18 abril, 2024

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Botucatu: Aluna que enviou áudio racistas para grupo no whatsapp pode pegar de 1 a 3 anos de prisão: ‘Nego sujo’

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Áudios enviados em um grupo de alunos no WhatsApp revelam as ofensas de cunho racista feita por uma das estudantes contra uma das professoras e o coordenador do curso de técnico de enfermagem em Botucatu (SP). As vítimas registraram boletim de ocorrência no último dia 6 de abril.

De acordo com o Delegado  Marcelo Lanhoso de Lima, em entrevista para a TV TEM, após a perícia dos áudios, a aluna será indiciada e poderá pegar de 1 a 3 anos de prisão pelo crime de Injuria Racial.

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Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena – reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)

Nas mensagens, a aluna ofende a professora, a enfermeira aposentada da Unesp de Botucatu, Luzia Aparecida Martins da Silva, de 56 anos, e o coordenador do curso, José Carlos Camargo, de 53 anos. A aluna chega a xingar José Carlos de “nego sujo” e ainda diz que “dar poder a negro dá nisso”, se referindo ao método de estudo aplicado contrário ao que a aluna desejava.

As ofensas foram enviadas no grupo após uma discussão sobre os métodos da professora nas aulas online.

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Após o ocorrido, as vítimas registraram um boletim de ocorrência e o inquérito foi instaurado. De acordo com Luzia, os áudios foram revelados no dia 1º de março, quando José Carlos recebeu uma mensagem de outra estudante do curso contando sobre o que havia ouvido no grupo de WhatsApp.

A aluna disse que se sentia indignada com a postura da colega, não só pelo teor absurdo das ofensas, mas por ela também ser negra.

“Só que por eu ser preta, eu sei que no cotidiano da vida da gente, a gente ouve muito isso, que preto não pode isso, que preto não pode aquilo. E agora que eu consegui correr atrás de uma profissão, porque trabalho e graças a Deus eu sempre trabalhei desde nova, nunca tive preguiça de trabalhar, mas ouvir, de novo, que preto não pode crescer na vida, que preto não pode isso e não pode aquilo, me doeu muito e eu acho que deveria passar isso pra você”, relatou a estudante ao coordenador.

Em nota, o Colégio Técnico Maria Vitória disse que repudia quaisquer formas de discriminação e preconceito racial, mas salienta que os fatos aconteceram fora do ambiente escolar.

G1 tentou contato com a aluna que gravou os áudios com as ofensas, mas ela não atendeu as ligações e também não respondeu as mensagens.

A Tv Tem reproduziu os áudios no Jornal desta segunda (12)

Entenda o caso

A aluna havia feito uma reclamação ao coordenador no dia 31 de março sobre os métodos de ensino utilizados por Luzia nas aulas online e alegou que a professora destinava um tratamento diferente aos alunos que já estavam matriculados na turma e os que estavam chegando no curso, segundo José Carlos.

Diante da situação, o coordenador combinou com a aluna de fazer uma reunião no dia seguinte, 1º de março, para conversar com a professora e também com todos os outros alunos durante o horário da aula no período da manhã.

José Carlos conta que na reunião percebeu que a situação se tratava, na verdade, da dificuldade da aluna de acompanhar o ensino remoto e, por isso, ele disse aos alunos que era preciso se adaptar as circunstâncias apesar dos obstáculos do ensino virtual e que eles fariam o possível para viabilizar o bom andamento das atividades do curso com o intuito de buscar uma solução pacífica para o conflito.

“Percebi que o problema em si não era a metodologia e nem nada, era especificante a dificuldade que essa aluna tinha de estar aprendendo por ser o modo remoto e eu expliquei que no momento da pandemia era a única forma de dar continuidade a esse curso. E que, infelizmente, não tinha outro jeito e eles precisavam se adequar a essa nova realidade que o Brasil e o mundo está passando e a professora deixou bem claro que estava aberta a críticas e a mudanças.”

Segundo o coordenador, a reunião foi encerrada e tudo parecia ter sido resolvido, já que nenhum aluno teve dúvidas ou se manifestou. No entanto, depois da aula, a estudante que havia feito a reclamação da professora, enviou mensagens a um grupo de Whats App com outras alunas discordando da postura do coordenador e utilizando ofensas racistas para se referir a postura dele e de Luzia.

“Eu fiquei muito incomodado e muito chateado, ela ofendia a mim diretamente e a professora também por nós sermos negros, estarmos lecionando e termos uma posição de destaque. Fiquei extremamente magoado, não só eu como a minha família, principalmente, minha filha que tem a mim como exemplo e está estudando para lecionar e ser uma futura profissional da saúde. A gente acha que isso não pode parar por aí. Como alguém que está estudando para ser uma profissional de saúde faz uma discriminação dessa? “, explica o coordenador.

A professora fala que se outra aluna não tivesse comunicado a ela e ao coordenador sobre o fato, a situação poderia ter ficado impune e salienta que o episódio, que aconteceu apenas por uma discordância sobre a forma como ela organiza as suas aulas, não precisava ter chegado a esse ponto.

“Isso aconteceu na quinta-feira, dia 1º, e você não tem noção de como eu passei o fim de semana. Se a outra aluna não tivesse nos reportado sobre esse grupo paralelo, nunca saberíamos o que aconteceu. Foi uma confusão causada por nada”, diz Luzia.

O caso foi registrado como injúria racial e está sendo investigado pela Polícia Civil, que informou que as partes serão intimadas para prestar esclarecimentos.

Com G1

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