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Os voluntários que foram até São Miguel Arcanjo, no interior de São Paulo, para tentar salvar as antas que estavam sendo atacadas por cachorros domésticos caminharam cerca de 20 quilômetros por dia durante a primeira etapa do projeto para capturar os cães e resgatar as antas feridas.
De acordo com Rafael Mana, biólogo diretor do Núcleo da Floresta, de São Roque, a equipe identificou nove cachorros e capturou seis deles. Os animais receberam tratamento veterinário e foram encaminhados para o canil municipal, onde vão ficar disponíveis para adoção.
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O biólogo contou que a intervenção do grupo foi um pedido da equipe do Instituto Manacá, organização que monitora 18 antas em uma fazenda que fica próxima ao Parque Estadual Carlos Botelho.
Foi neste local que filhotes gêmeos de anta foram registrados na natureza longe dos cativeiros e chamaram atenção dos pesquisadores. Segundo Rafael, essa descoberta histórica na Mata Atlântica torna o trabalho dos voluntários ainda mais importante.
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“O Instituto Manacá faz a observação e as maiores pesquisas sobre antas. E de um tempo pra cá, apareceram antas atacadas por cachorros domésticos e os pesquisadores ficaram desesperados porque lá tem anta albina, filhotes de antas gêmeas, então a gente não pode deixar isso acontecer”, conta Rafael.
Conforme o biólogo, pesquisadores presenciaram cachorros correndo atrás das antas e as cercando em um açude. Câmeras de monitoramento do projeto registraram a presença dos animais domésticos no local e pelo menos três antas feridas.
A partir disso, o Núcleo da Floresta reuniu uma equipe de voluntários, que viajaram para São Miguel Arcanjo no último dia 4. Por mais de dez dias, o grupo percorreu a fazenda, o parque estadual e propriedades vizinhas para resgatar as antas e capturar os cães, inclusive com armadilhas.
No entanto, Rafael contou que “os ataques dos cães fizeram com que a população de antas ficasse muito dispersa, dificultando muito o monitoramento e fazendo com que os animais feridos se afastassem”. Por isso, as antas machucadas não foram encontradas.
Próximos passos
De acordo com Rafael Mana, alguns dos cães que estavam na fazenda foram abandonados no local, mas outros são de vizinhos do parque estadual.
Por isso, além da captura, o biólogo do Núcleo da Floresta explicou que voluntários da Universidade de Sorocaba (Uniso) fizeram um trabalho de conscientização nas propriedades vizinhas. A equipe conversou com os donos de cachorros sobre os perigos que os cães correm no parque e também oferecem aos outros animais.
Agora, os voluntários vão continuar fazendo o monitoramento da área através de armadilhas fotográficas e vão dar um tempo para que as antas voltem para analisar todos os animais. Ele também disse que, neste período, vai continuar com o trabalho de conscientização dos vizinhos.
Trabalho voluntário
O trabalho do Núcleo da Floresta é voluntário, e o projeto é mantido através de cursos técnicos que os pesquisadores ministram. Além da pesquisa e extensão em fauna e flora, o núcleo trabalha com a reabilitação de animais silvestres.
Para ajudar com os custos dos tratamentos das antas, além da estadia e alimentação da equipe em São Miguel Arcanjo, o grupo está arrecadando doações através do PIX do projeto, pelo e-mail nucleodafloresta@terra.com.br.
Fonte: G1 – Foto: Bruno Fiorillo e Núcleo da Floresta/Divulgação