A decisão de Trump de realizar um ataque com mísseis contra a Síria, uma aliada da Rússia, de lançar uma bomba gigantesca no Afeganistão e se ater à posição do ex-presidente Barack Obama em relação à Crimeia significam que a esperança russa para que o líder norte-americano se tornasse um amigo do Kremlin vêm perdendo força.
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Se a televisão estatal servir de exemplo, o discurso duro de Trump sobre o programa nuclear norte-coreano e sua decisão de despachar uma força de ataque naval para a região parecem ter enterrado qualquer expectativa russa de que Trump pudesse intervir menos do que seus antecessores em questões de política externa.
Dmitry Kiselyov, âncora do principal noticiário semanal russo, “Vesti Nedeli”, do canal de TV Rossiya 1, é visto por muitos como o maior apresentador pró-Kremlin do país. Ele já havia começado a pisar no freio da Trumpomania e a criticar o presidente dos EUA.
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Mas no domingo, seu primeiro programa desde a primeira visita de Rex Tillerson a Moscou como secretário de Estado dos EUA, Kiselyov, que já elogiou Trump por sua “independência” do establishment político norte-americano, deixou as sutilezas de lado.
“O mundo está a um suspiro da guerra nuclear”, afirmou Kiselyov. “A guerra pode irromper como resultado da confrontação entre duas personalidades: Donald Trump e Kim Jong-Un. Ambos são perigosos, mas quem é mais perigoso? É Trump”.
Depois ele disse que ambos compartilham alguns traços negativos: “Experiência internacional limitada, imprevisibilidade e uma prontidão de ir à guerra”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não quis dizer se a visão do âncora ecoa a da Presidência, mas disse que suas opiniões não são necessariamente intercambiáveis com a postura oficial. “Sua posição é semelhante, mas não todas as vezes”, explicou Peskov.