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O verão europeu começou não tem nem duas semanas e já enfrenta a que promete ser uma das piores, se não a pior, onda de calor de sua história do continente. França, Espanha, Itália e Portugal estão no coração do domo quente, mas praticamente todo o continente está com temperaturas elevadas até para o verão. Em Portugal, o termômetro marcou ontem 44°C em Beja, a maior do dia na Europa, segundo o Instituto Português de Mar e Atmosfera.
Mas em muitas cidades desses quatro países, a temperatura chegou a 42°C e não houve grande alívio à noite. Autoridades de saúde orientaram as pessoas a se manterem hidratadas, a se protegerem ficando em ambientes refrigerados e evitando sair às ruas nas horas mais quentes. Cuidados especiais devem ser dados a idosos e crianças pequenas, cujo sistema de regulação da temperatura corporal é menos eficiente e são mais vulneráveis a complicações.
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Exaustão e insolação
Especialistas recomendaram aos europeus ficarem atentos a sinais de exaustão pelo calor (que incluem suor excessivo, pele fria ou úmida, pulso acelerado ou fraco e desmaios) e insolação (que pode causar temperatura corporal acima de 39°C, pele quente, confusão mental e desmaios).
Também é importante manter crianças e animais de estimação frescos, monitorando sua atividade, oferecendo água e refrescando-os com toalhas molhadas.
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Paris entra hoje em alerta máximo, o vermelho, para o risco de problemas de saúde e morte por calor. O motivo de tanto e repetido calor é associado por consenso por cientistas às mudanças climáticas. Essas ondas de calor são como gigantescas bolhas quentes. Elas se formam associadas a sistemas de alta pressão, que empurram o ar para baixo e o esquentam por compressão. As bolhas — ou domos quentes — também bloqueiam a formação de chuva, tornam o ar cada vez mais seco, retroalimentando-se.
Sistemas meteorológicos são naturalmente duradouros, mas nos últimos anos sua persistência e poder têm aumentado bastante. Ontem, o secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a destacar que o calor extremo se tornou o novo normal. A expressão já virou clichê, mas não dá noção dos perigos de uma onda de calor, que de normal nunca terá nada. Não há definição de consenso do que seja uma onda de calor. A mais usual é que ela se caracteriza por ao menos três dias de temperaturas 5°C ou mais acima da máxima do período. O Sul da Europa deve sofrer com temperaturas de até 10°C acima da máxima registrada.
Nas últimas décadas, as ondas de calor se tornaram mais frequentes e intensas. E desde 2023 têm batido recordes e levado a emergências, como aumento de problemas de saúde, apagões e incêndios florestais. O Mar Mediterrâneo se tornou um gigantesco ofurô, e seu aquecimento turbina o calor. No domingo, ele registrou a temperatura superficial mais alta para um mês de junho, com média de 26,01°C, segundo dados do Serviço Europeu do Clima Copernicus.
— Nunca medimos uma temperatura média tão alta em junho durante o dia na Bacia do Mediterrâneo — frisou Thibault Guinaldo, pesquisador do Centro de Estudos em Meteorologia por Satélite, em Lannion, à AFP.
Esta é a primeira vez na História que praticamente todo o território da França continental é inteiramente afetado, informou a Météo-France, o serviço meteorológico francês. Cerca de 90% do país devem sofrer com calor escorchante.
— Não há precedentes de algo desta magnitude — disse a ministra da Ecologia da França, Agnès Pannier-Runacher.
Dois terços de Portugal estão na mesma situação de calor extremo. E na Espanha, desde o domingo, o termômetro tem superado com facilidade os 40°C. A agência de meteorologia espanhola, Aemet, disse que a população do centro e do sul da Espanha deve se preparar.
‘Nunca fico parada’
Pelo menos até o fim da semana, o termômetro deve se manter nas alturas na Espanha. A Aemet destacou uma das características que tornam ondas de calor particularmente perigosas: as noites são tão quentes quanto os dias, não dando ao organismo chance se recuperar.
A Itália está ligeiramente menos tórrida, com 39°C esperados em Nápoles e Palermo. Na Sicília e na Ligúria, estão proibidos trabalhos ao ar livre nas horas mais quentes.
— Tento não pensar nisso, mas bebo muita água e nunca fico parada, porque é nessa hora que você pode ter uma insolação —disse à AFP a estudante Sriane Mina, em Veneza, onde o calor beira os 40°C.
Também a Grécia tem registrado temperaturas acima dos 35°C e fechou atrações turísticas importantes, como Templo de Poseidon, para evitar exposição perigosa ao Sol.
Fonte: G1