08 de junho, 2025

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Ultrapassar 1,5°C selará a perda das geleiras por séculos, diz estudo

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Uma nova pesquisa liderada pelas Universidades de Bristol, na Inglaterra, e Innsbruck, na Áustria, revelou que as geleiras polares não vão se recuperar “por séculos” se o mundo exceder 1.5ºC temporariamente. Este é o primeiro estudo a simular o impacto nas geleiras até o ano 2500 “sob cenários de excedente”, em que a temperatura chegue até 3ºC.

O problema é que as atuais políticas climáticas globais colocam a Terra no caminho de algo próximo da temperatura limite citada, como vislumbra o estudo conduzido pelas universidades europeias – além de apresentar outro apelo urgente para corrigir o caminho.

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“Está claro que este mundo (alcançando 3ºC de aquecimento) é muito pior para as geleiras do que um com 1.5º de aquecimento como limite. Procuramos descobrir se as geleiras poderiam se recuperar caso o planeta voltasse a esfriar. É uma pergunta que muitos fazem: as geleiras vão crescer novamente durante nossa vida, ou a dos nossos filhos? Nosso estudo indica que infelizmente não”, disse Dr. Fabien Maussion, professor de Mudanças Ambientais Polares na Universidade de Bristol.

Geleira na Antártida está perto de atingir ponto irreversível de degelo. (Foto: Jennifer Latuperisa-Andresen / Unsplash)

O limite de 1.5ºC é fundamental para as geleiras

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O ano de 2024 foi o mais quente registrado na história e o primeiro a exceder o limite de 1.5ºC. Mas a linha decisiva ainda não foi cruzada, uma vez que o Acordo de Paris, instrumento criado para buscar limitar o aquecimento em 1.5ºC acima dos níveis pré industriais – que se ultrapassado significará uma escalada em desastres climáticos – é baseado em médias de longo prazo.

Mas cada vez mais o ponto de não retorno parece próximo, como atesta o alerta emitido pela Agência Climática das Nações Unidas no ano passado: a chance da média da temperatura global exceder 1.5ºC consistentemente entre 2024-2080 é de 50%.

Para entender o risco que isto apresenta para os rios de gelo congelados, os cientistas simularam um cenário extremo em que a temperatura seguiria aumentando até 3ºC até 2150, antes de voltar a cair a 1.5ºC até 2300 e estabilizar.

Nestas condições, as geleiras perderiam até 16% a mais de massa até 2200, se comparadas a um cenário em que o mundo não passasse de 1.5ºC de aquecimento, e 11% mais até 2500 – isso acrescido dos 35% de perdas já esperadas mesmo com o aquecimento em 1.5ºC.

O derretimento de gelo glacial desde o ano 2000 já aumentou em quase dois centímetros os níveis do mar, o que torna o derretimento de geleiras o segundo maior fator de crescimento, atrás apenas da expansão da água pelo aquecimento dos oceanos.

“Nossos modelos mostram que levaria séculos, senão milênios, para as geleiras polares recuperarem de um excedente de 3ºC”, diz a Dra. Lilian Schuster, autora do estudo publicado no Nature Climate Change, e pesquisadora na Universidade de Innsbruck.

“Ainda é cedo para dizer qual será o impacto total, mas nosso estudo é um primeiro passo para compreender as múltiplas e complexas consequências dos excessos climáticos sobre os sistemas de água alimentados por geleiras e a elevação do nível do mar”, completa.

“Ultrapassar 1,5°C, mesmo que temporariamente, sela a perda de geleiras por séculos. Nosso estudo mostra que grande parte desse dano não pode ser simplesmente revertido — mesmo que as temperaturas retornem a níveis mais seguros posteriormente,” conclui o Dr. Maussion. “Quanto mais adiarmos a redução das emissões, mais sobrecarregamos as futuras gerações com mudanças irreversíveis.”

Fonte: Um Só Planeta

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