28 de dezembro, 2024

Últimas:

10 dicas para gerar conexão com os Autistas: Dizer o óbvio é essencial e evita crises, ensina palestrante

Anúncios

“Dizer o óbvio sobre as coisas pode não ter importância para você, mas para o autista é essencial, porque a explicação gera entendimento, traz conforto, evita frustrações e possíveis crises.” O ensinamento é de Marcos Petry, 30 anos, que possui Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3. Após a evolução de seu quadro clínico, Petry se especializou e se transformou em uma espécie de porta-voz do autismo pelo Brasil. Atualmente, ele palestra sobre o tema país afora, relatando os obstáculos enfrentados, em especial, durante a fase escolar.

Autor do canal “Diário de um Autista”, com quase 170 mil inscritos no Youtube, Petry encara como propósito orientar leigos e profissionais ligados à área da educação a como lidar com o transtorno a partir da perspectiva de uma pessoa com autismo.

Anúncios

“Minha mãe era muito chamada na escola, as professoras diziam que eu ficava no mundo da lua e era mal educado. Isso porque eu demorava para responder os comandos, porque não entendia na hora, e também não olhava para elas. Ninguém entendia que o balanço que eu fazia era um preparo para responder as perguntas feitas. Eles queriam que eu agisse e aprendesse como os outros alunos, mas o autista leva um pouco a mais de tempo. E essas cobranças geravam frustração e nervoso… foi uma fase difícil”, lembra ele.

Segundo Petry, que hoje é formado em comunicação e pós-graduado em TEA pelo Child Behavior Institute of Miami, os autistas sentem 5% a mais de sensações. “Parece pouco, mas não é, porque tudo é mais intenso, as luzes, os barulhos… e a gente se perde em meio a tantas informações. Imagine isso tudo em uma sala de aula cheia?”, observa Petry, que palestrou nos últimos dias para dezenas de pessoas na Apae Bauru, associação beneficente que presta atendimento a mais de 4 mil pessoas com deficiência no interior de São Paulo.

Anúncios

Um dos tópicos que ele fornece em suas palestras são dicas de como lidar melhor com autistas na perspectiva de quem tem o TEA (veja mais abaixo).

Relevância

O tema autismo na escola ganhou destaque recente na imprensa nacional após casos de supostos maus-tratos cometidos em salas de aulas por professores contra alunos autistas. Em um deles, em São Paulo, um gravador escondido registrou uma professora dizendo a um aluno de 12 anos: “Se você tomasse uma boa surra você ia parar com suas graças”.

Para Petry, as situações escancaram o despreparo e a necessidade de avanço da educação inclusiva.

“É urgente, a sociedade precisa entender melhor o autismo. É necessário que as  pessoas sejam mais pacientes e mais claras conosco, que digam o óbvio. Quando entendo uma coisa ou me sinto participante de um processo, eu fico muito mais tranquilo, confortável e me dou chances de experimentar o novo e ganhar mais autonomia ”, comenta Petry.

Em 2022, o IBGE detectou 18,6 milhões de pessoas com deficiência no Brasil e apurou que a taxa de analfabetismo entre este público era de 19,5%.

Não há um dado oficial sobre as pessoas com TEA, mas a estimativa é de existam, atualmente, cerca de 6 milhões de autistas no país, conforme monitoramento do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), órgão do governo dos Estados Unidos, que aponta a prevalência do autismo em 1 a cada 36 pessoas no mundo.

Apoio

E o público autista é um dos que mais cresce nas escolas brasileiras. Considerada a primeira entidade privada do país a se especializar para atender alunos com deficiências no ensino regular, através do profissional de apoio escolar, a Conviva Serviços possui mais de 50% de sua mão-de-obra voltada apenas aos estudantes com autismo. A instituição atende órgãos do poder público nos estados de São Paulo, Mato Grosso e Espírito Santo.

O serviço tem como foco auxiliar alunos na alimentação, higiene íntima e bucal, comunicação e socialização, trabalhando também a autonomia dos assistidos.

“São profissionais que passam por constantes cursos e atualizações para lidarem com as mais diversas deficiências. Eles acompanham de perto os assistidos para proporcionar uma melhor conexão deles com o ambiente escolar, favorecendo um processo mais saudável de aprendizado”, explica Maíra Pizzo, diretora da Conviva Serviços.

10 coisas que todo autista gostaria que você soubesse:

1- Seja claro ao conversar com um autista, não use figuras de linguagem;

2 – Procure mostrar e apontar o que deseja enquanto fala com um autista; 

3 – Antes de tocar em uma pessoa com autismo, faça o alerta e diga o que pretende com o gesto;

4 – Chame um autista sempre pelo nome e deixe claro, em uma conversa, quando estiver se referindo a ele;

5 – Dê ao autista toda informação possível sobre uma atividade. Deixe claro o método, diga o que espera e quanto tempo ele tem para fazer;

6 – Seja específico ao indicar a localização de lugares ao autista. Dê características da fachada;

7 – Seja simples e direto com as palavras, não use metáforas;

8 – Cuidado com ironias, o autista pode não entender, ficar ansioso e entrar em crise;

9 – Seja claro com convites a autistas, diga o porquê você quer a presença deles;

10 – Ame e aceite o autista do jeito que ele é. Ele pode melhorar seu comportamento, mas não mudará sua essência.

FONTE: Marcos Petry

Talvez te interesse

Últimas

Anúncios Neste domingo, 29 de dezembro, a Prefeitura de Botucatu, através da Secretaria de Habitação, entregará as obras do Parque Linear,...

Categorias