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Veterano do Regimento Sampaio da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que combateu na Segunda Guerra Mundial na Itália, o botucatunese Antônio Fermiano morreu nesta terça-feira (6), aos 98 anos, em Campo Grande.
Em nota, a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB) afirma que a morte ocorreu “por causas naturais não associadas ao Covid-19”.
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No ano passado, o ex-combatente foi homenageado por militares da FEB em sua residência, na data em que completou os 98 anos, em 26 de agosto.
Ele era um dos cinco últimos veteranos ainda vivos de Mato Grosso do Sul, restando agora quatro, dos quase mil pracinhas do Estado que combateram na 2ª Guerra.
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História
Antônio Fermiano nasceu em Botucatu (SP) e ingressou nas fileiras do Exército, no 18º Batalhão de Caçadores (18º BC), em Campo Grande.
Com o início da 2ª Guerra Mundial, ele passou a integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) como soldado do Depósito de Pessoal e, posteriormente, do 1º Regimento de Infantaria (1º RI) – Regimento Sampaio.
Em 23 de novembro de 1944, aos 21 anos, Fermiano embarcava em um navio com destino à guerra na Itália.
Ele e outros 25.334 soldados brasileiros, que realizaram o percurso durante o conflito, atravessaram o Oceano Atlântico em uma viagem de 15 dias, com submarinos alemães à espreita para tentar impedir que alcançassem o destino.
Já na Itália, o descendente de escravos teve a oportunidade de lutar, e vencer, os Nazistas do Eixo, liderados por Mussolini. Quando o brasileiro já estava perto de voltar para seu país natal, foi combater na tomada de Montese, município que era o principal objetivo do seu batalhão.
Logo na chegada, o regimento foi atingido por intenso fogo de artilharia. Após 3 dias de combate, Montese estava praticamente arrasada, das 1.121 casas da região, 833 haviam sido destruídas.
A Divisão Brasileira ganhou a batalha, mas perdeu cerca de 430 homens, entre mortos, feridos, soldados aprisionados pelos inimigos e desaparecidos.
Fermiano ficou entre os feridos. Foi atingido em 15 de abril de 1945. Mas soldado se recuperou, motivo que lhe garantiu a condecoração da Medalha Sangue do Brasil.
A vitória de Montese, somadas às vitórias obtidas pelos Aliados em outras localidades, contribuiu decisivamente para a desarticulação das linhas de defesa alemãs.
Fermiano regressou para o Brasil em 22 de agosto de 1945, tendo sido licenciado das fileiras do Exército em 18 de setembro do mesmo ano.
Após a guerra, em 10 outubro de 1946, ingressou na Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP).
Passou para a Reserva na década de 1970, como 1º Tenente do Quadro Especial de Oficiais da Polícia Militar (QEOPM) e atualmente é o bombeiro mais idoso ainda vivo daquela corporação.
Pela sua atuação no Teatro de Operações da Itália, juntamente com a FEB, também foi agraciado com a Medalha de Campanha.
Era considerado “ex-combatente” da Segunda Guerra Mundial, conforme prevêem o artigo 1º da Lei 5.315, de 12 de setembro de 1967, e o artigo 53 ADCT da Constituição Federal de 1988.
O veterano passou os últimos anos de vida em Campo Grande, onde morava com a família.
Ao ser homenageado no ano passado em seu aniversário, o veterano se emocionou. “Fiquei imensamente grato. Eu nunca tinha recebido uma demonstração de amor e carinho como essa, desde quando vim da guerra”, disse, na ocasião.
“A irreparável perda de hoje é mais uma dura e inesperada ‘baixa’ na nossa História e na ANVFEB / MS. Segundo ele mesmo dizia: ‘tenho muito orgulho de ter servido ao Brasil, durante a guerra. Os maiores legados do nosso sacrifício foram a Liberdade e a Igualdade!’”, diz a nota da associação.
Ele deixa a esposa, oito filhos, oito netos e três bisnetos.
O velório será realizado das 14h30 às 16h30, no Cemitério Jardim das Palmeiras, e o sepultamento será às 16h30, com homenagens.
Fonte: Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado