17 de outubro, 2025

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Vida oculta no oceano: descoberta revela 14 novas espécies nas profundezas do mar

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Embora se estime que existam cerca de 2 milhões de espécies marinhas vivas, apenas uma pequena fração delas foi oficialmente nomeada e descrita pelos cientistas. Um dos principais entraves é o longo intervalo, que pode levar décadas, entre a descoberta de uma nova espécie e sua publicação científica.

Buscando acelerar esse processo, o projeto Ocean Species Discoveries foi criado para oferecer uma plataforma de publicação rápida, padronizada e de alta qualidade dedicada à descrição de invertebrados marinhos. A iniciativa é coordenada pela Senckenberg Ocean Species Alliance (SOSA), ligada ao Instituto de Pesquisa Senckenberg e ao Museu de História Natural de Frankfurt, na Alemanha.

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Em sua segunda grande coleção, publicada no Biodiversity Data Journal, mais de 20 pesquisadores descreveram 14 novas espécies e dois novos gêneros de invertebrados marinhos coletados em diferentes regiões do planeta. O estudo vem um ano após a publicação piloto do projeto. A lista inclui vermes, moluscos e crustáceos.

“Nossa visão é tornar a taxonomia mais rápida, eficiente, acessível e visível”, escreveram os autores no artigo.

Bivalve carnívoro Myonera aleutiana: cientistas aceleram descoberta de novas formas de vida marinha. (Foto: Senckenberg Ocean Species Alliance)

O recém-criado Discovery Laboratory do Instituto Senckenberg teve papel central no trabalho. O laboratório integra técnicas avançadas, como microscopia óptica e eletrônica, imagem confocal, códigos de barras moleculares e microtomografia computadorizada (micro-CT), permitindo gerar dados detalhados e confiáveis sobre a anatomia e a estrutura dos organismos.

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Os animais descritos foram encontrados em profundidades que variam de 1 a mais de 6 mil metros. O destaque é o molusco Veleropilina gretchenae, coletado na Fossa das Aleutas, a 6.465 metros de profundidade. Outro resultado marcante foi a descrição anatômica do bivalve carnívoro Myonera aleutiana, analisado exclusivamente por microtomografia. O processo gerou mais de 2 mil imagens tomográficas, revelando detalhes inéditos dos tecidos internos e partes moles do animal. O espécime também estabeleceu um novo recorde de profundidade, sendo encontrado entre 5.170 e 5.280 metros — cerca de 800 metros abaixo do registro mais profundo anterior para a espécie.

Veleropilina gretchenae. (Foto: Senckenberg Ocean Species Alliance)

Entre as descobertas simbólicas está o anfípode Apotectonia senckenbergae, encontrado em um campo hidrotermal nas Ilhas Galápagos, a 2.602 metros de profundidade. A espécie homenageia Johanna Rebecca Senckenberg (1716–1743), naturalista e benfeitora que contribuiu para a fundação da Sociedade Senckenberg de Pesquisa Natural.

Apotectonia senckenbergae. — Foto: Senckenberg Ocean Species Alliance
Apotectonia senckenbergae. (Foto: Senckenberg Ocean Species Alliance)

Alguns dos novos organismos chamam atenção pela aparência inusitada. O isópode parasita Zeaione everta, por exemplo, exibe saliências nas costas das fêmeas que lembram pipocas estouradas — uma característica que inspirou o nome do novo gênero, derivado do milho (Zea). Encontrado na zona entremarés da Austrália, o animal também representa um novo gênero.

O estudo ainda revelou interações curiosas entre espécies já conhecidas. O molusco Laevidentalium wiesei, por exemplo, foi encontrado a mais de 5 mil metros de profundidade com uma anêmona presa à parte frontal de sua concha, a primeira vez que esse tipo de associação é registrada no gênero.

Laevidentalium wiesei. (Foto: Senckenberg Ocean Species Alliance)

Com a iniciativa, os cientistas esperam reduzir o tempo entre a descoberta e a publicação de novas espécies e, assim, evitar que formas de vida desapareçam antes mesmo de serem conhecidas pela ciência.

Fonte: Um Só Planeta

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