11 de maio, 2025

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Vimos apenas 0,001% do fundo do mar do planeta, revela estudo

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Segundo um estudo publicado na revista Science Advances esta semana, a humanidade conhece apenas 0,001% do fundo dos oceanos. Os autores compararam 43.681 registros de expedições submersíveis conduzidas por instituições em 14 países e territórios, cada uma atingindo um mínimo de 200 metros abaixo das ondas. Além da compreensão geralmente limitada sobre o fundo do mar global, os cientistas encontraram um viés significativo nas regiões que possuíam reconhecimento visual: a maioria das observações diretas do mar profundo ocorreu nas águas ao redor de países ricos com capacidade para realizá-las, especialmente EUA, Japão e Nova Zelândia.

Em entrevista à Scientific American, a auKora aty Croff Bell, cientista marinha e fundadora da Ocean Discovery League, diz que artigos científicos passados mencionavam a exploração de 5%, 10% ou 1% do oceano profundo, mas não havia consenso. “Alguém realmente calculou isso? Eu não consegui encontrar nada. Então, comecei a fazer apenas estimativas iniciais há cerca de quatro ou cinco anos, e os números pareciam ridiculamente pequenos: 0,001% [visitados e explorados] ao longo de quase 70 anos.” Pesquisas subsequentes confirmaram suas suspeitas.

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Este mapa de calor mostra a concentração de mergulhos conhecidos em águas profundas com observações visuais nas zonas econômicas exclusivas dos EUA. (Foto: Ocean Discovery League)

Mas o que esse número realmente significa? Será que realmente sabemos menos sobre o fundo do mar do que sobre a Lua ou Marte? Segundo os pesquisadores, não, embora haja ressalvas importantes. Por um lado, vale notar que a estatística de 99,999% representa explicitamente o que não “vimos diretamente” do fundo do mar profundo — ou seja, tudo o que não mapeamos por meio de imagens visuais. Isso é diferente do mapeamento, que pode medir a topografia do fundo do mar com ou sem coleta de dados visuais. “Ver” também não é o mesmo que “amostrar”, coletar espécimes geológicos ou biológicos de uma área específica. Esses três elementos — imagens visuais, mapeamento do terreno e amostragem física — constituem a “exploração” completa de um ambiente desconhecido, diz Bell.

Com isso em mente, não é tão chocante que o número de Bell seja tão pequeno, afirma Alfred McEwen, pesquisador principal do Experimento de Imagem de Alta Resolução da sonda Mars Reconnaissance Orbiter da NASA e geólogo planetário da Universidade do Arizona, que não participou do estudo. “Você pode mapear a topografia, as variações de brilho e cor e obter mapas bonitos. Mas isso não significa que você entenda o que está lá em termos de composição, processos relevantes e assim por diante”, explica.

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Tubarão-da-Groenlândia vive nas profundezas do Oceano Ártico. (Foto: Wikimedia Commons)

Usando altímetros em satélites ou tecnologia de sonar, por exemplo, é mais do que possível construir um modelo bastante preciso de como é o fundo do mar. Segundo McEwen, provavelmente “entendemos” mais sobre o fundo do oceano, particularmente em relação ao seu papel na formação dos sistemas terrestres, do que sobre a superfície da Lua ou de Marte. E, pelo menos em parte devido à nossa proximidade e familiaridade com o oceano e todas as suas complexidades, acrescenta, ele nos parece um lugar mais rico e vibrante, com “ambientes em constante mudança, fontes submarinas e assim por diante, há muito mais para entender na Terra”.

“Imagine ter uma casa, mas nunca descer ao porão para descobrir como funciona o aquecedor ou o sistema elétrico”, diz Bell, exemplificando que foi somente na década de 1970 que a humanidade descobriu ecossistemas prósperos ao redor de fontes hidrotermais, uma descoberta que mostrou que a biologia podia florescer mesmo nas profundezas do oceano sem sol e “mudou nossa compreensão da vida na Terra”. O mapeamento indireto por sonar e outras técnicas permitem “ver” as dorsais meso-oceânicas que abrigam algumas dessas fontes, mas encontrar as fontes foi uma descoberta fortuita, possível somente graças às câmeras de águas profundas.

Bell ressalta que, dadas as maravilhas que já testemunhamos com nossas visitas diretas a apenas 0,001% do fundo do mar, as perspectivas para novas observações revolucionárias são boas. Aliada aos crescentes avanços tecnológicos para tornar a exploração submarina melhor, mais barata e mais segura, a avaliação de Bell é um convite para iniciar “uma análise imparcial e mais representativa do fundo do mar profundo global”.

“Do ponto de vista da exploração, o estudo realmente estabelece as bases para o lançamento de uma iniciativa global que devemos empreender nos próximos 10 a 20 anos”, diz a autora. “Ser capaz de explorar, ou pelo menos acelerar, a exploração dos outros 99,999% do oceano profundo realmente nos dará uma oportunidade incrível de fazer novas perguntas que nunca havíamos sequer imaginado antes.”

Fonte: Um Só Planeta

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