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As marcas de uma relação abusiva são parte da imagem que a vendedora Aline Guimarães, de 38 anos, precisa encarar todos os dias. No dia 21 de julho, ela foi esfaqueada mais de 70 vezes pelo ex-companheiro, que invadiu a casa dela em Taubaté por não aceitar o término do namoro.
Depois de passar três dias em coma e duas semanas internada, ela faz agora tratamento para recuperar os movimentos do lado esquerdo do corpo. Ao relembrar as agressões, faz um alerta para conscientizar outras mulheres que enfrentam relacionamentos do mesmo tipo.
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“Hoje, tenho essa consciência de que eu deveria ter tomado uma atitude antes. Não existe o ex-agressor. Agrediu uma vez, ele vai agredir a segunda, a terceira”, afirma.
O agressor está preso na P2 de Tremembé e vai passar por audiência no dia 27. Aline teme que o ex possa ficar livre e diz que ainda convive com o trauma.
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“Sinto muita dificuldade para conseguir dormir. Quando fechos os olhos, eu sonho muito com o que aconteceu. Tenho vários pesadelos”, diz ela.
Histórico
O caso ocorreu pouco antes das 6h da manhã. “Acordei com um estouro de uma janela de blindex da lavanderia, ele subiu pelo telhado. E ele pulou de um lugar muito alto, inacreditável. Quando escutei aquele estouro e a vizinha já gritando meu nome, porque segundo ela, já estava alerta porque o cachorro latia.”
De acordo com a vendedora, que está afastada do trabalho devido às lesões, o ex-namorado a procurava havia alguns dias para tentar reatar a relação, mas, segundo ela, em nenhum momento a ameaçou.
“[Ele era] Politicamente correto, aquela pessoa que quando eu apresentava para alguém, todo mundo admirava. Ele era muito dedicado ao trabalho e à família”, explica Aline.
“Quando saí da porta do quarto ele já estava na sala, de frente para mim, com uma máscara de lã que ele levantou e já estava com a faca apontada. Não teve nem conversa, já deu o primeiro golpe. Pedia muito para ele para parar e nisso os vizinhos começaram a sair na rua e a gritar.”
Antes disso, o ex-namorado já a havia agredido, mas pediu perdão.
“Há um ano ele me agrediu por duas horas e me deixou cheia de hematomas”, lembra Aline. “Eu estava decidida a não voltar, mas como eu gostava muito dele e ele me procurou dizendo que queria fazer tratamento, que ele queria me pedir perdão perante toda a família dele, inclusive ele fez isso, resolvi dar uma chance.”
Em um áudio enviado a uma amiga, ela chegou a relatar o medo que sentia. Agora, Aline espera que ele permaneça preso e pede justiça.
“Em relação à Justiça, deixo na mão de Deus e das autoridades e quero que a punição seja de acordo com meu sofrimento. Tenho receio. Ele demonstrou que [o intuito] era de realmente me ver morta. Tenho medo de que ele saia e possa me fazer alguma coisa.”
Fonte: G1