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Os rios Solimões e Negro atingiram níveis críticos de vazante por conta da seca extrema que assola o Amazonas. Assim como ocorreu em 2023, a estiagem este ano chegou antes do tempo habitual, afetando seriamente os moradores locais e a vida selvagem.
Um vídeo que viralizou nas redes sociais revela a gravidade da seca na Amazônia ao mostrar um ribeirinho com um boto nos braços. O animal ficou encalhado em um banco de areia do rio Madeira, e na hora da filmagem o homem corria para levá-lo para um trecho ainda cheio do rio.
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No último domingo (18), o nível do Solimões, em Tabatinga, chegou a impressionantes 2 centímetros, a menor para o mês de agosto desde o início das medições. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a média histórica ara o mês é de 4,45 metros, segundo o Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológico (SipamHidro).
Em relação ao rio Negro, ele atingiu 22,76 metros em Manaus na segunda-feira (19), informou a Defesa Civil do Amazonas. No ano passado, a seca provocou o nível mais baixo dos últimos 120 anos para o rio Negro: 12,7 metros, em outubro.
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Dados do Porto de Manaus, reportados pelo G1, mostram que, só este mês, o nível do rio caiu 2,42 metros, totalizando uma redução de 4,09 metros desde o início da vazante.
O governo do Amazonas declarou situação de emergência em 20 cidades devido aos efeitos da seca, com impactos para 111,9 mil pessoas, ou cerca de 27 mil famílias, conforme relatado pela CBN. No município de Envira, a população já enfrenta desabastecimento e aumento nos preços de itens básicos.
A falta de chuvas na Amazônia Legal também tem afetado fortemente as comunidades indígenas este ano. De acordo com levantamento do veículo independente InfoAmazonia a partir de dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, das 388 terras indígenas (TIs) locais, 358 – ou 9 em cada 10 – estavam em situação de seca no bioma em julho.
Esse número representa 92% dos territórios da região. Desse total, 17 enfrentaram estiagem extrema; 192, estiagem severa, e, 149, fraca ou moderada. Para efeito de comparação, no mesmo mês do ano passado, 260 TIs foram atingidas pela estiagem, número 37% menor do que o atual. E em somente uma a seca foi classificada como extrema. Outras 192 estavam em seca fraca ou moderada, e, 27, seca severa.
A previsão dos meteorologistas é que a seca este ano seja mais intensa do que a vista em 2023. “A seca que estamos vendo é quase generalizada, afetando vários estados. Tivemos um início de ano com chuva muito abaixo da média do Norte ao Sudeste e isso nos trouxe um cenário pior do que o que vivemos no ano passado e as consequências já estão sendo vistas, desde o desabastecimento em algumas regiões até impactos no setor agropecuário”, disse Marcelo Zeri, pesquisador de secas do Cemaden, ao G1.
Fonte: Um Só Planeta