16 abril, 2024

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Tribunal saudita condena cinco à morte pelo assassinato de jornalista

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Cinco sauditas foram condenados à morte nesta segunda-feira (23) pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi (foto), após um julgamento em que foram absolvidos o conselheiro do príncipe herdeiro e uma autoridade da Inteligência, considerados os principais suspeitos.

“Foram condenados à morte cinco homens que participaram diretamente do assassinato”, disse o procurador saudita Shalaan al-Shalaan.

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Ao mesmo tempo, foram absolvidos Saud al-Qahtani, conselheiro do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, e o número dois do serviço de Inteligência, general Ahmed al Assiri.

Jamal Khashoggi, um colaborador do jornal “The Washington Post”, foi assassinado aos 59 anos, em outubro de 2018, durante uma operação que mergulhou a Arábia Saudita em uma de suas piores crises diplomáticas. O episódio manchou a imagem do príncipe herdeiro, suspeito de ser o mandante do crime.

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Crítico do regime saudita, o jornalista foi estrangulado, e seu corpo, cortado em pedaços por uma equipe de 15 homens vindos de Riade, no consulado do reino em Istambul, segundo as autoridades turcas. Seus restos mortais nunca foram encontrados.

Após ter apresentado várias versões para o assassinato, as autoridades sauditas acabaram por admitir que ele foi cometido por agentes que agiram sozinhos e sem a ordem de superiores.

De acordo com o procurador, Qahtani foi investigado, mas não foi acusado por “falta de provas”. Assiri foi investigado e acusado, mas absolvido pelas mesmas razões.

Dos 11 homens levados a julgamento, cinco foram condenados à morte; três, a penas de prisão que chegam a 24 anos; e os demais, absolvidos.

O general Assiri é suspeito de ter supervisionado o assassinato e de ter sido aconselhado por Qahtani.

O conselheiro real, que dirigiu violentas campanhas nas redes sociais contra opositores sauditas, não aparece em público desde o início do caso.

Maher Mutreb, um agente da Inteligência que viajava frequentemente com o príncipe herdeiro para o exterior, o especialista forense Salah al-Tubaigy e Fahad al-Balawi, membro da Guarda Real saudita, estavam entre os indiciados no caso, segundo fontes familiarizadas.

Não está claro se eles estão, ou não, entre os condenados à morte. As fontes disseram que muitos dos réus se defenderam no tribunal, alegando que cumpriam ordens de Assiri. Este último foi descrito como o “líder” da operação.

“Nem justiça, nem verdade”

O reino saudita organizou o julgamento em uma tentativa de limpar sua imagem deteriorada após o assassinato do jornalista.

O procurador afirmou que o tribunal de Riade realizou nove audiências, com a presença de integrantes da comunidade internacional e de parentes de Khashoggi. O julgamento aconteceu a portas fechadas.

“Concluímos que o assassinato de Khashoggi não foi premeditado”, destacou o procurador em um comunicado.

“O veredicto serve para mascarar e não fornece justiça, nem verdade, para Jamal Khashoggi e seus parentes”, disse Lynn Maalouf, diretora de investigações sobre o Oriente Médio da Anistia Internacional.

“O veredicto não resolve o envolvimento das autoridades sauditas no crime”, acrescentou, lembrando que o julgamento foi realizado a portas fechadas.

Já a relatora especial das Nações Unidas sobre execuções sumárias, Agnès Callamard, considerou no Twitter que o assassinato de Khashoggi foi uma “execução extrajudicial pela qual a Arábia Saudita é responsável”.

No Reino Unido, o Ministério das Relações Exteriores pediu que o governo saudita “garanta que todos os responsáveis [por esse crime] sejam responsabilizados”.

E a Turquia, onde os eventos ocorreram, considerou que a decisão “está longe de responder às expectativas do nosso país e da comunidade internacional”.

A organização Repórteres Sem Fronteiras considerou que “a Justiça foi desrespeitada”.

O julgamento não respeitou os “princípios de justiça internacionalmente reconhecidos” e pode ser “uma maneira de silenciar as testemunhas do assassinato para sempre”, afirmou o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.

O governo americano também reagiu, considerando que foi dado um “passo importante” no caso Khashoggi e, ao mesmo tempo, pediu “mais transparência” a Riade.

A CIA e uma especialista da ONU apontaram a participação do príncipe herdeiro, que nega a acusação.

O presidente americano, Donald Trump, recusou-se, porém, a acompanhar a opinião da CIA e sustentou que não havia evidências sólidas sobre o envolvimento do príncipe herdeiro.

O assassinato de Khashoggi chocou o mundo em um momento em que a Arábia Saudita realiza uma campanha de relações públicas para dar ao reino ultraconservador a imagem de um Estado moderno.

Fonte: Yahoo!

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