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Desta vez, não é a dupla de robôs Ingenuity e Perseverance que envia notícias animadoras para a Terra. As atualizações mais recentes do Planeta Vermelho vieram do veterano Curiosity, que explora o solo marciano há quase uma década. Uma série de análises enviadas pelo rover indicam a possível presença de sais orgânicos em Marte.
Uma limitação técnica do robô impede a confirmação total da notícia, mas a revelação é promissora. E, caso comprovada, pode fortalecer tanto a hipótese de vida microbiana no planeta em tempos antigos quanto a de habitabilidade para nós no futuro. Isso ocorre porque aqui na Terra, alguns organismos usam esses elementos, como oxalatos e acetatos, como forma de energia.
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“Se determinarmos que existem sais orgânicos concentrados em qualquer lugar de Marte, vamos querer investigar a fundo essas regiões e, idealmente, perfurar mais profundamente abaixo da superfície, onde a matéria orgânica poderia ser melhor preservada”, disse James Lewis, geoquímico do Goddard Space Flight Center da Nasa.
O Curiosity coleta amostras de solo e rocha em busca de compostos orgânicos. Esses materiais são analisados por uma série de instrumentos, entre eles o Sample Analysis at Mars (SAM), e os resultados são enviados para cientistas da agência espacial.
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Os vestígios presentes no solo marciano, contudo, foram deteriorados por bilhões de anos de radiação, o que complica a busca. Para detectar os compostos orgânicos, o Curiosity aquece o solo e analisa os gases liberados. É exatamente nesse ponto que surge a possibilidade.
Quando aquecidos, sais orgânicos produzem somente gases simples, que também poderiam ser produzidos por outros ingredientes não tão especiais para nós. “Ao aquecer amostras marcianas, existem muitas interações que podem acontecer entre minerais e matéria orgânica que tornam mais difícil tirar conclusões de nossos experimentos, então o trabalho que estamos fazendo é tentar separar essas interações”, disse Lewis.
Em breve, novas expedições serão capazes de oferecer mais certeza sobre a descoberta. O ExoMars, rover que será enviado pela Agência Espacial Europeia, é capaz de perfurar até dois metros de superfície e leva consigo o Goddard, um instrumento apto para analisar com maior precisão as amostras coletadas.
“Estamos tentando desvendar bilhões de anos de química orgânica”, afirmou Lewis. “Nesse registro orgânico pode haver o prêmio final: a evidência de que existiu vida no Planeta Vermelho.”
Fonte: Época