11 dezembro, 2023
Acorrentado do lado de fora da Defensoria do Povo, em Caracas, Paul Martucci reivindica que as pessoas transgênero na Venezuela possam mudar de nome para deixarem de sofrer discriminação e ridicularização.
Junto com outros ativistas do movimento LGBTQIA+, ele se instalou no local, desde segunda-feira (21) e por tempo indefinido, para exigir também a legislação do casamento igualitário e a descriminalização da homossexualidade nas Forças Armadas de um país profundamente conservador.
“Venezuela não é o Catar”, diz uma das faixas colocadas na praça Morelos, no centro de Caracas, em alusão à criminalização da homossexualidade no país-sede da Copa do Mundo de 2022. Em outra, desenharam uma árvore de natal acompanhada da frase: “A transfobia é o espírito natalino do Estado”.
Martucci garantiu que, embora a legislação venezuelana permita mudanças de nome, as pessoas trans têm obstáculos para fazê-lo.
“Quando você se apresenta em uma entrevista de emprego com sua imagem autopercebida e gênero, te dizem que não podem te oferecer o trabalho porque em seu documento diz outro nome, que não condiz com a pessoa que está se apresentando”, apontou Martucci, membro da ONG Transcendiendo Fronteras.
O artigo 146.º da Lei Orgânica do Registo Civil, modificado em 2010, estabelece que “todos podem mudar seu nome próprio, uma única vez, perante o registrador ou registradora civil, quando isso for vergonhoso, os sujeitar ao escárnio público, atentado contra a sua integridade moral, honra e reputação, ou não corresponde ao seu gênero, afetando assim o livre desenvolvimento de sua personalidade”.
Também acorrentado, Koddy Campos enumera os inconvenientes de viver com um “nome autopercebido” e uma aparência física diferente da que consta no documento de identidade.
“A população mais vulnerável é a população trans: não tem acesso à educação, tem pessoas trans que saem da escola, da universidade, não tem emprego”, afirmou.
Além disso, pelo medo de serem discriminados, muitos optam por não procurar hospitais e tratamentos de saúde.
A violência policial “é outra das coisas que temos sofrido. Quando a polícia pede sua carteira de identidade e vê que não corresponde ao seu gênero, te diz que tem uma carteira de identidade que não é sua, aí vem o barulho (suborno), extorsão e psicoterror”, acrescentou Martucci.
Campos sustenta que, como ativistas da causa LGBTQIA+ na Venezuela, eles esgotaram os canais legislativos e judiciais para alcançar seu objetivo.
“Há mais de 10 anos apresentamos o projeto de casamento igualitário na Assembleia Nacional. Estamos sendo vítimas de omissão, não querer falar sobre o assunto também é discriminação”, afirmou.
Tampouco conseguiram revogar um artigo da justiça militar que prevê uma pena de um a três anos de prisão por “atos contra a natureza” cometidos por membros das Forças Armadas venezuelanas.
“Estamos muito atrás de todas as mudanças que ocorreram na América”, lamentou Campos.
Fonte: Yahoo!
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