23 de outubro, 2024

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Trabalhadores de refinarias na França continuam greve, apesar das ameaças do governo

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O governo francês lançou, nesta quarta-feira (12), uma primeira ordem de volta ao trabalho em um depósito de combustível, devido à manutenção da greve em seis refinarias que causa desabastecimento em postos de gasolina e indignação de motoristas há dias.

“A gasolina é muito importante para nós! Estamos tentando sobreviver há mais de uma semana”, diz Santiago, um dos muitos entregadores em Paris que precisam de seu veículo para trabalhar e estão desesperadamente à procura de combustível.

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Quase um terço dos postos de gasolina estava sem combustível na França na noite de terça-feira e, naqueles que ainda tinham gasolina ou diesel, os motoristas faziam filas pacientemente por várias horas para reabastecer.

Seis das sete refinarias na França – quatro de propriedade da TotalEnergies e duas de propriedade da Esso-ExxonMobil – estão em greve.

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Apesar dos pedidos e das ameaças de intervenção do governo, os trabalhadores decidiram, nesta quarta-feira, manter a greve.

Pouco depois, o governo cumpriu sua advertência e lançou uma primeira ordem requisitando trabalhadores em um depósito da Esso-ExxonMobil, “indispensável para [sua] operação” e que “começará hoje”, informou o Ministério da Transição Ecológica à AFP.

A medida afeta o depósito localizado na refinaria da Esso-ExxonMobil em Gravenchon-Port-Jérôme (norte). Quatro funcionários foram convocados para permitir o funcionamento das instalações: dois para hoje, e dois para quinta de manhã, informou o Ministério.

Os trabalhadores afetados pela decisão são obrigados a trabalhar, sob pena de sanções criminais.

“Nos próximos dias, veremos uma melhora muito significativa”, ainda que um “retorno à normalidade” possa levar “vários dias”, declarou o porta-voz do governo, Olivier Véran, em uma entrevista coletiva após uma reunião do Executivo liderada por Élisabeth Borne.

O governo alega que a direção já chegou a um acordo salarial com a maioria sindical do grupo, mas os sindicatos CGT e FO, organizadores da greve, consideram insuficiente o reajuste salarial acordado de 6,5% em 2023, acompanhado de diversos bônus.

Ao amanhecer, nesta refinaria de Gravenchon-Port-Jerôme, cerca de 50 trabalhadores grevistas votaram para redirecionar a greve para o pátio da fábrica, onde estão queimando paletes e sem presença policial nas proximidades, apurou a AFP.

“Iremos aos tribunais”

Embora no caso da TotalEnergies a empresa e os sindicatos ainda não tenham chegado a um acordo, os trabalhadores não estão isentos de eventual requisição.

Os funcionários de um depósito perto de Dunkerque, no norte, serão os próximos, acrescentou Véran.

O sindicato da CGT exige, neste caso, um aumento salarial de 10% em 2022 – 7% devido à inflação e 3% devido à distribuição de riqueza -, mas a administração desta empresa está aberta a negociar apenas o salário de 2023.

O grupo convocou uma reunião para esta quarta-feira com representantes sindicais, mas não com a CGT, já que eles pedem primeiro o fim da greve.

Em caso de requisição, “vamos entrar na Justiça”, alertou Eric Sellini, deste sindicato.

Forçar os grevistas a trabalhar é uma medida excepcional. O precedente mais importante remonta a 2010, quando o governo do presidente conservador Nicolas Sarkozy lançou uma requisição de trabalhadores de refinarias em greve por causa da reforma previdenciária.

Embora nos últimos dias o governo do liberal Emmanuel Macron tenha se limitado a apelar ao diálogo, finalmente decidiu ameaçar intervir em um momento em que está sob pressão, especialmente da oposição.

Extrema-direita e direita acusam a “falta de antecipação” do governo e apelam à ação, enquanto a esquerda critica as “ameaças aos trabalhadores”, em um contexto de inflação.

Outra crítica à TotalEnergies é sua recusa em distribuir parte dos US$ 10,6 bilhões em lucros do primeiro semestre de 2022 entre seus trabalhadores, em meio a um debate sobre se deve tributar os “superlucros” alcançados durante a crise energética.

Além da inflação, o contexto é, portanto, delicado na França com os apelos para economizar eletricidade e gás para evitar apagões durante o inverno, devido à guerra na Ucrânia e a problemas em metade dos reatores nucleares franceses.

Soma-se a isso um clima social tenso, devido a algumas reformas polêmicas que Macron quer realizar, incluindo o adiamento na idade de aposentadoria de 62 para 65 anos. Em sua primeira tentativa, a proposta já gerou protestos massivos em 2019 e 2020.

Fonte: Yahoo!

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