospitais.

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“Ele passou a ter medo de tudo, de gente de branco, até em consulta de rotina ele dava trabalho. Quando o Thomaz foi fazer os exames pré-operatórios ele tremia. É uma tortura para uma mãe”, conta Gabriela, que mora em Avaré (SP) com o garoto e outros três filhos, dois deles irmãos gêmeos do Thomaz.

Mas a história teve um final feliz dessa vez, graças ao Projeto “Minha Aventura no Hospital”, desenvolvido pela equipe pediátrica do Hospital Estadual de Botucatu.

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A ação que tem o objetivo de humanizar os processos da cirurgia pediátrica transforma as crianças em astronautas e fadas e as levam para uma viagem ao espaço ou para uma floresta encantada. (Veja no vídeo abaixo).

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A interação com esse universo da imaginação começa no pré-operatório, na preparação das crianças antes da anestesia. Gabriela conta que no dia dos exames, ela falou com as enfermeiras do trauma que o filho tinha de hospital e que estava bastante preocupada.

“Eu perguntei se poderia acompanhá-lo até sedarem ele, mas elas disseram que não era possível, mas para eu ficar tranquila que a equipe sabia como acalmar as crianças. Só não imaginava que era assim, quando deram o capacete de astronauta para o Thomaz e o brinquedo que com um botão se transformou no planetário, eu fiquei encantada.”

Segundo a diretora do hospital, a médica Silke Weber, a ideia do projeto é melhorar o atendimento à criança, facilitar sua entrada no centro cirúrgico, reduzir os mais diversos sentimentos como medo, angústia e a insegurança nas crianças que precisam de um tratamento ou de uma cirurgia, por mais simples que ela seja.

“Sabemos que toda cirurgia gera preocupações e incertezas, principalmente a de uma criança. Assim, resolvemos fazer com que a cirurgia, na mente da criança, se transforme em uma grande viagem. Há uma boa interação entre os anestesistas, a equipe cirúrgica e a equipe de enfermagem, e todos participam ativamente na criação da fantasia”, conta a médica.

“A maioria das crianças já entra na sala conversando com a fada, falando palavras mágicas para a porta da floresta se abrir, segurando a máscara para poder voar, ou então procurando o seu planeta destino na sala entre a decoração”, completa Silke.

Pais tranquilos

O processo de humanização ajuda também os pais que vivem um momento de tensão do lado de fora.

“O que me marcou muito foi ver meu filho interagindo e rindo na maca a caminho do centro cirúrgico. Para uma mãe isso é um bálsamo, um alívio no coração”, afirma Gabriela.

O medo deu lugar a uma nova experiência e, segundo a advogada, isso colaborou muito para a recuperação do filho após a cirurgia, que foi realizada no dia 8 de setembro.

“Quebrou o trauma que ele tinha. Meu filho acordou da cirurgia muito bem, teve pouca dor e no dia seguinte recebeu alta. Foi muito gostoso ouvir da equipe que Thomaz fez todos rirem no centro cirúrgico quando ele viu uma imagem de um astronauta loirinho e disse que era ele. Agora acha a cirurgia uma coisa legal e essa lembrança que ele vai ter para sempre.”

Gabriela conta que o irmão gêmeo de Thomas, o Heitor, também terá que passar por uma cirurgia de adenoide e acredita que com a experiência do irmão tudo será mais fácil.

Thomaz e os irmãos Heitor, Gabriel e Sophia  — Foto: Gabriela Borges/ Arquivo pessoal

Thomaz e os irmãos Heitor, Gabriel e Sophia — Foto: Gabriela Borges/ Arquivo pessoal

“Acho que todo o hospital deveria ter projetos assim no atendimento às crianças. Sabendo do quanto foi importante para o Thomaz, vou com o meu coração em paz para a cirurgia do Heitor.”

O projeto “Minha Aventura no Hospital” foi implantado em junho no Hospital Estadual de Botucatu, já com as adaptações necessárias por causa da pandemia do coronavírus. A equipe responsável pelo projeto é formada pelos profissionais Rafaela Prata, Gabriel Ferreira, Marla Avila, Andrezza B. Castro e Silke Weber.

Gabriela afirma que a forma como a cirurgia foi realizada, trazendo tranquilidade para o filho, foi importante na recuperação dele — Foto: Gabriela Borges/ Arquivo pessoal

Gabriela afirma que a forma como a cirurgia foi realizada, trazendo tranquilidade para o filho, foi importante na recuperação dele — Foto: Gabriela Borges/ Arquivo pessoal

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