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Morreu hoje em Botucatu, aos 86 anos, Dona Maria Thereza de Oliveira Guimaraes, a “madrinha” da cultura dos sacis na cidade.
Dona Thereza ficou nacionalmente conhecida ao participar do programa Mais Você da Ana Maria Braga, em 2007. Ela participou também do programa Brasil Total da apresentadora Regina Cazé.
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Na época, os Criadores de Saci puderam mostrar a força da cultura folclórica botucatuense. Foi nesse momento que a cidade ficou conhecida como a Capital Nacional do Saci.
A Polenta do Saci
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Dona Maria Thereza também é responsável pela receita e pela tradição da Polenta do Saci.
Certo dia, Maria Tereza Oliveira Guimarães, decidiu fazer uma polenta com frango para atender aos desejos de filhos e netos que estavam na casa. Como eles estavam com um pouco de pressa, ela colocou a polenta em duas travessas para esfriar mais rápido e deixou-as em cima da mesa, próximo à janela da cozinha. Enquanto isso, Maria Tereza foi cuidar do molho de frango.
Quando voltou para buscar a polenta viu dois sacis carregando as travessas. Ela tentou recuperar os pratos, mas os dois pernetas foram mais rápidos e conseguiram escapar. Ela conta que do outro lado do muro haviam outros sacis dando cobertura para os dois que entraram na cozinha.
Enquanto ela tentava recuperar a polenta, outros sacis entraram na cozinha e pegaram a panela com o frango. Maria Tereza tentou, então, salvar pelo menos o molho, mas não teve sucesso. Enquanto se preocupava em recuperar o frango, um grupo de sacis aproveitou para mexer no varal, deram nó nas roupas, amarraram os cadarços dos tênis e aprontaram uma série de outras malvadezas. “Foi uma loucura”, recorda ela.
A polenta, o frango e algumas peças de roupas foram encontradas na casa dos vizinhos. Segundo Maria Tereza, os sacis fazem isso para forçar o relacionamento entre pessoas próximas.
Quando foi convidada para comparecer ao programa de Ana Maria Braga, Maria Tereza se comprometeu em levar dois sacis de presente para a apresentadora. Mas quando parou em um restaurante para almoçar, próximo a Bofete, o casal aproveitou o descuido conseguiu fugir para o mato que havia ao lado da rodovia.
Segundo ela, os sacis adoram a mata. Ela conta que por várias vezes um de seus filhos tentou levar um casal para o sítio dele em Porangaba, mas quando chega na serra de Botucatu, eles escapam e partem direto para o meio da mata. Já aconteceu de alguns saltarem sobe a caminhonete para pegar uma carona até perto de Botucatu.
De acordo com Maria Tereza, os sacis não gostam da cidade por causa do barulho. Eles preferem ficar na mata, que é mais silenciosa e tem um clima mais ameno. Além disso, é lá que está seu alimento. Saci não come polenta nem frango. Eles preferem frutas, brotos de bambu e peixes. Segundo ela, é possível atrair um saci para dentro de uma garrafa usando como isca goiabas e bananas.
Um saci não mede mais do que 1,20 metro de altura. Na média, ele tem cerca de 80 centímetros. A alegria é a marca registrada deles. Quando se machucam, eles choram de dor, mas logo estão brincando novamente.
Maria Tereza conta essas histórias para crianças do ensino fundamental e elas não perdem um detalhe. Algumas, inconscientemente, chegam a imitar os sacis quando Maria Tereza falou da alegria que reina entre os sacis, que eles se ajudam, que se preocupam uns com os outros e que apesar da dor voltam a brincar rapidamente.
Ela lembra que um dia, logo depois de ter contado isso para um grupo de alunos, um deles tropeçou, caiu, começou a chorar e os amiguinhos foram consolá-lo. Em pouco tempo, ele levantou disse que estava tudo bem e voltou a brincar, numa imitação da história que haviam acabado de ouvir.
“É obrigação dos pais contarem histórias para seus filhos. Eles viajam no mundo da imaginação, chegam a fazer parte das histórias”, diz. Além de estimular a fantasia, contar histórias ajuda a desenvolver na criança o interesse pela leitura, argumenta Maria Tereza. ( jcnet)