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A Ucrânia proibiu na sexta-feira (2) as atividades de organizações religiosas “filiadas a centros de influência” na Rússia e disse que examinaria as ligações entre as igrejas ortodoxas ucraniana e russa.
O presidente do país, Volodymyr Zelensky, assinou um decreto promulgando uma decisão do Conselho de Segurança e Defesa Nacional de impor sanções pessoais contra representantes de organizações religiosas associadas à Rússia, que invadiu a Ucrânia há mais de nove meses.
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O decreto de Zelensky também prevê a avaliação exame da Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou, que é um dos dois corpos ortodoxos na Ucrânia após um cisão que, em 2019, resultou no estabelecimento de um deles com independência da igreja russa.
As autoridades ucranianas suspeitam que a Igreja Ortodoxa Ucraniana (UOC) esteja promovendo visões pró-Rússia e que alguns padres possam estar colaborando ativamente com o país. O Patriarca de Moscou Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa, justificou a guerra da entre os países como parte de uma “luta metafísica” para impedir uma invasão ideológica liberal do Ocidente.
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O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou as autoridades ucranianas na semana passada de “travar uma guerra contra a Igreja Ortodoxa Russa”. Mas o reverendo Mykolay Danylevich, que frequentemente serviu como porta-voz da Igreja Ortodoxa Ucraniana, contestou a caracterização de Peskov, afirmando no Telegram que a igreja não era russa.
A UOC declarou sua independência de Moscou em maio, devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Em um discurso por vídeo realizado na quinta-feira (1º), Zelensky disse que o uso do complexo do mosteiro Pechersk Lavra de Kiev — um patrimônio mundial da Unesco reverenciado como o berço do monasticismo ortodoxo na região — também será submetido a um exame minucioso.
Membros do Serviço de Segurança da Ucrânia, a Guarda Nacional do país e a polícia revistaram o mosteiro na semana passada depois que um padre falou favoravelmente sobre a Rússia durante um culto que ocorreu no local. O Serviço de Segurança disse que seus agentes avaliaram mais de 350 igrejas ao todo, inclusive em outro mosteiro e em uma diocese da região de Rivne, situada a 240 quilômetros a oeste da capital ucraniana.
A agência de segurança, conhecida pela sigla ucraniana SBU, disse que as buscas revelaram “literatura pró-Rússia, que é usada durante os estudos em seminários e escolas paroquiais, inclusive para propaganda do ‘mundo russo’”. Mais de 50 pessoas passaram por “profundas entrevistas de contraespionagem, incluindo com uso de um polígrafo”, como parte da apuração, disse a agência.
A investigação do complexo monástico centenário na capital do país e outros locais religiosos destacou as suspeitas das autoridades ucranianas sobre alguns clérigos cristãos ortodoxos que eles consideram leais à Rússia. A SBU disse que as atividades da semana passada faziam parte de seu “trabalho sistemático para combater as atividades subversivas dos serviços especiais russos na Ucrânia”.
Os cristãos ortodoxos são a maior população religiosa da Ucrânia. Mas eles foram divididos em linhas que ecoam as tensões políticas sobre a defesa da Ucrânia de sua independência e sua orientação ocidental em meio à reivindicação contínua da Rússia à hegemonia política e espiritual na região – um conceito às vezes chamado de “mundo russo”.
Muitos líderes ortodoxos falaram ferozmente a favor da independência ucraniana e denunciaram a invasão russa, mas as pesquisas recentes mostram que as autoridades suspeitam que lugares como Pechersk Lavra sejam focos de sentimentos e atividades pró-Rússia.
Fonte: Yahoo!