02 maio, 2024

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Arena construída para comícios de Hitler vai sediar casa de ópera

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A administração da cidade de Nurembergue confirmou nesta quarta-feira (15) que uma antiga construção nazista abrigará temporariamente a Ópera de Nurembergue.

O edifício em forma de U visava representar todo o poder do regime nazista: o pavilhão de congressos do antigo Reichsparteigelände (arena de desfile do partido nazista) foi construído para abrigar gigantescos comícios e eventos de propaganda do Terceiro Reich.

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Hitler imaginou proferir seus discursos no lugar diante de cerca de 50 mil pessoas – o dobro do número de pessoas que caberia no Coliseu de Roma.

Entretanto, o prédio não chegou a ser concluído. Tal como aconteceu com muitos outros gigantescos projetos arquitetônicos do Terceiro Reich, o partido fascista não tinha dinheiro e mão de obra para realizar essas visões – a Segunda Guerra Mundial consumiu todos os recursos.

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No final, o enorme pavilhão de congressos tornou-se um grande pátio emoldurado por paredes de tijolos de quase 40 metros de altura, tornando-o uma reminiscência de antigas arenas de batalha.

O edifício permaneceu como um símbolo do fracasso da megalomania nazista. Junto com o complexo de edifícios Colosso de Prora na ilha de Rügen, é um dos maiores edifícios monumentais preservados da era nazista.

Agora, a ópera e o balé do Teatro Estatal de Nurembergue passarão para o gigantesco pátio, que terá um telhado provisório construído sobre ele. As apresentações acontecerão no local. Oficinas, salas de ensaio e escritórios ficarão localizados no prédio em forma de U.

A atual sede da Ópera de Nurembergue precisa de sete a dez anos para sua renovação e, portanto, vale a pena investir na estrutura temporária da velha construção nazista. A secretária de Cultura de Nurembergue até propôs que o prédio seja usado permanentemente como centro cultural.

“A memória não deve ser diluída”

Mesmo assim, o projeto tem muitos críticos. “O que me dá dor de cabeça é a pergunta: vocês querem converter um prédio desses em um centro cultural chique?”, disse o chefe do Centro de Documentação do Reichsparteitagsgelände, Florian Dierl, à agência de notícias alemã DPA. Ele enfatiza que a cultura não deve diluir a função do lugar do memorial.

Historiadores de várias associações se manifestaram em uma carta aberta, escrevendo que o prédio é um dos mais importantes legados arquitetônicos do nazismo na Alemanha e não uma propriedade que pode ser usada à vontade.

O historiador Hans-Christian Täubrich acredita que as apresentações de ópera ficariam deslocadas nesse local.

“Isso simplesmente seria uma distração em relação ao foco principal, que é essa monstruosidade”, disse ele à rádio pública alemã Bayerischer Rundfunk. “Essa monstruosidade também é sinônimo de todas as coisas monstruosas que aconteceram em nome da Alemanha durante o regime nazista.”

Eterno foco de disputas

Durante anos, houve uma série de disputas sobre o uso do prédio. Logo após a Segunda Guerra, abrigou exposições e reuniões. Na década de 1960, havia propostas para convertê-lo em um estádio esportivo. Em 1987, a administração da cidade rejeitou a ideia de um investidor de transformar o edifício em centro comercial e de lazer.

Desde 2001, a ala norte do edifício abriga o Centro de Documentação do Reichsparteitagsgelände, enquanto a ala sul abriga a Orquestra Sinfônica de Nurembergue desde 1963. No verão, a orquestra faz concertos ao ar livre em parte do pátio interno.

O diretor artístico da orquestra, Lucius A. Hemmer, disse ao site de notícias Nordbayern.de que considera “encantadora” a ideia da companhia de ópera se mudar para lá. Ele diz estar feliz porque as conversas finalmente estão evoluindo e as decisões estão sendo tomadas após anos de debate.

Há muito tempo ele esperava uma decisão sobre como o prédio deveria ser usado. “Até hoje, ainda não sabemos: este é agora um memorial ou devemos desenvolver o prédio? É uma ruína, um memorial, um museu ou um local de eventos?”

A cultura deve abordar a história

Esta questão surgiu em relação a muitos edifícios nazistas e continuará. Em Berlim, há planos de converter também em um centro cultural o aeroporto de Tempelhof, que foi concebido como uma espécie de porta de entrada para a utópica Germania de Hitler.

Lidar com o legado do nazismo continua sendo um tema delicado na Alemanha e uma grande importância é atribuída à cultura da memória. Para alguns críticos, privar uma estrutura nazista de seu significado como um lugar da história, mudando seu uso, é visto como atitude irresponsável.

Seria concebível, entretanto, que a ópera lidasse com a história sombria do local em seus programas. Afinal, a cultura oferece muitas oportunidades para iniciar uma discussão sobre a história – especialmente o passado nazista – em vez de ofuscá-la.

Fonte: Yahoo!

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