25 de dezembro, 2024

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Tropas francesas deixam o Mali sob acusações de neocolonialismo

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Mais de nove anos depois de serem recebidos no Mali como “salvadores” face a presença dos grupos jihadistas, os soldados franceses completaram sua retirada do país nesta segunda-feira (15), em um clima de amargura, com os coronéis no poder e sob uma crescente hostilidade da população.

“Hoje, às 13h (hora de Paris), o último destacamento da força Barkhane presente em solo maliano atravessou a fronteira entre o Mali e o Níger. Este veio da plataforma operacional do deserto de Gao, transferida para as forças armadas malianas esta manhã”, anunciou o exército francês, saudando que este “grande desafio logístico militar” tenha sido “assumido em boa ordem e em segurança”.

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Soldado francês em patrulha em Gao, em 9 de fevereiro de 2013. A presença francesa no país chegou ao fim em 15 de agosto de 2022 (Foto: Reprodução)

Essa retirada, ordenada em 17 de fevereiro pelo presidente Emmanuel Macron, põe fim a quase uma década de intervenção militar francesa no Mali, provavelmente o último compromisso dessa magnitude em muito tempo.

Macron saúda soldados

O chefe de Estado saudou em um comunicado de imprensa o empenho dos soldados franceses” que, durante nove anos, combateram grupos terroristas armados em solo maliano” e 59 dos quais “pagaram o preço com a vida”.

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“O seu sacrifício nos lembra que os nossos soldados, durante estes anos, preservaram a unidade do Mali, impediram o estabelecimento de um califado territorial e lutaram contra os grupos terroristas que atacam as populações locais e ameaçam a Europa”, sublinha Macron.

A sua eficácia “durante todos estes anos e até os últimos dias foi demonstrada pela neutralização da maioria dos líderes da hierarquia dos grupos terroristas do Sahel”, acrescenta.

Em uma crítica implícita às autoridades malianas resultantes de dois golpes de estado, Macron reafirma seu desejo de “prosseguir este compromisso ao lado de todos os Estados que optam pela luta contra o terrorismo e pelo respeito à estabilidade e à  convivência entre as comunidades” na África Ocidental.

A Operação Serval foi lançada em janeiro de 2013 contra os grupos jihadistas que haviam conquistado o norte do país e ameaçavam avançar para Bamako, a capital, e foi sucedida, em agosto de 2014, pela Operação Barkhane, visando os jihadistas dispersos na faixa Sahelo-Saariana, que mobilizou até 5,5 mil homens em campo em 2020.

Essa retirada francesa conclui quase um ano de relações cada vez mais amargas entre Paris e os coronéis no poder em Bamako desde o golpe contra o presidente Ibrahim Boubacar Keïta, em agosto de 2020.

“Postura neocolonial”

Os coronéis, que se voltaram para a Rússia — chegando mesmo a garantir os serviços do grupo paramilitar russo Wagner, de acordo com Paris e a ONU — romperam acordos de defesa com a França e seus parceiros europeus em maio, depois de obstruir por meses a Operação Barkhane.

Bamako, que nega ter apelado ao Wagner, repreendeu o presidente francês em julho por uma “postura neocolonial”, afirmou o porta-voz do governo, coronel Abdoulaye Maïga, acusando-o de incitar o ódio étnico por suas críticas ao exército maliano.

Ele estava reagindo aos comentários de Macron para quem “as escolhas feitas pela junta maliana hoje e sua cumplicidade de fato com a milícia Wagner são particularmente ineficazes na luta contra o terrorismo, que não é mais seu objetivo”.

Para os especialistas, no Mali, a França se viu presa entre uma lógica política que ditava sua saída o mais rápido possível e uma lógica de eficiência militar que, pelo contrário, a encorajava a ficar até que os exércitos locais assumissem o poder.

“Sabemos agora, depois do Afeganistão, que uma operação externa com muitas forças ocidentais no terreno não pode durar para sempre”, explicou à AFP há alguns meses Alain Antil, especialista em Sahel do Instituto Francês de Relações Internacionais, enfatizando “os limites” das “grandes operações, com muitos homens, muita presença no terreno e muita visibilidade política”.

Fonte: Yahoo!

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