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O engenheiro civil Matheus Cataneo ganhou um presente de Natal muito especial. No último dia 25 de dezembro, durante uma passarinhada na Trilha da Onça, dentro do Parque Nacional do Iguaçu, em Serranópolis do Iguaçu (PR), oeste do estado, o observador de aves foi agraciado pela presença de um raro uiraçu-falso (Morphnus guianensis). A ave não era registrada no Paraná desde 1964, quando foi flagrada pela última e, até então única vez, na região de Marechal Cândido Rondon.
“Eu e minha companheira Cassieli estávamos tentando fotografar um bando de gralhas-picaça que faziam muito barulho, quando vi um bicho muito grande mexer entre as folhas. Ficamos muito surpresos com o tamanho do animal, mas ainda não sabíamos qual era. Naquele momento não conseguimos nenhuma foto boa, pois ele estava encoberto pelas folhas e acabou voando. Tristes, mas sem perder a esperança, andamos uns 100 metros cuidadosamente e então a Cassieli o avistou empoleirado na árvore. Foi uma enxurrada de empolgação misturada com adrenalina e ansiedade, mas, ao mesmo tempo, tínhamos que manter a calma para conseguirmos fotografar o bicho. Da trilha não tínhamos ângulo para fotografar, então me enfiei no meio do mato, até que achei uma clareira. No lugar certo, na hora certa, quando consegui tirar a primeira foto do uiraçu veio a sensação de alívio, de dever cumprido, e uma felicidade imensa” descreve.
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Cataneo conta também que foi a primeira vez que ele registrou não só o uiraçu, mas um rapinante “tão grade em ambiente livre e ainda se alimentando de um pequeno marsupial”.
O funcionário público é morador de Cascavel (PR) e começou a observar aves há dois anos. “Meu primeiro registro foi um sanhaço-cinzento. Tento passarinhar pelo menos duas vezes por mês, às vezes em parques urbanos, às vezes em áreas rurais e de mata”, diz.
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Segundo ele, o interesse pela prática surgiu no final de 2018, “quando comecei a fazer astrofotografia com meu amigo Willyan utilizava uma câmera DSLR antiga que meu pai tinha “encostada” em casa, e o Willyan uma câmera superzoom. Mais ou menos no mesmo período comecei a fazer trekking em áreas de mata. Em meados de 2020, o Willyan foi junto em uma trilha e levamos nossas câmeras, para fotografar alguma ave que encontrássemos. Avistamos algumas espécies, mas lembro especialmente de um araçari-banana que me encantou, mas não consegui fotografar. Naquele dia percebi que meu equipamento não era bom para aves, mas naquele momento eu não conseguia comprar uma lente boa para utilizar com a DSLR. Optei por vender a câmera e comprar uma superzoom para passarinhar e desde então não parei”, relata.
Para o biólogo e ornitólogo (especialista em aves), Willian Menq, o registro é importantíssimo, “pois a ave era considerada extinta no Paraná. O único indivíduo coletado no estado encontra-se até hoje depositado no Museu Sete Quedas, localizado na cidade de Guaíra”, exalta.
Segundo Menq, o uiraçu-falso é uma águia estritamente florestal, rara e ameaçada de extinção, de comportamento tímido e discreto, raramente vocaliza e não costuma planar sobre a floresta. “Era grande a expectativa de nós ornitólogos de que em algum momento alguém o encontrasse no Paraná, visto que a espécie conta com ocorrência recente na floresta de Missiones na Argentina, que é ligada ao Parque Nacional do Iguaçu”, comemora.
Fonte: G1