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Um erro de uma Unidade de Pronto Atendimento de Ribeirão Preto (SP) levou uma família de Bebedouro (SP) a organizar o velório de um parente que na verdade estava vivo.
De acordo com familiares, a equipe da UPA da Avenida Treze de Maio informou que o aposentado José Roberto Pereira, de 58 anos, que vive em Ribeirão Preto, havia morrido, mas não permitiu o reconhecimento no local e liberou o corpo de outra pessoa para o traslado até Bebedouro.
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A confusão somente foi desfeita quando Pereira, que soube por terceiros do ocorrido, ligou para uma de suas irmãs e confirmou que estava vivo.
“Foi assim um filme de terror, porque eu já tinha passado muita dificuldade para conseguir enterrar meu irmão, pra conseguir abrir uma cova, foi assim, resumindo, muito difícil”, afirma a auxiliar de saúde bucal Lourdes Pereira Liberato.
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O caso foi registrado na Polícia Civil, e a família avalia entrar na Justiça tanto por danos materiais, pelos gastos com o velório, quanto morais.
A Secretaria Municipal de Saúde confirmou e lamentou o equívoco, além de se prontificar em arcar com os custos da família com o velório, mas negou que tenha impedido o reconhecimento do corpo na unidade de saúde. “A Secretaria da Saúde esclarece que não há proibição de reconhecimento do corpo, inclusive faz parte do protocolo.”
Além disso, informou que vai investigar se houve falha do setor responsável pela conferência de documentos na hora de liberação do corpo.
Até a última atualização desta notícia, a Prefeitura não tinha conseguido localizar a família do paciente que morreu.
Erro em comunicação de morte
A confusão aconteceu na sexta-feira (17). Segundo informações da própria Prefeitura, dois pacientes com sobrenomes “parecidos” passaram pela UPA da Avenida Treze de Maio.
Um deles que chegou a ser atendido no local, mas teve uma piora no quadro clínico e morreu. O outro é José Roberto Pereira, que chegou a procurar atendimento, foi medicado, mas deixou o local.
Segundo a família, foi então que um filho do aposentado foi chamado a comparecer à UPA, onde foi avisado por um funcionário que o pai havia morrido depois de passar mal, mas não teve a chance de reconhecer o corpo.
“Ele [o funcionário] falou: não, naquele lugar você não pode entrar, já está tudo certo, é seu pai, só vai atrás do sepultamento, da funerária, para eles fazerem o transporte e o enterro do corpo”, afirma Lourdes.
Depois disso, Lourdes começou a providenciar os detalhes para o funeral, que aconteceria em Bebedouro. Enquanto o corpo era levado de Ribeirão Preto para o velório, uma das irmãs do aposentado recebeu uma ligação, que a princípio achou estranha: quem havia ligado era o próprio José Roberto Pereira, insistindo que estava vivo.
Por um acaso, ele havia passado no local de trabalho do filho, uma imobiliária em Ribeirão Preto, onde foi reconhecido por um terceiro, que o alertou sobre a confusão.
“Falou assim: oh, eu não morri, eu tô aqui. Vocês estão no velório? O que está acontecendo?”, afirma Lourdes.
Segundo ela, a irmã não acreditou no que ouvia e achou que aquilo fosse uma brincadeira de mau gosto. “Até achei que ela estivesse surtando na hora. Ela falou: para de brincar comigo, você está vivo?”
Depois de muita insistência e de um vídeo gravado pelo próprio aposentado, a família entendeu o que havia ocorrido. Com a chegada do caixão ao velório, onde estava o corpo de um homem mais jovem, a a confusão foi desfeita.
“A minha irmã começou a entrar em desespero, pediu pra todo mundo escutar a voz dele pra entender o que estava acontecendo. Aí eles colocaram o caixão naquela hora mesmo: ‘abre, abre, pelo amor de Deus, abre esse caixão.’ Aí eu vi realmente que não era meu irmão”, conta Lourdes.
Apesar do alívio de saber que o irmão está bem, a auxiliar de saúde bucal relata que o transtorno para a família foi muito grande e que tudo poderia ter sido diferente, caso tivesse havido o reconhecimento do corpo na UPA.
“Ele ficou super preocupado, todo mundo passando mal naquela hora, porque, que situação é essa, a gente vê isso em filme, na vida real a gente não vê. Eu acho que errar todo mundo erra, o ser humano é falho, mas não deixar ver o corpo e mandar mesmo assim, gente, nem com bicho se faz isso”, questiona a irmã do aposentado.
Fonte: G1