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Ele é quase sempre silencioso e, entre as inúmeras doenças sexualmente transmissíveis, infelizmente ainda não recebe a devida atenção apesar da sua gravidade. O HPV, sigla em inglês para o termo papilomavírus humano, atinge pele e mucosas e pode causar verrugas ou lesões precursoras do câncer no colo do útero, garganta e ânus.
Entre 80 e 90% da população já entrou em contato com o vírus alguma vez na vida, mesmo que não tenha desenvolvido lesão. Mas engana-se quem pensa que o HPV é uma consequência das relações modernas e promíscuas. Se for para culpar alguém, que sejam os nossos antepassados. Pois é, estudos recentes indicam que os neandertais de 500.000 anos atrás já carregavam uma variante do vírus.
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Acredita-se que os primeiros seres humanos que viviam na África também tinham suas próprias variantes de HPV. Como as duas populações evoluíram, seus vírus de verrugas causadores de câncer evoluíram com eles, até aquele momento fatídico em que o homo sapiens e neandertais se reuniram de forma mais íntima, se é que você me entende. Isso foi há mais ou menos 100.000 anos e, a partir daí, o estrago estava feito.
O forma mais comum de prevenção do HPV é a camisinha, embora o método o evite em apenas 70 a 80% dos casos, já que o preservativo não cobre todas as regiões da genitália. “O HPV pode ser evitado por meio do cuidado na escolha de parceiros, uso do preservativo masculino ou feminino desde o início da relação sexual e tomar a vacina contra o HPV”, recomenda a dra. Adriana Bittencourt Campaner, gerente médica do Centro de Estudos e Pesquisas do SalomãoZoppi Diagnósticos.
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“O vírus é transmitido principalmente pelo contato sexual, isto é, pela relação sexual propriamente dita e também pela manipulação genital durante as preliminares. Existem alguns casos descritos de transmissão por fômites (isto é, objetos), mas esses casos são raros. A mãe também pode transmitir o HPV para a criança durante a gestação e na hora do parto”, explica a médica.
Mais de 90% das pessoas conseguem eliminar o vírus do organismo naturalmente, sem ter manifestações clínicas. Contudo, isso não é motivo para abrir mão do sexo seguro, pois há mais de 200 tipos de HPV, identificados por números. “Na genitália, podemos encontrar 40 tipos de HPV, que podem atingir a vulva, a vagina, o colo do útero e o ânus, divididos entre os de baixo risco ”, explica a dra. Adriana.
De acordo com a especialista, o HPV que atinge a genitália é dividido em dois grupos: de baixo e alto risco oncogênico. “O de baixo risco leva à formação das verrugas genitais, os chamados condilomas (bolinhas na região). Já o outro apresenta alto risco para desenvolver pré-câncer e câncer nos genitais”.
Além do preservativo, existem duas opções de vacina que evitam o HPV. “A primeira, chamada bivalente, protege contra dois tipos principais oncogênicos (tipos 16 e 18) e pode ser aplicada em mulheres acima de 9 anos de idade. Já a vacina quadrivalente protege também contra esses dois tipos oncogênicos e contra os dois tipos principais que causam verrugas (6 e 11). Pode ser aplicada em mulheres de 9 a 45 anos e em homens de 9 a 26 anos”, afirma a médica.
“O ideal é que todas as pessoas nessas faixas etárias recebam as vacinas. O correto é tomar a vacina antes de iniciar a atividade sexual. Mas até pessoas que já tiveram HPV podem toma-la”, explica a dra. Adriana. O governo federal distribui a vacina quadrivalente gratuitamente para meninas de 9 a 13 anos e a partir de 2017 também distribuirá para meninos de 12 a 13 anos.
Nem toda verruga genital é causada por uma infecção por HPV. No entanto, se você apresentar lesões na região é fundamental procurar um médico. “Na maioria dos casos a infecção pelo HPV não apresenta sintomas. As pessoas podem suspeitar que estão infectadas por esse vírus caso apresentem verrugas genitais ou caso seu parceiro tenha essas mesmas lesões. Caso contrário, a mulher só descobrirá que está infectada por esse vírus se for ao seu ginecologista, sendo examinada e colhendo o exame de Papanicolau”, diz a especialista.
É, como podemos perceber, nem toda evolução foi benéfica para a humanidade, não é mesmo? Nesse caso, a conta vai para os neandertais.
Fonte: Yahoo!