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Abordei este tema na última edição da Revista Leia Notícias, mas de tão atual, resolvi escrever um pouco mais sobre ele.
Dogville, filme dirigido pelo polêmico dinamarquês Lars Von Trier, fala (do que eu chamo) de condição humana. Trata-se de uma obra prima em que os personagens buscam uma compensação para cada ação. A história se desenvolve em capítulos que, enquanto são apresentados, vão mostrando seus personagens se despindo, moralmente. Retrato de pessoas cruéis, mesquinhas, egoístas e arrogantes, este filme nos incomoda.
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Fazendo um paralelo com nossa vidas e com o que vivemos muitos dias, será que não estamos em uma imensa Dogville? Será que temos sempre um cenário propicio para que as pessoas que estão próximas a nós possam, de repente, começar a se despir, revelando ângulos ou lados que não conhecemos?
Não quero aqui mostrar apenas amargura e pessimismo, mas personagens como os de Dogville podem entrar em nossas vidas assumindo papel principal e depois sair pelos fundos de nosso convívio, sem deixar marcas ou pegadas.
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Não podemos deixar que nossas vidas, nosso mundo, termine como Dogville. Temos que reagir. Apertar o stop da tela onde está passando este filme e mudar seu roteiro. Trocar personagens, mudar os cenários e trazer a luz do sol para um ambiente escuro.
Já vi e ainda vejo personagens pétreos derreterem na minha frente com se fossem de gelo expostos ao calor. Não podemos fazer o que Von Trier fez com seus personagens.
Confio ainda naqueles que nos cercam e que podem mudar este roteiro, afastar os personagens de Dogville que estão por aqui. Vamos mudar o rumo de nossas vidas e de outros locais quando necessário.
E, como a mágica mudança do leito de um rio veloz, vamos mudar o destino destes personagens. Dar a eles caráter, solidariedade, seriedade, equilíbrio e emoção. E injetar em suas veias muita coerência e honestidade.
Dr. André Balbi é médico nefrologista, professor associado de Nefrologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e atual Superintendente do HCFMB.
Jornal Leia Notícias
